A publicação no Facebook de fotos de crianças que frequentavam uma escolinha de Educação Infantil, na área central de Santa Maria, gerou grande repercussão desde o último final de semana. Os posts, feitos pelos próprios pais, mostram imagens das crianças com hematomas e afirmam que elas foram agredidas na escolinha.
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Em dois casos, as mães registraram boletins de ocorrência, que resultaram na abertura de um inquérito policial, instaurado na última segunda-feira. Na terça-feira, por meio de uma nota oficial (leia abaixo, na íntegra), a instituição negou qualquer tipo de agressão e disse que os pais de uma das crianças entraram no local e agrediram uma cuidadora.
Desde a última segunda, o Diário esteve na saída da escola e conversou com quatro pais que mantém os filhos no local. Em todos os casos, os filhos estão matriculados há cerca de três anos, e não há reclamações. Segundo a prefeitura, a Escola Piu Piu possui alvará de localização, mas responde a processo administrativo por ter sido autuada, na última segunda-feira, por não possuir alvará sanitário. O processo corre dentro do prazo.
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INVESTIGAÇÃO
Luiza Sousa, titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), informou que, até a tarde desta quarta-feira, ninguém havia sido intimado para depor e que a investigação ainda está no começo. Os depoimentos e o exame de corpo de delito devem ocorrer nos próximos dias.
– Ainda não temos nada. Irei oficiar o Ministério Público e a prefeitura. Em um dos casos, a mãe não quis encaminhar a criança à perícia, pois disse que não queria constrangê-la.
As versões para o caso são divergentes, e o Diário ouviu os envolvidos.
A VERSÃO DOS PAIS
Desde que os primeiros posts vieram à tona no Facebook, outros pais, que já não têm filhos na escola manifestaram descontentamento e relatos de negligência com as crianças na redes sociais.Segundo o relato da mãe de uma menina de 1 ano e 3 meses (os nomes não foram divulgados para que a criança tenha identidade preservada), a menina apresentava hematomas nas pernas e quando a cuidadora foi questionada, teria ficado sem reação. As informações constam na ocorrência policial.
Na tarde desta quarta-feira, o Diário tentou contato telefônico com a mãe, mas nenhuma das quatro ligações foram atendidas. No Facebook, na última sexta-feira, ela declarou sobre o suposto ocorrido com a filha:
"Ela chegou em casa com hematomas de alguém que apertou, bateu, isso aconteceu ontem ela estava ainda em adaptação na escola ia fazer duas semanas que estava frequentando, ela chora pra trocar a fralda e eu como mãe avisei elas disso pra ter cuidado e ir com calma até mesmo escrevi na ficha de cadastro em observação que ela chorava para se trocar, ela já tinha vindo pra casa com um roxo na perninha eu vi e achei estranho (...)".
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A VERSÃO DA ESCOLA
A escolinha existe desde 1999 e atende 25 crianças entre 5 meses e 4 anos. Desde a repercussão no Facebook, nenhuma matrícula havia sido suspensa, segundo a administração. A pedagoga e administradora da escola Drieli Giriboni Keller, 27 anos, contou ao Diário que a criança estava em fase de adaptação desde o dia 3 de julho. Segundo ela, na última sexta-feira, a mãe e o pai da menina entraram na escolinha perguntando quem era responsável pela troca de fraldas da filha. Assim que a cuidadora se apresentou, teria sido agredida a chutes e tapas e sofrido ameaças de morte. A cuidadora registrou ocorrência na Delegacia de Polícia de Pronto-Atendimento (DPPA).
– Estamos sendo ameaçados sem provas. Passam aqui na frente e gritam: monstros! No Facebook, dizem que vão colocar fogo – relatou Drieli.
Por meio de nota oficial, enviada pelo advogado Andrei Carlosso Guglieri, a escolinha informou:
"A Escola Piu Piu vem a público prestar os devidos esclarecimentos em relação aos fatos narrados em postagem pública na rede social Facebook, no dia 14 de julho de 2107, onde foram feitas acusações de agressões por parte de uma docente da escola.Durante os nossos 3 anos e meio anos de direção da mesma, nunca tivemos nenhuma notícia de qualquer caso parecido que tenha ocorrido com outra criança, pelo contrário, colecionamos pais que no decorrer do tempo em que estamos aqui acabaram se tornando amigos de nossa escola pela larga convivência e por terem a certeza de ter seus filhos tratados com o máximo respeito e zelo por sua integridade física e psicológica, em todos os níveis da modalidade de educação infantil que atendemos.Entendemos profundamente a preocupação e indignação dos pais, mas não podemos sob nenhuma hipótese protagonizar julgamentos antecipados sobre fatos que ainda não foram devidamente elucidados. Os hematomas mostrados nas fotos podem ter diversas origens, e afirmar que isso ocorreu em nossa escola por agressão física sem ter provas é uma atitude irresponsável que pode causar inúmeros e irreversíveis prejuízos psicológicos a todos os envolvidos, inclusive à vítima, por toda exposição.Não possuímos sistema interno de monitoramento, até porque nunca achamos que seria necessário, pois por não sermos uma escola tão grande em espaço conseguimos tranquilamente monitorar o trabalho de todos nossos colaboradores. Mesmo assim, já estamos providenciando sua instalação, principalmente para aumentar mais ainda a confiança dos pais que deixam todos os dias seus pequenos conosco.Ainda, não podemos permitir que atos de violência contra nossos colaboradores ocorram, principalmente dentro da escola, na frente das demais crianças, uma vez que assim estaríamos ensinando a elas que devemos resolver nossos problemas com violência, exatamente aquilo que não toleramos quando ocorre contra nossos filhos. Nesse sentido, sobre esse fato, a Escola Piu Piu também estará tomando as devidas providências, pois diferente da suposta agressão a criança, este foi visto e presenciado por diversas pessoas, e, inclusive, assumido publicamente.Por fim, reiteramos o máximo respeito e cuidado que temos com nossas crianças, auxiliando os pais para que se tornem adultos íntegros e que, assim como nós, persigam sempre a justiça e o respeito aos demais"