A empresa santa-mariense de tecnologia Cowmed, que monitora 35 mil vacas leiteiras em todo o Brasil e outros quatro países, vai receber mais de R$ 5,2 milhões em investimentos para ampliar sua área de abrangência e seu faturamento. O dinheiro vem da primeira venda de ações preferenciais por meio da plataforma Captable.
Segundo o diretor de operações da Cowmed, Leonardo Guedes, vários clientes da empresa, como a cooperativa Cotribá e uma das maiores fazendas leiteira do país, a Canto Porto, de São Paulo, com 1,8 mil vacas, estão entre os investidores. Alguns funcionários da Cowmed também compraram ações e se tornaram sócios da empresa.
– É bom ver que nossos clientes, como renome, e colaboradores estão apontando no nosso negócio. Desse dinheiro, que foi captado em menos de uma semana, 70% serão investidos no crescimento comercial e de marketing, 10% em desenvolvimento de tecnologia e novos produtos, e 20% na expansão de mercado na América Latina. Queremos ampliar a presença no Uruguai e Paraquai, onde já estamos, e entrar na Argentina e Colômbia. Em 2021, faturamos R$ 6 milhões, enquanto este ano, devemos faturar R$ 7,5 milhões. Com esse investimento e a expansão, nossa meta é atingir R$ 16 milhões em 2023. Nosso Ebitda (lucros antes de juros, impostos e depreciação) está em 30% – afirmou Guedes.
Além disso, a Cowmed já tem como clientes uma universidade nos Estados Unidos e outra no Canadá. Até março, serão enviadas 2 mil coleiras para focar na expansão nos Estados Unidos. Com a expansão, vão sendo gerados novos postos de trabalho. Na metade de 2021, por exemplo, eram 35 funcionários. Atualmente, são 50.
A Cowmed começou em 2012, na Incubadora Tecnológica da UFSM com o nome Chip Inside, pois era focada em vender as coleiras. Anos depois, mudou o foco e passou a oferecer o serviço de monitoramento online de vacas leiteiras, com o nome virando Cowmed. Atualmente, está com a sede na Faixa Nova de Camobi, e há funcionários com base em polos leiteiros, como Castro (PR) e Goiânia (GO), além de representantes em vários Estados.
– Nós só não temos clientes no Amazonas e algum outro Estado que não tenha bacia leiteira – orgulha-se Guedes.
O que faz a coleira
Sensor de movimento – A tecnologia da Cowmed tem uma coleira com sensor de movimento e conexão sem fio, que monitora a vaca e envia os dados em tempo real para a empresa, que faz a análise por meio de sistemas de computador
Saúde e produção de leite – Com base nos movimentos captados, o software sabe quanto tempo a vaca se alimentou, descansou e ficou ofegando ou ruminando (ato de regurgitar e mastigar novamente o alimento). A partir disso, consegue saber se o animal está saudável ou doente. O sistema envia uma mensagem de alerta ao produtor rural antes mesmo de a vaca ter algumas doenças, como pneumonia. Dessa forma, o pecuarista consegue tratar o animal de forma mais rápida, gastando menos e tendo menos perdas de produção de leite, por exemplo
Ofegante e produzindo menos leite – A partir do nível de agitação e ofegação respiratória do animal, o sistema avalia se a vaca está sofrendo com o calor, o que faz com que ela coma menos e produza menos leite. O software, então, avisa o pecuarista para tomar medidas para melhorar o conforto térmico do animal para garantir maior produtividade
Alerta de cio – Outro alerta importante do software da Cowmed é o que avisa o pecuarista quando a vaca entra no cio (o que é detectado pela coleira), para que ele faça a inseminação. Como o período do cio é rápido e difícil de ser detectado, muitas vezes o pecuarista perde o período certo de inseminação. Isso reduz a quantidade de leite produzida e a taxa de natalidade, com menos bezerros sendo gerados