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Cortes do governo Bolsonaro também devem atingir militares

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Foto: Renan Mattos (Diário)

Em Santa Maria, as duas maiores instituições ligadas ao governo federal - Exército e UFSM - compartilham de uma mesma realidade: o risco de um corte iminente, já a partir do próximo mês, em decorrência do contingenciamento que o governo federal tem promovido frente ao quadro de restrição orçamentária. No Ensino Superior, por exemplo, o começo do ano tem sido de cobertor curto e de possibilidade real de uma pane no funcionamento da universidade, já a partir de setembro, uma vez que há mais de R$ 70 milhões retidos pela União. Agora, ao que tudo indica, esse cenário pode ser replicado junto aos militares.  

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Nem mesmo o fato de ser o segundo contingente do país, com quase 10 mil militares e mais de 20 organizações, dá tranquilidade à caserna. Oficialmente, as falas que saem dos quartéis vão na mesma linha: a da normalidade mantida. Mas, nos bastidores, o discurso vai em sentido oposto e dá contornos de tempos que remontam a outros governos que também fizeram cortes nas Forças Armadas. Foram os casos de 2002 e de 2012, nos governos do PT.

Até ontem, por enquanto, não se teve, nas guarnições da cidade, redução de expediente ou sinalização de dispensa dos recrutas que ingressaram em outubro.

SEM NOVIDADES
Na última sexta-feira, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou que "o Exército vai entrar em meio expediente (...) e que não tem comida para o recruta". Um dos militares de alta graduação do Exército da cidade - que pediu para ter o nome preservado - afirmou que a tendência é que o último trimestre deste ano seja, no mínimo, "angustiante".

- Já tivemos tempos difíceis em outros governos e isso (de contingenciamento) não é nenhuma novidade. São, infelizmente, fases que vem e vão. A prova deste (governo) está aí e basta olhar para todos os lados: cortes em todos os ministérios e, é claro, que o Exército brasileiro será afetado em maior ou menor grau. A diferença dele (Bolsonaro) para os demais (presidentes) é que ele fala. E já está dito. Ou seja, teremos que nos preparar (para os cortes) - disse o oficial.

O comandante da Ala 4, coronel Élison Montagner, afirmou, ontem, não haver, até o momento, nenhum comunicado ou indicativo de que um contingenciamento esteja por ser anunciado na Aeronáutica:

- Não há, até onde eu sei, nenhum indicativo de redução de expediente, de corte de pessoal ou, por exemplo, de dispensa de recrutas. Inclusive, os recursos seguem sendo aportados, sem qualquer alteração, desde 2018 para nós. Ou seja, está tudo mantido e sem qualquer alteração.

Para reforçar a normalidade dentro da Ala 4 - que tem 1,5 mil militares -, o coronel lembra que na base aérea há, hoje, duas obras que, juntas, somam R$ 6,5 milhões. São elas: a ampliação do pátio do aeroporto (R$ 5 milhões) e a modernização da iluminação da pista (R$ 1,5 milhão). Conforme o coronel Montagner, a Ala 4 representa um impacto de R$ 110 milhões na economia local com o pagamento de salários e compra de suprimentos, por exemplo.

AJUSTE NECESSÁRIO, MAS SEM "SACRIFÍCIO"
A reportagem tentou, na segunda-feira, conversar com o general de divisão Mauro Sinott Lopes, que comanda a 3ª Divisão do Exército (3ª DE), em Santa Maria - unidade que abrange o maior aporte de blindados do país -, mas ele não pôde falar com a reportagem sobre o anúncio de cortes. O Diário, contudo, ouviu pessoas ligadas a diferentes unidades do Exército, que se mostraram conflitantes quanto à possibilidade de um ajuste de contas dentro das unidades militares da cidade.

Um deles disse "ser impensável que um presidente, oriundo dos meio militar, vá sacrificar o Exército". Entendimento oposto ao de outro comandante, que afirmou "que, a exemplo do que se viveu no passado, o Exército terá de se ajustar e fazer sua parte" frente às restrições orçamentárias.

O TAMANHO DA REPRESENTATIVIDADE

  • Santa Maria tem mais de 20 unidades militares
  • Elas, juntas, somam mais de 9,5 mil militares
  • Mais de R$ 550 milhões/ano são movimentados com folha de pagamento e compras (de suprimentos) e terceirizados
  • A "família militar" chega a 20 mil pessoas na cidade

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