Corpo de Bombeiros do Bairro Pinheiro Machado deixa de atender casos de incêndio na Região Oeste

Laura Gomes e Bibiana Pinheiro

Foto: Beto Albert (Diário)

A estação do Corpo de Bombeiros do Bairro Pinheiro Machado, em Santa Maria, não está mais atendendo ocorrências de incêndio na Região Oeste. Isso porque, diante da redução das estruturas de batalhões no Estado, a unidade passou a não ter mais caminhões de combate a incêndio. 

Atualmente, tem apenas um veículo, uma ambulância destinada para busca e salvamento com auxílio de cães e com mergulhadores.

Na prática, as ocorrências da Região Oeste estão sendo atendidas pela equipe do Centro, situada na Rua Coronel Niederauer. Segundo relatos de moradores, isso impacta a comunidade, que precisa esperar mais tempo para ser atendida. Líderes comunitários afirmam que foram informados sobre a situação há cerca de um mês. Os representantes também destacam que a região tem grande concentração de pessoas e precisa que esse serviço fique alocado nas áreas próximas.

Na sessão da Câmara de Vereadores da última terça-feira (20), o vereador Adelar Vargas (MDB), Bolinha, demonstrou preocupação com a situação.

– Preocupa porque a Região Oeste tem mais de 80 mil habitantes, tendo que ir o caminhão do Centro se acontecer um sinistro naquela região. Vamos procurar informações porque, segundo algumas pessoas, (a unidade) é para uso de canil para os cães. Tranquilo, é normal. Mas a Região Oeste não pode não ter o Corpo de Bombeiros para fazer a agilização dos sinistros – disse.

As ocorrências serão atendidas da mesma forma, reforça o comandante do 4º Batalhão de Bombeiro Militar, tenente-coronel Rafael Gonçalves Pereira. A diferença é que sairá do quartel central, explica:

– O mais importante, é que a comunidade não fique assustada, pois não deixamos de atender os incêndios naquele região, apenas a guarnição do combate a incêndio está saindo do quartel central. Nossa tentativa, inclusive, é que sempre que houver efetivo disponível, conseguiremos alguns dias da semana escalar uma guarnição destacada naquele quartel (do Pinheiro Machado).

O tenente-coronel ainda complementa que o atendimento à região do Parque Pinheiro ocorre há bastante tempo e que os estudos técnicos demonstram deslocamento entre 6 e 8 minutos para chegar na Nova Santa Marta, por exemplo. Segundo ele, essa é uma excelente resposta.

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O que diz o Corpo de Bombeiros

Em nota, a entidade explicou que, diante de um "enxugamento das estruturas administrativas", os batalhões vão seguir atuando com foco em ações operacionais. O Corpo de Bombeiros também informou que o tempo de resposta para atendimento da região ficará "dentro dos parâmetros" e que o serviço não perderá qualidade e agilidade.

Leia a nota na íntegra

"O Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Sul informa que as mudanças ocorridas na região de Santa Maria têm como origem a adequação às Regiões Integradas de Segurança Pública – RISP. Criadas no ano de 2023, as RISP visam a maior integração entre Corpo de Bombeiros, Brigada Militar, Polícia Civil e demais órgãos de segurança, fazendo parte do Programa RS Seguro. 

O principal reflexo decorrente das alterações será a otimização dos serviços da Corporação, uma vez que haverá um enxugamento das estruturas administrativas, permitindo que os Batalhões de Bombeiro Militar estejam integralmente voltados às ações operacionais. Tal aprimoramento fará com que o atendimento à população, em ocorrências e no licenciamento e fiscalização em segurança contra incêndio, seja realizado com maior qualidade e agilidade, atendendo aos princípios da eficiência e economicidade da Administração Pública. 

No caso do Pelotão de Pinheiro Machado, com as novas adequações, estará atuando com as atividades específicas de busca e salvamento, quais sejam, busca com cães e mergulho, tudo isso visando otimizar e melhorar a prestação do serviço de bombeiro à comunidade santa-mariense. No entanto, isso não afeta, de maneira alguma, a prestação do serviço de combate a incêndio ou qualquer acionamento de urgência e emergência do Corpo de Bombeiros Militar, pois a região segue sendo atendida pelo Pelotão da Sede, Santa Maria, com tempo resposta dentro dos parâmetros".

Moradores estão em busca de solução 

A Região Oeste do município contempla várias comunidades. Só no Bairro Nova Santa Marta há cerca de 32 mil moradores. A concentração populacional e as condições de muitas moradias são agravantes sem o serviço, segundo indica o presidente da Associação da Nova Santa Marta, Leonel Pacheco. Ele só soube do fim dos serviços há pouco mais e um mês. 

– Temos essa grande demanda de casas, que não têm uma boa infraestrutura. A maioria das casas é de madeira. No verão, os bombeiros são sempre solicitados. Se pegar fogo, a coisa anda logo. E, quando o caminhão tem que se deslocar lá do Centro, fica muito mais difícil – afirma.
Nas contas de Pacheco, um morador demora cerca de 20 a 25 minutos para sair do Centro até a Nova Santa Marta com o trânsito normal. O tempo aumenta nos horários de pico. O líder comunitário alerta para o transtorno e a demora no atendimento a uma parte considerável dos santa-marienses.

A preocupação é a mesma no Bairro Tancredo Neves e nas comunidades próximas – Monte Bello, Canaã, Cipriano da Rocha, Piratini e Pinheiro Machado. Em conjunto, os bairros somam cerca de 80 mil pessoas, conforme o líder comunitário da Associação da Tancredo Neves, Cezar Papagaio. Para ele, as áreas desocupadas também demandam atenção:

– Uma das preocupações é o mato na beira da faixa. Está muito seco. Sabemos que qualquer faísca pode ser um estopim. Além das pessoas que colocam fogo. Esses dias, tocaram fogo aqui na entrada da BR-158, próximo ao fim da linha de ônibus.

Reivindicações 

Neste meio tempo, desde que as lideranças tiveram conhecimento sobre as mudanças, buscaram organizar reuniões com o poder público. A reivindicação é o retorno do caminhão de combate a incêndio para atender a região.

– É lamentável que o Estado esteja restringindo essa infraestrutura na área de combate a incêndio – problematiza Leonel Pacheco.

O líder comunitário acredita ser necessário conversar com o governo estadual para respostas ao problema. Já Cezar Papagaio tenta uma solução localmente.

– Acho que se cada um der um empurrãozinho, conseguimos trazer um caminhão de volta para cá – afirma o líder comunitário do Bairro Tancredo Neves.

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