Conheça a história de dois trabalhadores que há mais de 50 anos se dedicam ao funcionalismo público em Santa Maria


Santa Maria tem na sua base econômica o funcionalismo público. São servidores federais, estaduais e municipais. Também se somam os funcionários públicos do Poder Judiciário e do Exército e Aeronáutica, entre outros. Para se ter uma ideia, na UFSM são 2.068 docentes e 2.501 técnicos administrativos em educação, totalizando 4.569 funcionários públicos. Já na prefeitura de Santa Maria são 3.832 servidores, sem contar os cargos comissionados.


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São muitos os servidores que trabalham e residem em Santa Maria, mas poucos têm tanto tempo de trabalho dedicados ao funcionalismo público como Emir Souza e Silva, 73 anos, e Salvador Rodrigues, 74, que trabalham há mais de 50 anos na UFSM e na prefeitura respectivamente.


50 anos não são cinco meses. São décadas de histórias dos locais, pessoas que conheceram ao longo dos anos e as mudanças pessoais na vida de cada um. E Emir e Salvador viram muita coisa mudar, e também ajudaram nessa transformação.


Tanto Emir quanto Salvador começaram prestando serviços e foram ficando, até serem incorporados ao quadro de servidores. À época, os concursos públicos não eram obrigatórios. A porta de entrada de ambos no funcionalismo público foi por meio do trabalho, muito trabalho pesado. 


Foto: Nathália Schneider (Diário)


Emir Souza e Silva é natural de Uruguaiana e ainda na infância foi morar em Alegrete com a família. A vinda para Santa Maria se deu por conta do irmão, que o recomendou para um trabalho na recém-nascida UFSM, fundada em 1960. Recebeu um trabalho aqui, outro ali, até que se instalou de forma definitiva no município.  


Foto: Letícia Klusener


Salvador Rodrigues, natural do então distrito de São Martinho, é o servidor mais antigo da prefeitura. Veio para Santa Maria aos 6 anos de idade. Agora, com 74, ocupa o cargo de operador de máquinas rodoviárias. Foi de trabalho em trabalho até ser contratado em definitivo. 


Nestes anos todos de trabalho, eles assistiram muita coisa mudar em Santa Maria e na UFSM. Emir viu o Hospital Universitário de Santa Maria (Husm) ser construído. Já Salvador não só viu como trabalhou na construção de um dos maiores cartões postais de Santa Maria, o parque Itaimbé, construído na década de 1980.


– Este local um dia foi só sanga e mato. Eu vi isso aqui ser construído, lembro das tubulações sendo colocadas, o encanamento do local. Foi uma mudança bem grande. 



Antes de ingressar na função de hoje – operador de máquinas rodoviárias –, Salvador trabalhou na borracharia, como auxiliar de pedreiro, entre outras ocupações. Há 16 anos ele está no setor de semáforos, lotado na Secretaria de Mobilidade Urbana.


Já Emir, desde que ingressou na UFSM, nunca saiu do Departamento de Fitotecnia. O trabalho, porém, se alterou ao longo dos anos. Quando começou “trabalhava na rua”, como ele explica, cuidava da manutenção de equipamentos, como trator. Agora, ele auxilia no setor administrativo do departamento, como reserva de salas, equipamentos e também ajuda em viagens. Quando alguém precisa sair, é ele quem conduz o carro da instituição. 


Passado e futuro

Questionados sobre o que falariam para os seus “eu” do passado, eles ressaltam que não mudariam nada, tudo que passou foi importante para a construção de quem são hoje. Além do mais, o trabalho que desempenharam durante todos os anos e as relações que construíram é motivo de orgulho: 


– É uma mudança da água para o vinho. Do que eu vi, de quem eu era, quando entrei e de como é e sou agora. O tamanho da universidade não mudou, da área física, mas a questão da estrutura de hoje é espetacular. As pessoas que vêm de fora, professores que vêm trabalhar aqui por um período, falam sobre como a universidade é linda e organizada. Sou orgulhoso de ver e presenciar todas essas mudanças. 


Foto: Letícia Klusener


Sobre o que pode reservar o futuro, os dois não possuem respostas. Salvador, a partir de 1° de novembro de 2023, passará a ter mudanças no dia a dia. A comemoração do dia do servidor deste ano é ainda mais especial, porque ele irá se aposentar. E, apesar de estar contente, afirma que irá sentir muita falta da rotina:


– Eu sempre me dei muito bem com todo mundo. Com os colegas, com aqueles que foram meus chefes e também com as pessoas que a gente encontra ao longo do trabalho, no dia a dia. Mas uma hora precisamos parar. Gostaria de continuar, mas preciso parar. Pretendo ficar pela cidade, gosto daqui. Quem sabe viajar com meu filho que é caminhoneiro. Mas o meu desejo é ficar por aqui mesmo. Caminhar pela cidade, conhecer novos lugares. 


Foto: Nathália Schneider


Emir segue com a rotina até quando conseguir. O desejo também é de não parar, mas sabe que a hora vai chegar: 


– Me senti bem, gostei e permaneci. Não sei como vai ser minha vida fora da universidade ou do serviço público. Não pensei nisso até o momento, o dia que não estiver mais aqui, servindo. Além do tempo de serviço, está contando também o peso da idade. E o desejo de estar presente neste trabalho é o mesmo, como lá no início da minha carreira – se emociona ao contar o funcionário da UFSM. 


Dia do servidor

No dia 28 de outubro é comemorado o Dia do Servidor Público, data que foi decretada pelo então presidente do Brasil Getúlio Vargas, em 1943.


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