reportagem especial

Com a magrela para trabalhar, estudar, passear

Pâmela Rubin Matge


Foto: Renan Mattos (Diário)

Há 14 nos sobre a mesma bicicleta, o pedreiro Dalcionei Cavalheiro, 47 anos, vai da casa onde mora, na Vila São João, até o Bairro Nossa Senhora de Lourdes, onde trabalha, pedalando. São cerca de 12 km. Depois das 17h30min, o itinerário inclui ir até a Escola Estadual Maria Rocha, onde estuda a filha Camila Corrêa Cavalheiro, 17 anos. Com Camila na garupa, ambos seguem caminho. Aos finais de semana, o meio de transporte é o mesmo. Seja para visitar parentes, fazer compras ou ir até o centro da cidade.

Ainda que Cavalheiro esteja acostumado, não é fácil driblar a pavimentação esburacada e a falta de educação de alguns condutores de veículos em Santa Maria. Na ausência de ciclovias no percurso que ele faz, a atenção é redobrada. Motivos não faltam. Há cerca de uma década, sofreu um acidente quando um veículo acertou em cheio a bicicleta em que andava. Ele descia a Avenida Borges de Medeiros quando foi atingido. Chegou a ser hospitalizado, mas não teve ferimentos graves.

- Pedalo desde guri, quando morava no interior de São Martinho da Serra. Quando casei e vim para Santa Maria, segui pedalando. O perigo são os outros, que tocam o carro por cima e as ruas estreitas, com ciclovias longe do Centro. Dos pneus e da correia da bicicleta, estou sempre cuidando. E a pedalada é boa porque a gente se força a fazer um exercício, não fica só parado, engordando, e até poupo um dinheirinho. Já assinei uns papéis na firma, que é para não me descontarem o vale-transporte - argumenta o pedreiro.


Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)

Em poucos quilômetros, no Bairro Camobi, o mestrando em Engenharia Florestal Gian Carlos Poleto, 23 anos, depara com duas realidades distintas. De casa ao laboratório onde estuda todos os dias, no campus da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), o deslocamento é tranquilo. Sobretudo, dentro da universidade, que dispõe de áreas adequadas para quem usa bike. Quando, fora de hora, precisa ir ao mercado ou a qualquer outro lugar, a situação se complica: a cidade não é projetada com espaços para ciclistas. À noite, a iluminação precária dificulta ainda mais

O estudante, que é natural da cidade de Nova Ramada, região noroeste do Estado, e se formou no campus da UFSM de Frederico Westphalen, vive em Santa Maria há dois anos. Ele conta que, assim que se mudou para a cidade, tratou de comprar uma bicicleta:

- É meu único meio de transporte, não largo nem na chuva. Para mim, é questão de economia, além de ser saudável. Mas é preciso se cuidar dos carros, e, à noite, as ruas são mal iluminadas. Eu até sei que precisaria ter o equipamento (refletores e capacete), mas não uso. O único lugar que me sinto seguro é dentro da universidade.

ESTA REPORTAGEM FAZ PARTE DO ESPECIAL SOBRE CICLISMO EM SANTA MARIA. CLIQUE AQUI E ACESSE O MENU PRINCIPAL 

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