plano diretor

Coletivo faz ato público em defesa do patrimônio histórico de Santa Maria

Suellen Soares

Foto: Suelen Soares (Diário)
O presidente do Conselho Municipal de Política Cultura Orlando Fonseca realizou a leitura do manifesto

Na manhã deste sábado dezenas de pessoas estiveram reunidas no espaço onde está localizada a tenda da Kiss, na Praça Saldanha Marinho para um manifesto em defesa do Patrimônio Histórico de Santa Maria. Um coletivo formado por diversos segmentos, distribuiu o manifesto divulgado por eles na quinta-feira e externou a sua preocupação com o acervo arquitetônico da Cidade Cultura. Assinam o manifesto Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB-RS), Conselho de Arquitetura e Urbanismo, Conselho Municipal de Patrimônio Histórico e Cultural (Comphic), Conselho de Políticas Culturais, União das Associações Comunitárias (UAC) e Associação de Moradores da Vila Belga.

Toda esta mobilização é consequência da discordância do coletivo, após revisão do Plano Diretor - lei que muda as regras de planejamento, construção e organização urbana de Santa Maria pelos próximos 10 anos, sancionado há pouco mais de uma semana pelo prefeito Jorge Pozzobom. Na mesma data, o prefeito assinou um decreto e uma o Comphic emitiu uma lista dos 135 prédios da cidade com o tombamento provisório. Em reportagem especial neste final de semana, o Diário mostra a fachada dos prédios e onde eles estão localizados na cidade .
 - É um grupo heterogêneo que se organizou durante esta semana e mais pessoas foram se agregando a causa. Nós estamos realmente preocupados com os riscos de  perder estas construções - comenta a presidente do IAB Santa Maria, a arquiteta Lidia Gomes Rodrigues.

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O presidente do Conselho Municipal de Política Cultural Orlando Fonseca fez a leitura do manifesto e destacou os cinco eixos de ação do coletivo. Entre eles, o apoio ao Conselho Municipal de Patrimônio Histórico e Cultural (Comphic) e a realização de um inventário que possibilite ampliar a lista de 135 prédios, a partir de um inventário técnico que aponte os valor histórico e arquitetônico dos imóveis.  

- Esse é o único poder que a sociedade civil tem, o da fala, do argumento. A ideia de desenvolvimento em muitas cidades e países passa pela valorização dos seus centros antigos e a história de Santa Maria começou a partir desta região. Nós não podemos ver a memória da cidade ser apagada - ressalta Fonseca.  

DOCUMENTÁRIO SOBRE ART DÉCO 
O jornalista e integrante do coletivo Marcelo Canellas analisa que toda esta movimentação tem o objetivo de garantir que a identidade da cidade não se perca, principalmente porque referências como os prédios que formam o conjunto Art Déco - o segundo maior patrimônio em via contínua do mundo -, pode ser modificado ou até mesmo destruído. Canellas doou o sobrado da Rua Floriano Peixoto, esquina com a Rua Ernesto Beck, ao projeto da TV OVO. O prédio foi tombado no início de julho.  

- É preciso que o Estado cumpra com as suas responsabilidades, no sentido de que reconheça o potencial que essas edificações possuem. Se perdermos esse patrimônio será um vexame internacional - argumenta o jornalista. 

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Canellas adianta, que um documentário já está sendo produzido por ele e pela TV OVO. A produção irá mostrar o acervo art déco e todo o processo após a sanção do Plano Diretor.

- Nós vamos mostrar todo esse processo até a assinatura da votação final de uma lei que realmente proteja esse acervo - finaliza Marcelo Canellas.

O MANIFESTO
"COLETIVO EM DEFESA DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E CULTURAL DE SANTA MARIA
SANTA MARIA, PATRIMÔNIO ART DÉCO DO BRASIL

Manifesto em defesa de um tesouro arquitetônico ameaçado
Preocupados com os riscos que corre o significativo acervo arquitetônico de nosso centro histórico, vimos a público anunciar nosso repúdio aos encaminhamentos que decorrem das mudanças no Plano Diretor da cidade. Ao mesmo tempo, tornamos manifesta nossa intenção de defender a proteção dos valores culturais de Santa Maria. ?

Uma cidade não se desenvolve apenas pela expansão em termos econômicos, pela abertura de novas ruas, implantação de novos empreendimentos, construção de novos prédios. Também vai-se tornando grande e promissora, pelo permanente progresso cultural de sua gente. Se os índices materiais dão a feição da cidade, a cultura é a sua alma. Não é eliminando os vestígios do passado que vamos dar uma cara nova a Santa Maria, simplesmente estaremos eliminando de sua essência o que a torna viva: a memória da construção de sua identidade.

Para que se possa ter efetividade na condução de políticas públicas, é preciso estimular nos santa-marienses a sua autoestima cidadã. Para cuidar da cidade, ajudar a manter sua beleza e fazê-la crescer, é preciso fomentar a ideia de pertencimento, de amor por este lugar de convívio. Amar implica conhecer: as pessoas não esquecem o que amam, e só amam de verdade o que conhecem.

Embora o efeito deletério das mudanças do Plano Diretor sobre o patrimônio arquitetônico do Centro Histórico de nossa cidade tenha sido amenizado pelo decreto do Prefeito Municipal, não há segurança de sua efetiva proteção. Diante da real possibilidade de que sejam postos abaixo não apenas o maior acervo arquitetônico em Art Déco, em via contínua, na América Latina, mas também inúmeros outros monumentos da história desta cidade, erguemos nossa voz, impregnada do afeto que temos por Santa Maria. Para tornar efetiva e consequente esta luta que começa aqui, hoje, propomos como eixos de ação:

1) Todo apoio ao Comphic.

2) Pela defesa da lista provisória dos 135 imóveis tombados.

3) Por um inventário técnico sobre o valor histórico-arquitetônico dos imóveis antigos da cidade com a possibilidade de ampliação da lista.

4) Pela imediata discussão ampla e democrática de uma nova lei municipal de proteção ao patrimônio histórico, arquitetônico e cultural

5) Pela criação de mecanismos de venda de potencial construtivo para que os proprietários sejam amparados pela prefeitura e tenham recursos para restaurar seus imóveis.

Apelamos para a consciência das autoridades para que não se deixem levar pelas urgências do presente. Convidamos a todos os santa-marienses para que se juntem a nós nessa luta em favor da nossa memória e a garantia de nossa identidade no futuro. Hoje construímos história, e a história que construímos coletivamente deve ter solidez, para não ser posta abaixo amanhã pela insensatez ou pela ganância de interesses particulares. Somos todos Santa Maria, hoje e sempre."

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