Caso Gabriel: inquérito da PC conclui que PMs suspeitos cometeram homicídio doloso triplamente qualificado

Maurício Barbosa

Caso Gabriel: inquérito da PC conclui que PMs suspeitos cometeram homicídio doloso triplamente qualificado
Caso foi investigado pela Polícia Civil de São Gabriel e apontou o crime cometido pelos policiais. Foto: Divulgação

Em uma coletiva de imprensa na tarde desta quinta-feira (1º), o chefe da Polícia Civil, delegado Fabio Mota Lopes, anunciou a conclusão dos trabalhos e o envio do inquérito do Caso Gabriel à Justiça Estadual de São Gabriel. A investigação aponta homicídio doloso triplamente qualificado, por motivo fútil, tortura e com recurso que dificultou defesa da vítima. Com isso, os três policiais militares suspeitos (os soldados Cleber Renato Ramos de Lima e Raul Veras Pedroso, e o sargento Arleu Júnior Cardoso Jacobsen) foram indiciados pela morte do jovem Gabriel Marques Cavalheiro, 18 anos.

O delegado José Bastos, titular da Delegacia de Polícia de São Gabriel e que coordenou as investigações, também falou sobre o trabalho realizado. Porém, ao longo da entrevista coletiva de ontem, na Capital, não foram divulgados novos detalhes da investigação.

– Temos três qualificadoras e o laudo aponta a causa da morte. Se o corpo do Gabriel foi colocado depois no açude ou não, nós ainda não sabemos. A morte aconteceu em decorrência das ações que aconteceram no início da abordagem – explica Lopes.

Leia mais sobre o Caso Gabriel:

Diário tem acesso a inquérito e laudo de necropsia, que apontam novos detalhes da causa da morte de GabrielPoliciais Militares trocaram mensagens sobre possível morte de Gabriel após agressões“Eu sinto nojo. Eles acabaram com tudo, destruíram a nossa família e o sonho dele”, desabafa irmã de Gabriel após divulgação da causa da morte do jovem

O delegado José Bastos afirma que o que relataram as testemunhas e o que o laudo apontou representam claramente o que aconteceu. Ainda conforme ele, não foi possível apontar a hora da morte devido ao avançado estado de decomposição do corpo do jovem.

– Nós temos relatos da investigação policial de que Gabriel foi agredido com um tapa, em seguida, com golpes de cassetete, e colocado contra a vontade dentro da viatura. Essas ações estão constatadas e fecham conforme o que aponta o laudo da perícia – explica Bastos.

A agressão ao jovem teria acontecido após ele ter desacatado um dos policiais no início da abordagem, afirma o delegado Bastos. Ele explica que diversas diligências foram feitas e que as investigações mostraram como tudo aconteceu.

– Após ser desacatado, o policial dá um tapa em Gabriel e ele cai no chão. A abordagem durou aproximadamente 10 minutos. Um terceiro policial abordou uma testemunha que também estava no local. Todos os policiais que participaram da abordagem aceitaram a conduta do policial que abordou e agrediu a vítima. Não existe nenhum indício de que algum dos outros policiais tenha se negado a participar das ações. Nós estamos investigando o crime de homicídio. A ocultação de cadáver, como é um crime militar, está aos cuidados da investigação militar. A gente sabe que ele foi deixado em uma estrada que quase não é habitada e às margens da barragem – diz Bastos.

A polícia não descarta a possibilidade de fazer uma reconstituição do crime, o que poderá ser juntado ao processo futuramente, se o Ministério Público fizer a denúncia e o Judiciário abrir a ação criminal. Também são aguardados os resultados de exames de DNA no sangue humano encontrado em duas viaturas, a dos PMs presos e a de outros policiais, para saber se é sangue do jovem Gabriel ou não. O laudo de DNA deve ser concluído em 15 dias e encaminhado à Justiça.

As defesas

Segundo uma testemunha, teria sido o policial Raul Veras Pedroso que deu três golpes de cassetete em Gabriel. O Diário tentou contato com a advogada Vânia Barreto, que defende os policiais Cleber Renato Ramos de Lima e Raul Veras Pedroso, mas ela não atendeu às ligações nem respondeu as mensagens.

O advogado Mauricio custódio, que representa o sargento Jacobsen segue afirmando que o cliente é inocente e não participou de nenhuma agressão a Gabriel. Além disso, ele afirma que há muita contradição nas investigação.

O caso

Gabriel Marques Cavalheiro, 18 anos, desapareceu por volta da meia-noite do dia 12 de agosto, no Bairro Independência, em São Gabriel. Segundo o relato de uma moradora, ela teria chamado a Brigada Militar (BM) após o jovem ter forçado a grade da casa dela e tentado entrar no local. Policiais foram até o endereço, abordaram, algemaram Gabriel e o colocaram no porta-malas da viatura. Depois disso, o jovem não foi mais visto.

O corpo dele foi encontrado dia 19 de agosto, em uma barragem na região conhecida como Lava pé. Os três policiais (Arleu Júnior Cardoso Jacobsen, Cleber Renato Ramos de Lima e Raul Veras Pedroso) que abordaram o jovem foram presos na sexta-feira (19) a noite e estão no presídio militar em Porto Alegre desde então. Eles já foram interrogados pela Polícia Civil e pela Justiça Militar e as defesas negam agressões e assassinato. O Inquérito Policial Militar foi remetidoo à Justiça Militar dia 29, e encaminhado ao Ministério Público (MP) dia 30.

Timeline Caso Gabriel de Diário de Santa Maria

Leia mais sobre o Caso GabrielLeia todas as notícias

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Avenida Tênis Clube divulga programação para a Semana Farroupilha Anterior

Avenida Tênis Clube divulga programação para a Semana Farroupilha

Jovens são presos por tráfico, receptação de veículo, porte ilegal de arma de fogo e corrupção de menores em Santa Maria Próximo

Jovens são presos por tráfico, receptação de veículo, porte ilegal de arma de fogo e corrupção de menores em Santa Maria

Geral