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Carnaval adiado ou cancelado: cidades da região ficam sem folia pelo segundo ano

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Foto: Lesca (Divulgação)
Cruz Alta tem tradicional desfile de escolas de samba

O aumento de casos de coronavírus nestes dois primeiros meses de 2022 fez com que municípios da Região Central decidissem cancelar ou adiar as festas de Carnaval. É o segundo ano sem a folia, que, além de diversão, costumava movimentar a economia local em cidades com eventos tradicionais.

Cruz Alta, que tem um dos maiores desfiles de escolas de samba do Estado, sempre realiza a festa fora de época. Neste ano, a folia estava marcada para março. Em uma reunião nesta terça-feira, a Liga Independente das Escolas de Samba de Cruz Alta (Lesca) decidiu pelo adiamento para os dias 12 a 14 de maio. 

- O entendimento é de que tivemos um aumento significativo de casos de Covid-19. Até maio, esperamos que haja uma redução. Já começamos a montagem dos protocolos. A ideia é que haja uma diminuição das estruturas e capacidade de público. As próprias escolas também vão rever a quantidade de componentes - explica Lucas Kryzozun, presidente da Lesca. 

A decisão foi tomada junto da prefeitura e da empresa CR Eventos, contratada para organizar o Carnaval na cidade. O último desfile foi em 2019. Em março de 2020, a festa já estava organizada e todos os ingressos foram vendidos, mas o evento foi cancelado de última hora, logo após os primeiros registros da Covid-19 no Brasil e os decretos de suspensão de atividades. 

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O Carnaval de Cruz Alta atrai espectadores de diversas cidades para assistir às apresentações. Profissionais de São Paulo e Rio de Janeiro costumam participar do evento. O Carnaval fora de época reúne cinco escolas de samba do grupo especial, mais os blocos de rua. Cruz Alta é a única cidade da região que ainda realiza desfiles de escolas de samba.

- Movimenta setores de serviços, hotelaria, costureiros, ferreiros, soldadores, pessoas que tiram suas rendas na época do Carnaval. Além do comércio em geral, que vende materiais para confecção de carros alegóricos e fantasias. Neste anos, as escolas vão reaproveitar muitos do materiais que já estavam prontos desde 2020 e não foram usados - afirma o presidente da Lesca. 

Os desfiles ocorrerão no Sambódromo Mestre Vidal, no Parque Integrado de Exposições, às margens da BR-158. Em épocas normais, o evento reunia de 15 a 25 mil pessoas durante três noites.

CARNAVAL DE CLUBE MAIS ANTIGO DO BRASIL

Em Lavras do Sul, município de 7,8 mil habitantes, o bloco dos Relaxados, com 92 anos desde a fundação, carrega o título de bloco de salão mais antigo do Brasil. Nesta história quase centenária, em apenas dois anos não houve festa: justamente nos dois anos de pandemia do coronavírus, em 2021 e 2022. 

- Nem no período da Segunda Guerra Mundial houve paralisação do Carnaval - conta Paulo Sérgio Corrêa, membro do grupo que tem 1,2 mil integrantes e é rival do bloco Vae de Qualquer Geito, que completa 85 anos em 2022.

A estimativa é de que mais de R$ 500 mil deixem de circular na cidade sem o Carnaval. Parte do investimento vem da prefeitura e outra parte dos próprios blocos. 

- Primeiro, a prefeitura cancelou o Carnaval de rua. Mas, nós, dos blocos, decidimos manter alguma programação em nossas sedes. Agora depois das festas de fim de ano, com o aumento de casos de Covid-19, cancelamos também. A festa costuma atrair gente de cidades vizinhas, movimenta trabalhos temporários e dinheiro com bebidas, comida e fantasias - relata Corrêa. 

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Foto: Renan Mattos (Arquivo Diário)
Carnaval de Jaguari costuma reunir multidões 

RUAS DE JAGUARI, MAIS UMA VEZ, VAZIAS

Sede de um dos carnavais de rua mais tradicionais do interior do Estado, Jaguari também não terá o evento pelo segundo ano consecutivo. Em 2020, último ano que teve Carnaval, a cidade recebeu mais de 40 mil foliões - quase quatro vezes mais pessoas do que o número de habitantes do município, que é de 11 mil. Isso rendeu a prefeitura uma arrecadação de cerca de R$ 22 mil só com ingressos e o aluguel de estandes. E toda essa gente consumia alimentos e bebidas de comerciantes locais, alugava cabanas ou quartos de hotel e usava ônibus ou vans para o deslocamento.

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Embora não haja dados precisos da movimentação econômica nos dias de Carnaval, esse período sempre foi o mais rentável para o turismo da cidade.

- Sabemos do impacto econômico, mas seria uma irresponsabilidade sanitária manter o Carnaval neste momento, sabendo das novas variantes e do possível aumento de casos. São pessoas de diferentes cidades que costumavam frequentar a nossa festa. Não teríamos como ter um controle de todo mundo. Neste momento, precisamos pensar em primeiro lugar na saúde. É melhor aguardarmos um pouco agora para em breve termos um trabalho normalizado - analisa o prefeito Beto Turchiello (MDB).

OUTRAS CIDADES

Em Santa Maria, a Associação Aliança pelo Samba (AAPS) anunciou, em nota oficial, o adiamento da festa "Uma Noite Cultural - O Samba não pode Parar". O evento estava previsto para 12 de março, na Gare, com a participação das escolas de samba de Santa Maria. O aumento de casos de Covid-19 levou a produção do evento a mudar a data para 30 de abril. Em dezembro, a AAPS recebeu R$ 95 mil para a entidade por meio de emendas impositivas da Câmara de Vereadores. Tradicionais clubes da cidade, como o Avenida Tênis Clube e Clube Recreativo Dores, também cancelaram as festas. Por outro lado, foram anunciadas algumas festividades durante as noite de carnaval em Santa Maria, como no Corujão e na Estância do Minuano

A Associação dos Municípios da Região Centro do Estado (AM Centro) publicou, ainda em janeiro, uma orientação aos municípios para que suspendam as festas de Carnaval. A prefeitura de Mata cancelou a realização da folia de rua, e recomendou que festejos em clubes e demais locais privados sigam o regramento de decretos estaduais.

A mesma decisão ocorreu em São Vicente do Sul. A prefeitura não vai realizar festa de rua e pede que os blocos mantenham medidas de segurança sanitária caso organizem reuniões. O recurso que seria usado no Carnaval deve ser investido na saúde e obras do município. 

São Sepé é outra cidade a cancelar o Carnaval. Por lá, o município, por meio da Fundação Afif, vai lançar um edital de incentivo à organização administrativa e fomento do Carnaval como festa popular tradicional para todo o ano. Dessa forma, será investido o valor de R$ 40 mil entre os meses de abril e dezembro, por meio de três etapas: formação administrativa e das escolas de samba como um todo; realização de oficinas nos bairros da comunidade; e produção de um samba enredo, com gravação de todo o material como um convite para o Carnaval de 2023.

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