Insegurança

Autoridades comentam sobre a onda de violência na Nova Santa Marta

Marilice Daronco e Maurício Araujo

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Com as portas fechadas, pais e funcionários da escola Adelmo Simas Genro na Nova Santa Marta se reuniram, na segunda-feira, para discutir uma decisão tomada no último sábado: suspender as aulas até quarta-feira por conta da onda de violência que toma conta das proximidades da escola. De repente, o barulho de pelo menos um tiro foi ouvido ao lado do colégio, assustando quem estava no local. Entre os pais que choravam pela insegurança de seus filhos e as lideranças comunitárias que lamentavam a desvalorização de um espaço criado para a comunidade, a equipe do "Diário" viu uma comunidade que está refém do medo.

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_ Temos gangues cercando a escola, adolescentes com facão olhando para as salas de aula e ameaçando professores e alunos. Estava insustentável mantermos as aulas _ afirma a diretora da escola, Antônia Lima.

_ Três dias de aula é fácil de recuperar, mas a vida de um dos nossos filhos, não _ acrescenta um integrante do Conselho de Pais e Mestres da Escola.

Funcionários do Centro de Referência de Assistência Social (Cras) da região oeste, que fica em frente à escola, sentem-se coagidos. No posto de Estratégia Saúde da Família (ESF), localizado ao lado da Adelmo Genro, os profissionais fecharam às portas na segunda-feira, pouco depois do tiroteio. Eles estão inseguros e não vão abrir na terça-feira. Conforme a secretária municipal de Saúde, Vânia Olivo, uma reunião será marcada. No Conselho Tutelar da Zona Oeste, o clima é de insegurança:

_ Todos os conselheiros sofreram ameaça de morte. Eu estava chegando em uma casa quando houve o tiroteio. Fiquei no chão do carro _ conta uma conselheira, que não quis ser identificada.

Moradores e trabalhadores precisam respeitar a norma imposta pelas gangues: ninguém viu ou ouviu nada. Quem fala além do permitido, sofre com as represálias, que vêm em forma de apedrejamento às casas, agressões, e ameaças de morte.

_ A vizinha resolveu denunciar. Quando descobriram, apedrejaram a casa da mulher. Ela e as duas filhas abandonaram a casa _ conta uma moradora.

Toda violência, dizem lideranças da comunidade, é gerada pela disputa do tráfico de drogas. A morte de um traficante da região, há cerca de dois meses, abriu espaço para que novos tentem "tomar o território".

_ Eu avisei os órgãos de segurança: após a morte deste traficante, todos sabiam que outros iam tentar tomar a boca. Eles são meninos. Eu vi eles crescerem. Agora, andam com arma na cintura e ameaçam a escola que lutamos tanto para ter _ relata um morador que preferiu não ser identificado.

Para dificultar sua identificação, segundo a comunidade, os jovens infratores atiram nas lâmpadas de iluminação pública. Em frente à instituição de ensino, as crianças e jovens que estudam no local afirmam que o acesso às drogas é fácil.

Ainda na segunda-feira, três adolescentes foram apreendidos pelo Batalhão de Operações Especiais, suspeitos de envolvimento no tiroteio. Duas reuniões estão marcadas, uma nesta terça-feira, às 9h, entre BM e Secretaria de Educação, e outra na quarta-feira, às 18h, na escola, quando a comunidade e autoridades discutirão a insegurança.<"

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