Jesus foi crucificado ilegalmente. Essa foi a conclusão de três professores de Direito com base nas leis da época da crucificação e também nas atuais. Em plena Semana Santa, a Faculdade Palotina de Santa Maria (Fapas) convocou estudantes e professores para debaterem todo o processo de prisão, condenação e crucificação de Jesus Cristo.
O evento foi acompanhado por cerca de 300 pessoas na noite de segunda-feira, no Auditório Vicente Pallotti, que fica junto da instituição que tem cunho religioso e católico. O filme usado para análise foi "A Paixão de Cristo", de 2004, com direção do premiado Mel Gibson.
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Os três professores da Fapas que analisaram o caso foram o também delegado de polícia de Santa Maria Marcelo Arigony, o advogado criminalista Daniel Tonetto e o p.h.D Ricardo Rossato. Para os três, o principal motivo que culminou na morte de Jesus, que foi julgado sob a acusação de blasfêmia, foi o medo do governador Pôncio Pilatos de uma rebelião do povo em plena festa de Páscoa celebração da saída do povo hebreu do Egito. Mesmo assim, o algoz de Cristo havia dito que não "viu nenhum crime em Jesus" e questionou por que o levaram até ele e por que havia sido agredido sem antes ter sido condenado.
Para o professor Rossato, o que levou à ira do Sumo Sacerdote Caifás, uma espécie de promotor de Justiça da época, foi o fato de Jesus ter virado a mesa de vendedores no templo de Jerusalém, o que era considerado uma violação, fato considerado grave.
Já o delegado Arigony e o advogado Tonetto apontam diversos erros jurídicos presentes no caso. Para eles, a acusação de blasfêmia foi infundada:
Se Jesus tivesse passado por um processo legal, teria sido absolvido afirma o delegado.
Se trouxermos esse julgamento para os dias atuais, ele seria uma farsa ou teria de ser anulado reforça Tonetto.
Confira, abaixo, os principais erros que foram cometidos no julgamento, segundo os professores da Fapas:
Prisão ilegal Discutiu-se por que Jesus foi preso pela guarda do Templo de Jerusalém se não havia um mandado de prisão contra ele e também não estava em flagrante delito, trazendo para a legislação atual
Violação de domicílio Os guardas cometeram violação de domicílio ao prenderem Jesus no Monte das Oliveiras, já que o lugar era um ponto de encontro de Cristo e seus seguidores
Testemunhas À época, eram necessárias, no mínimo, duas testemunhas no julgamento. Todas foram discordantes e seus relatos não eram condizentes
Ampla defesa Para os professores, Jesus não teve o direto de defesa. Apesar de ele ter se calado quando foi dito para que se defendesse, quando um de seus apóstolos começou a falar bem sobre Jesus, ele foi agredido pela multidão
Princípio de dignidade De acordo com o advogado Daniel Tonetto, as agressões pelas quais Jesus passou ferem o princípio da dignidade. Conforme Tonetto, já houve caso de uma condenação em um julgamento ser anulada pelo fato de o réu ter prestado depoimento algemado
Duplo grau de jurisdição Diz respeito aos recursos, na legislação atual. Porém, à época, condenados à pena de morte e à crucificação seriam executados em, no mínimo, 24 horas. No entanto, Jesus foi crucificado em menos de 12 horas
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