Após mais de 36 horas do temporal, moradores de pelo menos 14 bairros de Santa Maria seguem sem luz

Foto: Nathália Schneider (Diário)

No segundo dia após o temporal que atingiu o Rio Grande do Sul, Santa Maria ainda está sofrendo com os impactos do vendaval. Na Região Central, segundo a RGE, 19 mil clientes estão sem energia elétrica e, na cidade, há relatos da falta do serviço em pelo menos 14 bairros: Patronato, Dom Antônio Reis, Chácara das Flores, Parque Pinheiro Machado, Duque de Caxias, João Luiz PozzobonRosário, Carolina, Itararé, Nossa Sra. Medianeira, Nossa Sra. de Lourdes, Fátima, Nonoai e Campestre do Menino Deus. Já são mais de 36 horas que os moradores enfrentam essa situação.

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O representante comercial, Rubilar Fonseca, 57 anos, reside na Rua Aristides Lobo, no Bairro Rosário, e conta que, há menos de um mês, a comunidade já tinha sofrido com a falta de luz por cerca de 48h devido à queda de uma árvore. Agora, os moradores estão tendo que lidar com situação semelhante:

– Nesta ocasião, está acontecendo a mesma coisa. Estamos ficando quase 48h sem energia elétrica, com risco de chegarmos a 72h, segundo previsões da RGE. Temos sofrido bastante com os alimentos por não termos onde colocá-los. Também temos pessoas doentes e acamadas, que precisam armazenar medicamentos e não tem onde acondicioná-los. Estamos esperando uma solução da RGE – afirma Fonseca.

O morador sempre atua como voluntário na Defesa Civil quando acontecem temporais na cidade. Ele relata que os poderes públicos precisam investir mais em ações de prevenção e, ainda, pensar em alternativas para dar uma resposta ágil diante dos serviços que são impactados e afetam o dia a dia da população:

– A cidade precisa de uma solução mais rápida do que essa que vem acontecendo hoje. Temos observado que as questões relacionadas à prevenção desses incidentes são muito precárias. Precisamos de uma efetividade maior do poder público com relação às respostas para essas catástrofes. Tenho em mente que poderíamos fazer contratos por spots com pessoas da sociedade civil, mais local, com profissionais habilitados para dar uma resposta mais rápida, aumentar o efetivo nessas demandas, e agilizar esse processo para que a comunidade não sofra tanto.

Foto: Nathália Schneider (Diário)

No Bairro Carolina, a falta de energia elétrica está afetando a rotina de trabalho de Luciano Rodrigues, 48 anos. Ele é proprietário de uma oficina mecânica que funciona nos fundos de sua casa, na Rua Tenente Ildefonso Schilling. Em frente à residência, inclusive, um poste está inclinado, com fios caídos. A rua está bloqueada parcialmente.

– Estamos sem luz ainda. Se não fosse um vizinho nos dar uma extensão para ligar o freezer, teríamos perdido tudo. A única coisa que fizeram foi isolar a área para não passar caminhão e cair o resto do poste. O transtorno é grande, estamos esperando (resolverem). Não tenho como trabalhar porque não funciona nada, nenhum tipo de maquinário – relata Rodrigues.

O proprietário de oficina mecânica, Luciano RodriguesFoto: Nathália Schneider (Diário)

Um dos restaurantes mais antigos de Santa Maria, localizado no Bairro Nossa Sra. Medianeira, também está no aguardo do retorno da energia elétrica. A proprietária do Gruta, Karina Tagliari, 41 anos, afirma que, desde terça-feira, a equipe está utilizando um gerador para conseguir trabalhar. 

– Temos muitos perecíveis e a nossa preocupação maior é com isso. É angustiante, trabalhamos com alimentos, o risco sanitário é muito grande, temos que estar sempre pensando como vamos fazer, não podemos esperar, temos que ser imediatistas, temos que sempre observar, cuidar e resolver – diz Karina.

Sem luz, Gruta Restaurante está funcionando com gerador de energiaFoto: Nathália Schneider (Diário)

O gerador não consegue atender toda a demanda do local e, por isso, é necessário remanejamento. Quando o espaço está fechado ao público, a energia do gerador é direcionada para os equipamentos e, quando está em funcionamento, a luz é empregada para o salão dos clientes. Na quarta-feira (17), os freezers foram abastecidos com gelo, mas, nesta quinta-feira (18), foi preciso deslocar alimentos para outros locais:

– Está sendo bem complicado. Boa parte da mercadoria tivemos que realocar para outros estabelecimentos e pessoas que estão nos ajudando. Os funcionários também estão levando as mercadorias para suas casas. Estamos mandando embora alguns fornecedores, porque não temos como receber. Estamos na expectativa de ter, hoje, a energia. Caso não tenha, vamos ter que realocar tudo que temos porque não temos como manter as mercadorias mais um dia sem luz – conta Karina.

No Centro, a clínica onde o quiropraxista Volmir Raldi, 54 anos, realiza atendimentos, também permanece sem luz. Mas por um motivo inusitado. Volmir relatou ao Diário que, durante o temporal, uma árvore caiu sobre o poste de luz e fios próximos à clínica, que fica na Rua Silva Jardim, esquina com a Rua Floriano Peixoto. Segundo ele, durante a tarde desta quarta-feira (17), à árvore foi retirada e uma equipe da RGE fez a troca do poste e dos fios.

Mas, para sua surpresa, ao chegar à clínica na manhã desta quinta-feira (18), o local permanecia sem luz. Foi quando percebeu que os fios apenas foram amarrados ao prédio, e não ligados à rede de energia elétrica. Conforme Volmir Raldi, ele não conseguiu contato com a RGE por telefone para solucionar o problema.

– Isso é inacreditável. Eu cheguei na clínica e não tinha luz, o que me deixou surpreso. Fui ao vizinho da frente e tinha. Eu chamei um eletricista e ele confirmou que o fio, trifásico, não foi ligado ao prédio, apenas amarrado. Os clientes não acreditavam, mas continuamos sem luz – conta o quiropraxista.

Postos de saúde também estão sem luz

As unidades de saúde Itararé, Urlândia, Roberto Binato e Kennedy ainda estão sem energia elétrica e sem atendimento ao público.


* Colaborou Bernardo Abbad

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