Diário nos Bairros

Após 15 anos sem manutenção, Passarela da Urlândia será revitalizada

 

 SANTA MARIA, RS, BRASIL. 13/09/2017.Situação da passarela e conversa com moradores para ver se utilizam ou não a passarela. FOTO: CHARLES GUERRA / NEWCO DSM
Passarela será revitalizada em obra de Travessia Urbana pelo DnitFoto: Charles Guerra / NewCo DSM

O medo de acidentes deu lugar à preocupação com a manutenção da Passarela da Urlândia, no bairro de mesmo nome, em Santa Maria. A passagem, que foi reivindicada pela comunidade há quase 20 anos, há pelo menos 15 não recebe os cuidados necessários para garantir a segurança de quem passa pelo local. E, em breve, assim que for concluída a duplicação da BR-287, a passagem vai ser a única alternativa para a travessia de pedestres, já que uma mureta vai ser colocada no meio da rodovia, impedindo a travessia a pé. Por isso, a unidade local da Superintendência Regional do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes no Rio Grande do Sul (Dnit/RS) garante que a passarela será revitalizada.

MORTE DE MENINO LEVOU À CONSTRUÇÃO
A estrutura que atravessa a BR-287 foi construída após um grave acidente matar um menino de 12 anos. Cristiano Barros Martins estava a menos de 100 metros de casa quando foi atropelado na rodovia, em 20 de fevereiro de 1999. O motorista chegou a ser conduzido para a Polícia Civil, mas fugiu quando um policial da Polícia Rodoviária Federal (PRF) se distraiu. Familiares e moradores da região realizaram um protesto dois dias após o acidente alertando sobre os perigos da estrada. Eles interromperam a via queimando pneus e pedaços de madeira.

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OS PERIGOS DA TRAVESSIA
A passarela foi inaugurada em 24 de maio de 2002, com 40 metros de extensão e duas rampas de 60 metros. Quinze anos depois, as pessoas já se habituara a utilizar a passagem, seja por medo de atravessar pela 287 ou por costume mesmo.

_ Eu moro aqui há um ano, mais ou menos, e sempre uso a passarela. É uma segurança, mas acho que ela precisa receber uma manutenção _ afirma José Eduardo de Lima Fernandes, 17 anos.

O borracheiro Romarino Farinha da Costa, 70 anos, vive na Urlândia há mais de duas décadas e tem uma borracharia perto da passarela. Ele já perdeu as contas de quantos acidentes presenciou no local antes e depois de a estrutura ser erguida. Em um dos casos mais graves, o idoso presenciou a morte de uma mulher que decidiu não atravessar pela passarela:

_ Ela foi atravessar pela BR mesmo e parou embaixo de um carro.

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A incidência de acidentes era tão grande no local que o borracheiro optou por fechar as portas do empreendimento por um mês, segundo ele, porque não aguentava mais ir à polícia para prestar depoimentos sobre as ocorrências presenciadas por ele e que foram investigadas. Por conta disso e da importância da estrutura para a segurança de pedestres e motoristas, ele acredita que o local precisa de manutenção e que esse cuidado seja proporcionado à comunidade de maneira mais constante.  

ESTRUTURA COM PROBLEMAS
A passarela está com os degraus e proteções laterais completamente enferrujados, algumas partes dos guarda-corpos estão destruídas e a água fica empoçada ao longo da passarela, o que dificulta a travessia. O local também não possui um abrigo para os dias de muito calor, frio ou chuva. No entorno da estrutura, há grama alta e muito lixo.

 SANTA MARIA, RS, BRASIL. 13/09/2017.Situação da passarela e conversa com moradores para ver se utilizam ou não a passarela. FOTO: CHARLES GUERRA / NEWCO DSM
Laterais da passarela estão enferrujadas e com pedaços de ferro soltos, que podem machucar os usuários. A falta de segurança faz com que pedestres atravessem entre os veículosFoto: Charles Guerra / NewCo DSM

Além disso, a insegurança de fazer a travessia pela passarela faz com que algumas pessoas optem por se arriscar por entre os carros. 

_ Muitas pessoas já foram assaltadas em cima da passarela _ conta uma moradora das imediações da estrutura que pediu para não ser identificada.

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PROMESSA DO DNIT

De acordo com a unidade local da Superintendência Regional do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes no Rio Grande do Sul (Dnit/RS), a passarela da Urlândia será mantida no local e revitalizada de acordo com o que já prevê o projeto de Travessia Urbana. As melhorias vão contribuir para uma melhor acessibilidade e segurança da população. Ainda de acordo com o Dnit, o acesso para veículos ao Bairro Urlândia também será totalmente modernizado. No local, será construída uma passagem inferior que também contempla a construção de calçadas. Dessa forma, o acesso para pedestres será garantindo por mais um ponto, sem a necessidade de atravessar a rodovia. No momento, não há contrato vigente para manutenção da passarela. As campanhas educativas para conscientizar o uso da passarela serão intensificadas ao decorrer da obra de Travessia Urbana.

ESPECIALISTAS ALERTAM PARA IMPORTÂNCIA DA TRAVESSIA
Além da segurança proporcionada pela passarela, Carlos José Antônio Kümmel Félix, doutor em mobilidade urbana e professor do departamento de transporte da Universidade Federal de Santa Maria, acrescenta que a estrutura diminui consideravelmente o tempo de travessia para quem opta por utilizar a estrutura em vez de aguardar pelo trânsito. No entanto, para que as pessoas se sintam estimuladas a usar a passarela é fundamental, de acordo com o especialista, que o local receba manutenção constante como pintura, e que ofereça segurança e um abrigo contra a chuva, o sol e o frio. 

 SANTA MARIA, RS, BRASIL. 13/09/2017.Situação da passarela e conversa com moradores para ver se utilizam ou não a passarela. FOTO: CHARLES GUERRA / NEWCO DSM
Estrutura vai passar por manutenção na obra da Travessia UrbanaFoto: Charles Guerra / NewCo DSM

Já  Eduardo Biavati, sociólogo e especialista em segurança no trânsito, acrescenta que uma passarela é a forma mais simples e econômica de não expor os pedestres aos riscos oferecidos pelas rodovias, além de garantir o fluxo contínuo dos veículos. Mas ele concorda que, sem manutenção, fica difícil de convencer as pessoas a optarem pela estrutura: 

_ Uma passarela antiga e que não recebe cuidados devidos não atrai as pessoas. Além disso, é preciso que o local tenha condições de acessibilidade para pessoas idosas ou com deficiência. Se não for assim, o ideal seria oferecer redutores de velocidade, radares móveis e semáforos como alternativa para privilegiar os pedestres. 

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O secretário adjunto da pasta de Mobilidade Urbana, Jair Binotto, também acha que a passarela foi um ganho para os moradores da região, já que eles podem atravessar com mais segurança. No entanto, ele acredita que, sem manutenção, que é de responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes no Rio Grande do Sul , a passagem pelo local fica mais difícil.

Conforme o coordenador de ensino da autoescola Viacentro, Wagner de Lima Fonseca, ao trafegar por rodovias movimentadas, os motoristas devem ter atenção e cuidado para não ultrapassar a velocidade permitida e conseguir prever situações de risco tanto para pedestres como para quem está em veículos. Com a mudança no trânsito que deve ocorrer em breve na BR-287, ele acrescenta que é preciso redobrar a atenção como as novas sinalizações.


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