É com pesar que o jardineiro Aldenir Schmitt, 58 anos, ainda lida com a notícia da demissão. Com cerca de uma década de serviços prestados à Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), ele está a 21 dias dias de se despedir dos colegas e do trabalho que, segundo ele, foi o melhor que teve ao longo da vida.
– O Jardim Botânico foi o melhor emprego que já tive, mas meu aviso termina no dia 14 de novembro. Faz quase 10 anos de universidade e três anos aqui, conheço tudo. Agora, vou ter de me virar nos 30. Já até comecei a vender sorvete e picolé. É o jeito – conforma-se Schmitt.
Outro senhor que cobria férias de um serviços gerais completou:
– Estão mandando todo mundo embora. Não sei o que será daqui.
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A transferência de um funcionário, a demissão de outros dois jardineiros e de um tratorista, e a ausência de vigilantes – conforme o relato de quem ainda trabalha no local – ventilaram o boato de que o Jardim Botânico da UFSM, que funciona desde 1981, ameaça interromper as atividades. A reportagem do Diário visitou o local na manhã desta terça-feira e conversou com monitores e demais funcionários.
Na esteira das discussões, soma-se o fato de a universidade ter anunciado a demissão de 92 terceirizados devido a um novo corte de gastos de custeio que a instituição precisou fazer. Já é a terceira onda de demissões neste ano. Foram 66 vigilantes em abril e 120 terceirizados de limpeza, portaria e recepção em maio – ao todo, é uma redução de 278 trabalhadores na universidade.
NÃO VAI FECHAR
Por telefone, Sonia Zanini Cechin, diretora do Centro de Ciências Naturais e Exatas (CCNE) da UFSM, onde o Jardim Botânico está alocado, contrariou, veementemente, a hipótese:
– Não há o menor o risco de fechamento. Inclusive, estamos com muitos projetos e queremos publicizar ainda mais para que se torne um cartão-postal da universidade e de Santa Maria.
Sonia ainda esclareceu que os vigilantes foram substituídos por sistema de câmeras com central de vigilância durante o dia. À noite, um vigilante permanece no local. Para 2018, há, inclusive, a ideia de o Jardim Botânico abrir em um domingo por mês (não no mesmo dia do projeto Viva o Campus) e promover piqueniques e sinfonias ao ar livre.
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O professor de Ciências Biológicas e diretor do Jardim Botânico, Renato Záchia, confirma que o corte de verbas acabou prejudicando o espaço, mas também descarta a possibilidade de fechamento:
– Com o corte de recursos do governo federal, todos os serviços da universidade ficam deficientes e muitas das nossas atividades, precarizadas. Perdemos dois jardineiros, mas não significa que há previsão de fechamento, seria o fim do mundo – pontua Záchia.
O JARDIM BOTÂNICO DA UFSM
Órgão suplementar ao Centro de Ciências Naturais e Exatas (CCNE), o local sustenta a conservação de espécies florestais nativas do Rio Grande do Sul e fomenta atividades de ensino, pesquisa e extensão, além de ser um centro de lazer para a comunidade em geral. Tem 349 espécies catalogadas entre plantas nativas, exóticas e medicinais, distribuídas em 13 hectares que contam com viveiros, orquidários e minhocários. Confira:
- Estrutura – 13 hectares
- Quadro funcional atual – 2 terceirizados (1 jardineiro e 1 tratorista), 6 servidores (1 assistente em administração, 2 técnicos em laboratório, 1 biólogo, 1 jardineiro, 1 professor/diretor) e 4 monitores (estudantes)
- Atividades – Palestras e visitas guiadas
- Horários – De segunda a sexta-feira, das 8h às 11h30min e das 14h às 17h
- Quanto – De graça, para alunos da UFSM e comunidade em geral
- Média de visitantes – 6,5 mil ao ano
- Informações e ou agendamentos de escolas e público para visitação – Pelo telefone (55) 99193-8183