Segurança pública

Apenados vão fazer seleção de materiais recicláveis em Santa Maria

Lizie Antonello

Santa Maria deu mais um passo na direção da ressocialização de apenados. A partir de um convênio entre a Superintendência de Serviços Penitenciários (Susepe) e a empresa JEMG Operações e Serviços, 19 presos começaram a trabalhar, nesta terça-feira, natriagem de resíduos em Santa Maria. Os detentos – duas mulheres do Presídio Regional, cinco homens do Instituto Penal e três mulheres e nove homens do Monitoramento Eletrônico (que usam tornozeleira) – farão a separação dos materiais recicláveis (vidro, plástico, papel e metal) que chegam em parte do lixo coletado em 32 cidades da região (leia mais abaixo). Todos cumprem penas ou no regime aberto ou no semiaberto.

Foto: Gabriel Haesbaert / NewCo DSM

Os presos trabalharão nas duas esteiras onde são separados os materiais, junto do aterro sanitário no Bairro Caturrita. Pela atividade, cada apenado receberá pagamento mensal e outros benefícios. Além disso, a cada três dias trabalhados, o preso reduzirá um da pena.

VÍDEO: prédio da antiga Febem serve de abrigo para usuários de drogas

Nesta terça, no primeiro dia no novo emprego, eles receberam as boas-vindas por parte da equipe da empresa, que entregou Equipamentos de Proteção Individual a cada um dos novos funcionários. Eles também receberam orientações sobre a execução do serviço.

Os presos foram selecionados com o critério de bom comportamento. Já de uniforme e prontos para começar o trabalho, eles estavam empolgados. Um detento de 32 anos que esteve por quatro anos no regime fechado, progrediu para o semiaberto e, atualmente, usa tornozeleira eletrônica comentou sobre a dificuldade de conseguir um emprego:

– Ninguém dá uma oportunidade dessa para nós. Se não são eles a dar esse incentivo, estaríamos parados em casa.

– Infelizmente, as portas ficam fechadas para nós – disse outro detento, que está preso há três anos, já trabalhou com reciclagem e estava fazendo serviços gerais por falta de trabalho fixo.

Foto: Gabriel Haesbaert / NewCo DSM

Uma mulher de 56 anos, que também usa tornozeleira, ficou feliz com a possibilidade:

– Para mim, é maravilhoso trabalhar. Agora, essa oportunidade bateu a nossa porta, graças a Deus.

Região Central tem projetos que são exemplos para ressocializar presos

Oportunidade para os detentos e vantagem para a empresa que, além de economizar com a mão de obra prisional, pois os presos não têm direito a certos benefícios, cumpre o papel social de ajudar na reinserção.

– Isso engrandece muito a nós e acho que também a vocês que precisam e querem uma oportunidade de trabalho. Todos serão bem-vindos e terão, aqui, o tratamento digno que todos merecem ter, sem distinção nenhuma – disse o diretor da JEMG, Joicemar Ferrari, aos apenados que começaram a trabalhar.

COMO SERÁ O TRABALHO:

– Das 12 mil toneladas de resíduos que são recolhidas por mês e vão para a sede do aterro sanitário no Bairro Caturrita, em Santa Maria, a metade passa pelo processo de triagem. Dessas 6 mil toneladas, 8% (480 toneladas) são de material reciclado – vidro, plástico, papel e metal. O restante vai para o aterro
– A JEMG é santa-mariense. Atua desde 2009 em outras cidades e em Santa Maria desde 1º de agosto do ano passado especificamente na triagem dos materiais recicláveis que vão para o aterro
– Os presos trabalharão nas duas esteiras, onde são separados os materiais
– A jornada é de segunda a sexta-feira, das 13h às 21h, e aos sábados (possivelmente alternados), das 13h às 17h. Os horários serão controlados com cartões-ponto
– Pela atividade, cada um vai receber 75% de um salário mínimo nacional, o equivalente a cerca de R$ 700. Outros 10% (em torno de R$ 93) vão para o Fundo Penitenciário e poderão ser retirados pelo preso após o cumprimento de toda a pena

Foto: Gabriel Haesbaert / NewCo DSM


– Os presos terão transporte, lanche e janta diariamente
– Além disso, a cada três dias trabalhados, o preso reduz um dia da pena
– Eles receberam Equipamentos de Proteção Individual (dois uniformes, com capacetes, camisetas, calças, luvas, óculos, máscaras, mangas e aventais, e ainda seriam entregues botinas)
– A empresa economiza com despesas como férias, 13º salário e Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), aos quais os presos não têm direito
– O convênio tem prazo de um ano, renovável conforme interesse do empregador, e prevê até 60 vagas a serem ocupadas gradualmente com apenados
– Nos próximos dias, outros presos devem concluir o processo de abertura de conta salário em banco para se juntarem ao grupo, totalizando 30 pessoas que completarão o quadro de funcionários do turno da tarde
– Ao chegar aos 30 apenados, praticamente a metade do quadro funcional da empresa em Santa Maria, que atualmente é de 37 servidores, será de detentos

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Anterior

Maioria das escolas de Santa Maria decide hoje se entra em greve 

Próximo

Chuva deve cessar na quinta-feira 

Geral