Alexandro Cardoso é indicado para departamento no Ministério de Meio Ambiente; relembre a passagem do catador de materiais e cientista social por Santa Maria

Arianne Lima

Alexandro Cardoso é indicado para departamento no Ministério de Meio Ambiente; relembre a passagem do catador de materiais e cientista social por Santa Maria

Eduardo Ramos

Foto: Eduardo Ramos (arquivo/Diário)

O gaúcho Alexandro Cardoso, 43 anos, foi indicado para um cargo no Ministério de Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA). A vaga em questão é para a diretoria do Departamento de Gestão de Resíduos. Alex, como é conhecido, é catador de materiais recicláveis e cientista social, com diversas iniciativa na área e contribuições em países da América Latina, Europa e Ásia.

À convite do Comitê pelo Meio Ambiente, ele estive na sede do Grupo Diário, em agosto de 2022, para participar de um bate-papo sobre reciclagem e coleta seletiva. Na ocasião, Alex compartilhou com o público a trajetória como catador, fazendo uma análise sobre a situação do município e a importância da coleta seletiva.

Mobilização 

A indicação de Alex ao cargo conta com o apoio do Movimento Nacional dos Catadores de Recicláveis (MNCR), a União Nacional de Catadores e Catadoras de Material Recicláveis (Unicatadores) e a Associação Nacional de Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis (Ancat).

Na última quinta-feira (26), inclusive, representantes da categoria entregaram um documento, reforçando o pedido, para a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, que estava em Porto Alegre para o Fórum Social Mundial. Em uma postagem no perfil @alexcatador no instagram, ele agradeceu pela mobilização:

“Extremamente grato a companheirada que mobilizou, articulou e entregou documento com indicação para o departamento de resíduos no MMA. Uma grande força está sendo levantada, tornando esta indicação coletiva e diversa, representante de variadas vozes. Estou imensamente honrado em receber esta oportunidade de contribuir para o futuro da nossa nação. É emocionante. Passei o dia com os olhos encharcados de alegrias. Obrigada a cada uma e cada um”.

Em um vídeo recente, Alex aparece na presença da mãe, Tânia, e fala sobre as necessidades da categoria, que precisam ser consideradas pelo novo diretor do departamento.

– Eu acredito que este ministério, este departamento, tenha que ter uma pessoa que conheça profundamente os problemas sociais que a nossa categoria vem sofrendo a muitos anos – argumenta.

Ver essa foto no Instagram Uma publicação compartilhada por Alex Cardoso✊🏾♻️ (@alexcatador)

Quem é Alexandro Cardoso?

Alexandro Cardoso é formado em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atualmente, faz mestrado no Programa de Pós-graduação em Antropologia Social. É natural de Porto Alegre e integrante do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR). Alexandro representa a terceira geração de catadores da família, tendo convivido com a rotina da mãe e da avó na área. Aos 14 anos, contribuiu para a criação de uma cooperativa para catadores na Zona Sul da capital.

Para sustentar a famíla, Alexandro largou os estudos aos 16 anos, retomando o processo 20 anos depois. Entre as diversas oportunidades conquistadas nos últimos anos, está o posto como delegado da Organização das Nações Unidas (ONU), pela América Latina, representando questões relacionadas ao Meio Ambiente.

Alexandro também é autor. No livro intitulado ‘Do Lixo do bicho: a cultura dos estudos e o tripé de sustentação da vida’, ele aborda desde o trabalho como catador e reciclador até o ingresso na universidade, refletindo sobre a luta perante as desigualdades socioeconômicas travada por diversos brasileiros A obra foi lançada em outubro de 2021, na 27ª Feira Internacional de Cooperativismo (Feicoop), em Santa Maria.

Presença em Santa Maria

Em 26 de agosto de 2022, o Comitê pelo Meio Ambiente promoveu um bate-papo sobre reciclagem e coleta seletiva na sede do Grupo Diário. Cerca de 70 pessoas participaram do evento, que contou com a presença de Alexandro Cardoso e da professora do Instituto Federal Farroupilha (IFFar) e coordenadora do projeto de catadores do Vale do Jaguari, Simone Bochi Dorneles.

Em discurso, ele falou sobre a importância do trabalho realizado pelo catadores, a necessidade de regularização da categoria e o combate ao preconceito. A realidade de Santa Maria também foi analisada pelo profissional, que questionou a prefeitura municipal sobre a implementação eficaz da coleta seletiva. Com o sistema atual de gerenciamento de resíduos, a população tende a mistura todos os rejeitos e depositá-los em contêineres.

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