– Para deixar bastante claro, nós, desde o início, quando prestamos as primeiras declarações, estamos deixando clara a inocência do sargento Jacobsen. Em nenhum momento ele participou de qualquer fato que tenha levado ao óbito do Gabriel, não viu agressões e nenhum tipo de mal a esse menino. Não houve o que está sendo divulgado. Ele é inocente, não participou do fato, não praticou o fato, estamos contribuindo com as investigações – comentou, no início da entrevista.
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Conduzido pela viatura
Os vídeos da abordagem policial e o relato da testemunha mostram que Gabriel Marques Cavalheiro teria sido colocado em uma viatura da Brigada Militar e, segundo depoimentos iniciais dos policias militares, conduzido até uma região de açude conhecida como Lava Pé.
– A condução do Gabriel se deu, num primeiro momento, não pelo sargento Jacobsen. Ele estava coordenando de forma mais afastada, identificação através de sistemas de consultas integradas. Então a condução não teria se dado diretamente por ele.
Gabriel não foi levado para a delegacia
Conforme a Corregedoria da Brigada Militar, o procedimento padrão nesse caso de abordagem seria encaminhar Gabriel até a delegacia. Os PMs não cumpriram o procedimento. Gabriel teria desaparecido após ingressar na viatura.
– Em cidade de interior nós sabemos que a BM, serve muitas vezes para dar uma carona para pessoas que precisa ir para outro local. Como toda cidade de interior, muitas vezes o serviço público não está muito presente. (…) Naquele momento ele estava um pouco alterado, provavelmente pelo uso de álcool, que ele teria fica mais alterado. Então, uma carona foi algo absolutamente na tentativa de retirar ele dali. Ele estaria tentando entrar na residência e as pessoas daquela casa não conheciam, não sabiam quem ele seria.
Algemado
As investigações apontam que Gabriel Marques Cavalheiro teria sido algemado pelos PMs. Para o advogado Mauricio Adami Custódio, isso ocorreu para evitar que ele fosse lesionado, pois ele estaria alterado pelo uso de álcool.
– A algemação se deu pelo comportamento dele, mais alterado, por isso se aguarda a identificação de quem teria sido o autor da algemação. Não foi o sargento Jacobsen. No momento da decisão da guarnição eu acredito que não foi para fazer um tipo de mal para ele, mas sim para evitar qualquer tipo de movimento que pudesse lesioná-lo.
Agressões
A defesa não comentou as possíveis agressões de forma direta, pois, conforme o advogado, não teve acesso a todos os elementos do inquérito. Em depoimento à polícia, uma testemunha afirmou ter visto Gabriel sendo agredido pelos PMs.
– A defesa não teve acesso formal a todos os elementos do inquéritos. Está correndo muito nos bastidores, é importante deixar claro isso, uma tentativa tanto da BM como da PC de buscar com maior rapidez solucionar, esclarecer e terminar com o inquérito policial, e isso está tornando de forma muito pressionada a conclusão. As informações acabam vindo distorcidas – completou.
Próximos passos
O advogado de defesa do segundo-sargento Arleu Júnior Cardoso Jacobsen, terminou a entrevista frisando que o cliente está à disposição das autoridades. Além disso, ele disse que no momento não será contestada a prisão de Jacobsen e que eles esperam que as provas demonstrem a inocência do sargento.
Entrevista completa ao CDN Entrevista, da CDN, em 25 de agosto de 2022.
O caso
Moradora registrou momento da abordagem dos policiais ao jovem. Foto: Divulgação
Gabriel Marques Cavalheiro, 18 anos, desapareceu por volta da meia-noite do último dia 12, no Bairro Independência, em São Gabriel. Segundo o relato de uma moradora, ela teria chamado a Brigada Militar (BM) após o jovem ter forçado a grade da casa dela e tentado entrar no local. Policiais foram até o endereço, abordaram, algemaram Gabriel e o colocaram no porta-malas da viatura. Depois disso, o jovem não foi mais visto.
O corpo dele foi encontrado dia 19 de agosto, em uma barragem na região conhecida como Lava pé. Os três policiais (Arleu Júnior Cardoso Jacobsen, Cleber Renato Ramos de Lima e Raul Veras Pedroso) que abordaram o jovem foram presos na sexta-feira (19) a noite e estão no presídio militar em Porto Alegre desde então.
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