A teoria do caos

Um ano é, aproximadamente, o tempo que o planeta Terra gasta para dar uma volta em torno do Sol. Muita coisa pode acontecer durante esses 365 dias. Porém, 2020 termina com a sensação esquisita de que a Terra parou de girar. É como se, de repente, a contagem do tempo fosse interrompida e tudo se congelasse ao nosso redor. Infelizmente, não é roteiro de filme de ficção científica, e sim, a dura realidade.

A teoria do caos é um campo do estudo da matemática que estuda como acontecimentos caóticos e imprevisíveis podem alterar, significativamente, os resultados futuros. Ou seja, uma pequenina mudança no início de um evento qualquer pode trazer conseqüências enormes e absolutamente desconhecidas no futuro. É o chamado “efeito borboleta”. Segundo a teoria do caos, um evento insignificante como o bater de asas de uma borboleta na costa da África pode causar uma tempestade no Caribe.

O coronavírus é a nossa borboleta. Quem poderia imaginar que um vírus descoberto na pequena cidade chinesa de Wuhan, do outro lado do mundo, iria gerar uma pandemia e mudar radicalmente o nosso dia-a-dia?

A máscara facial, antes vista como exagero dos japoneses, passou a ser uma peça indispensável para sair à rua. O distanciamento social nos afastou dos amigos, parentes e colegas de trabalho. O calor humano do beijo e abraço foi substituído por um aceno à distância. O mundo real virou virtual. Nos comunicamos com as pessoas por imagens na tela de smartfones, tablets e computadores.

Óbvio que estou falando em tese. Muitas pessoas não puderam ou não quiseram respeitar o distanciamento social. Entre os primeiros, estão os profissionais da saúde ou serviços essenciais. Entre os segundos, estão as pessoas mal informadas ou irresponsáveis que, por razões político-ideológicas, ignoraram as mais de 180 mil mortes pela Covid-19 em nosso país. Entre estes, está Bolsonaro. Sua atitude não causa surpresa. O que é estarrecedor é o percentual de 37% de aprovação de seu governo, segundo a pesquisa do Datafolha.

Destes, apenas uma pequena parte é mal-intencionada. São essas mesmas pessoas que querem estragar a felicidade da descoberta da vacina com notícias falsas na internet. Por exemplo, a afirmação de que vacinas contra o novo coronavírus podem gerar seres geneticamente modificados e causarem efeitos irreversíveis. É #FAKE. Não compartilhe. Na dúvida, visite o site de um veículo de informação confiável para checar se a notícia é verdadeira ou não.

Dentre tantas notícias tristes recebidas em 2020, incluo o falecimento, no dia 11 do corrente, do colega economista e amigo Roberto Campos de Moraes, de infarto. Roberto era professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e se dedicou, principalmente, ao estudo da macroeconomia. Atuando na mesma área, tive em Roberto um guia seguro e orientador da melhor bibliografia para as minhas aulas de macro. Apaixonado pela Economia, Roberto veio algumas vezes a Santa Maria para dar palestras. Foi uma grande perda para a comunidade de economistas.

Dedico este artigo à memória do Roberto e a todas as vítimas da Covid-19