A telemensagem ainda vive; trabalhadores do segmento apontam crescimento desde a pandemia

Quem há alguns anos não lembra de ouvir na rua de casa um carro com som alto e uma voz potente chamando para ouvir um recado? Famílias já se formaram depois desta visita e casais já reataram relacionamentos depois deste grande sucesso que movimentava a cidade: os carros de telemensagens. Muitos 15 anos foram comemorados ao som das clássicas trilhas sonoras, entre tantas celebrações. A telemensagem está nas nossas lembranças, mas se engana quem pensa que ela não faz mais sucesso. Na agenda de Angelina Ubal, 70 anos e Roberto Cabral, 55, o dia teria que durar mais de 24 horas para que eles pudessem atender todas as solicitações que chegam para as Emoções e Cia e a Fala Coração. S​ão em média 70 telemensagens por mês. Os finais de semana são os dias mais movimentados para as empresas do ramo. 

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O Palio, ano 2014, já rodou 190 mil km dentro de Santa Maria, na região e até em viagem à capital, Porto Alegre. A motorista Angelina é a proprietária das duas empresas de telemensagens e se dedica a fazer o contato com os clientes via telefone e redes sociais, escrever os textos que serão lidos, selecionar as músicas que tocarão e embalar os agrados.

– Eu comecei por volta de 1998, após ouvir uma telemensagem fonada que minha amiga me mandou. Depois daquela mensagem, quis trabalhar com isso. Trabalhei por telefone até 2010, quando comprei o meu carro. Sempre me dediquei, por isso que os outros foram fechando e eu me mantive até hoje – relembra Angelina. 

Trabalho e entregas 

Dos 25 anos de telemensagem de Angelina, 13 é junto ao locutor Roberto, Betinho ou Cabral, o homem dos beijos – ele atende por todos eles. Sua presença é sempre solicitada, e nos dias de hoje, não existe uma entrega que Betinho não esteja presente.

–  Em 1988 um locutor que já trabalhava com isso me convidou para fazer uma mensagem ao vivo. Era uns 15 anos no bairro Itararé. E de lá para cá não paramos.Todas as ocasiões nós trabalhamos.. declaração de amor, pedido de desculpa, reconciliação, boa viagem, nascimento do filme, bodas. Mas é incrível, tem vezes que me chamam atenção porque não falei “e aquele beijo” para o casal. São muitas mensagens e de todas elas eu tiro alguma coisa  – narra o locutor sorridente. 

A crescente dos pedidos 

Nas palavras de Angelina, não se enriquece, mas se ganha bem. Depois de tantos anos, já passaram por épocas boas e ruins. Ela lembra que anos atrás seu trabalho era desvalorizado. 

– Mais ou menos em 2012, o movimento era menor. Diziam que era mico receber telemensagem. Na pandemia vimos um crescimento e, hoje, atendemos de duas a três telemensagens por dia em todos os bairros de Santa Maria e região.  

• O serviço pode ser contratado a partir de R$ 90 

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Mensagens aos jovens

Na última terça-feira (11), Angelina e Roberto foram aos bairros Novo Horizonte, Pinheiro Machado e Urlândia, consecutivamente. A reportagem acompanhou a dupla no segundo destino do dia, ao Residencial Cipriano da Rocha, para o aniversário de 14 anos da estudante Marlene Medianeira e seu irmão Isac Davi, que completou 6 anos. A surpresa dos pais contou com a playlist certeira, uma rosa e o recado de felicitações. 

– É uma alegria. Surpresa incrível. Eu curti muito as músicas – relata Marlene. 

E não é só ela, muitos são os mais novos que recebem o recado da família, amigos ou pretendentes. Ao mesmo tempo, os mais velhos também recebem o carinho e o afeto por meio das mensagens por meio das telemensagens.