A moda e o estigma da gorda mal vestida

Redação do Diário

A moda e o estigma da gorda mal vestida
Coluna de Letícia Isaia – Revista Mix

Desleixada”, “largada”, “mal vestida”. Muitos estigmas cercam as mulheres gordas, como o de que não sabemos nos vestir. Esse estereótipo escancara o olhar da sociedade sobre as pessoas com corpos gordos e traz diversos danos como a exclusão e o impacto na autoestima da vítima de gordofobia. Mas estilo tem tamanho?

Há dois anos, um post no Twitter viralizou ao expor o preconceito sobre o que é considerado “estiloso” na moda. A imagem de duas mulheres gordas vestindo bermudões – tendência que se destacava entre fashionistas – despertou um questionamento de Rayne Fisher-Quann sobre o conceito de estilo a partir do aspecto corporal: “Um tweet tirando sarro dessas mulheres tem 100 mil curtidas, mas eu juro por Deus que se Bella Hadid usasse exatamente essa roupa, estaria em um milhão de boards ‘80s casual inspo’, do Pinterest. Como sempre, a moda é julgada exclusivamente pelos corpos que a vestem”.

A crítica da internauta fazia referência à supermodelo Bella Hadid, cuja forma de se vestir é utilizada como “inspiração” pela mídia especializada. Atualmente, ela continua sendo citada pelas produções fashion.

Afinal, por que uma moda que é exaltada em um corpo passa a ser ridicularizada quando vestida por outro? A resposta é clara: foi criada uma referência de quem se pode considerar estilosa, mesmo que a pessoa use um look semelhante à outra de aspecto físico distinto.

O parâmetro de “estilo” está enraizado ao padrão estético em destaque na cultura, que exalta a busca incessante pela magreza e pela juventude. Se a temática viralizou em 2020, abrindo espaço para o debate, por que pouco avançamos para romper estigmas sobre o corpo e a moda?

Esse comportamento social endossa a existência de um privilégio na moda, algo que já encontramos em outros aspectos da vida. No segmento fashion, ele está presente na produção e até mesmo no consumo, como, por exemplo, na facilidade que as pessoas magras têm para encontrar roupas em tamanhos e preços acessíveis.

Corajosa, eu?

Se as regras e dicas de moda já tentaram limitar como deveríamos nos vestir (cuidado com esse tipo de conteúdo!) em função do nosso aspecto físico, hoje a gordofobia é intensificada na forma de “elogios”. Entre eles, a frase que inspira uma suposta “bravura” para usar tendências naturalizadas para/em corpos magros: “eu gostaria de ter a tua coragem!”.

Essa é uma referência tão cruel e preconceituosa quanto “você tem um rosto lindo”. Nós, mulheres gordas, até precisamos de coragem (ou a palavra certa seria “paciência”?!), mas para enfrentar a gordofobia presente nesses comentários e ações que tentam deslegitimar nossos corpos na moda e em tantos outros segmentos, como trabalho, vida amorosa, lazer.

Estilo tamanho 50+

Se uma parte significativa da sociedade ainda associa o corpo gordo a símbolos negativos, nós ocupamos espaços e utilizamos nossas vozes e imagens para desconstruir estereótipos, inclusive na moda. Além disso, ter mulheres gordas em visibilidade também repercute em inspiração.

A influenciadora Katie Sturino é um desses estímulos no Instagram quando o assunto é endossar que a moda deve ser para todas. Para mostrar que estilo independe de aspecto físico, ela recria, para mais de 780 mil seguidores, produções de outras mulheres magras e em posição de protagonismo. Entre as celebridades reconhecidas não só pelo trabalho, mas pelo visual e que têm os looks reproduzidos por Katie estão Kate Middleton, Chrissy Teigen e Blake Lively.

A minha coluna deste mês trouxe muitas perguntas e espero que ela instigue você a refletir. Depois de perceber o quanto o meio social é capaz de impactar na forma como nos vestimos ou somos vistas, eu faço o último questionamento: você se considera uma pessoa estilosa?

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