Foto: Nathália Schneider (Arquivo/Diário)
Sexta-feira Santa, Sexta-feira da Paixão, Sexta-feira da crucificação.... vários são os nomes adotados para este dia. Uma data em que fiéis ao redor do mundo se concentram em práticas enraizadas na tradição e na fé. Desde rituais religiosos até hábitos culinários, a sétima sexta-feira após o Carnaval é marcada pela reflexão.
+ Entre no canal do Diário no WhatsApp e confira as principais notícias do dia
Em comunidades cristãs, a data simboliza jejum e abstinência, em lembrança ao sacrifício de Jesus na cruz. Católicos participam de serviços religiosos, como a Via Sacra, que recria os últimos passos do filho de Deus, até a crucificação.
Segundo o teólogo e padre Cristiano Parpinelli, a Sexta-feira Santa (29) é uma celebração exclusiva do cristianismo - religião baseada na fé em Jesus Cristo. Aqui, é importante lembrar que existem algumas vertentes, dentro da religião cristã, como o catolicismo, o protestantismo e o pentecostalismo. Cada qual com costumes próprios.
O jejum, a cruz e o luto
O jejum quaresmal é uma prática estabelecida pela Igreja Católica no século IV. A determinação é de realizar apenas uma refeição, até a saciedade — normalmente o almoço — e as outras refeições de forma ponderada.
Inicialmente, a igreja orientava que os fiéis realizassem o jejum durante todo o período da Quaresma - desde a Quarta-Feira de Cinzas, após o Carnaval, até o Domingo de Ramos, anterior à Semana Santa.
No entanto, como informa o frei Valdir Pretto, professor da Universidade Francisca (UFN), desde a década de 1980, a recomendação é jejuar apenas na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa. A prática é orientada aos cristãos que tenham entre 18 e 60 anos.
O hábito de não comer carne vermelha é visto, pelos católicos, como forma de penitência. Por isso, segundo Pretto, a alternativa é o consumo do peixe, consagrado como um alimento simples e humilde.
Para relembrar a crucificação, a tradição católica também exige silêncio neste dia, em sinal de respeito pela morte de Jesus.
– A cruz é a maior simbologia da Sexta-feira Santa. Quando recordamos Jesus em seu calvário, carregando o peso da Cruz e de nossos pecados, rezamos o encontro de nossa fé com o Cristo, que nos promete a vida eterna a partir da ressurreição. A cruz é o sinal da vitória e da redenção. Não adoramos um Deus morto, mas um Deus vitorioso – afirma o frei.
Costumes que demonstram fé
Para o frei, apesar de não estarem relacionadas às escrituras bíblicas, outras demonstrações também reforçam a fé nesta data. Um exemplo é a colheita da macela, feita antes do amanhecer, ainda com o orvalho da madrugada. A crença sob a planta medicinal é que ela terá mais eficácia se colhida desta forma.
– Não está relacionada a alguma tradição católica, mas muitas pessoas acreditam que a planta colhida no amanhecer da Sexta-feira Santa esteja abençoada. Isso se dá pela fé de cada um! É um momento que une famílias em uma rotina que, para muitos, marca o início deste dia de reflexão e recolhimento - afirma Valdir Pretto.
A Sexta-feira Santa em outras vertentes
Para os evangélicos, a celebração principal é realizada no domingo (31) de Páscoa. A data, geralmente, não coincide com a Páscoa Católica, que utiliza o Calendário Gregoriano.
A Igreja Batista Nacional, por exemplo, usa como referência o calendário bíblico. Conforme o pastor Levi Oliveira, a Páscoa será comemorada pela comunidade evangélica na última semana de abril neste ano.
Diferentemente da Católica, a Igreja Evangélica não prega pela restrição da carne vermelha. Mesmo assim, segundo o pastor, algumas famílias mantêm a tradição de comer peixe na Sexta-feira Santa, já que é um costume disseminado no Brasil. A tradição mais comum, para os evangélicos, é o consumo da carne de cordeiro, no Domingo de Páscoa.
Leia mais: