Desmoronamentos de terra na encosta do Arroio Cadena preocupam moradores

O aposentado Eliseu da Silva mora há 27 anos perto do Arroio Cadena, no Bairro Renascença, e é a primeira vez que parte do terreno é levado pela água. As fortes chuvas registradas no início de maio abriram uma cratera nos fundos do quintal que, por pouco, não atingiu a casa onde reside com a família. Em outros locais próximo ao arroio, desmoronamentos de terra também colocam em risco a segurança dos moradores.

Fundos da casa onde Eliseu reside com a família


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O cenário vivenciado nas proximidades do Arroio Cadena fez com que seu Eliseu, 54, deixasse a casa em que mora com a esposa Ana Lúcia Dias, 44 anos, e as duas filhas. As taquaras, que ficam ao fundo, parecem segurar o barranco de terra. Uma parte do pátio, que fica na Rua Emília Carnelosso, já foi levada pela água. Agora, a família teme que novos desmoronamentos atinjam a residência.

– A água veio comendo o barranco por baixo e parte da taquara desceu. Aí tivemos que sair e abandonar a casa porque parecia um rio aqui. Não teve outra solução a não ser abandonar a casa. E do jeito que está aqui, não tem como ficar – afirma Eliseu.

Enquanto isso, a família tem passado a noite na casa de parentes até que encontrem um lugar para ficar. O aposentado conta que, pela falta de condições financeiras para comprar ou alugar, pensar na mudança é uma tarefa difícil:

– Precisamos ver o que vamos fazer, porque não tenho onde morar, meu terreno é aqui. Na época, eu comprei, fiz a casa aqui tudo de alvenaria e agora não tem mais como ficar. Vamos precisar morar de favor até resolver a situação. Condição de comprar outro lugar não tem.

Seu Eliseu está na casa de familiares até que encontre outro lugar para morar

Os desmoronamentos na encosta não atingem apenas os fundos da casa do morador, mas dificultam a travessia em toda a Rua Emília Carnelosso. No último fim de semana, uma parte da  via foi consertada por equipes da prefeitura, mas outros trechos seguem sem a passagem de pedestres e veículos. Diante da situação, moradores precisam fazer um atalho pela Reciclagem Kadena, já que parte da rua está bloqueada. Diomar Jaques de Oliveira, 59 anos, frequenta o local diariamente a trabalho e relata as dificuldades e o risco imposto pelo trajeto:

– Aqui tem buraco, lá também. Ficamos empenhados, está ruim aqui. É um risco ainda, não dá nem para cruzar pela beirada. E a rua é estreita demais e está caindo. Se vir chuva de novo, aí que leva tudo mesmo


Falta de acesso dificulta cotidiano de moradores

Para chegar na casa da Fátima Rejane Portella, 64 anos, passar pela rua às margens do Arroio Cadena é a única alternativa. A professora aposentada, que mora com o filho e o neto, conta que a família ficou com o acesso restrito por alguns dias. Mesmo com o conserto de um trecho da rua, ainda há dificuldades no trajeto. Nos próximos dias, Fátima fará uma cirurgia na coluna e teme que a ambulância não consiga passar pelo local.

– O acesso preocupa há algum tempo. Além da cirurgia, meu filho precisa sair e outras pessoas aqui. Não temos como sair fora do horário comercial. Isso deixa qualquer um deprimido, ainda mais em tempos de chuva, frios e tragédias – conta Fátima.

No Bairro Renascença, há dificuldades na travessia

Quem também passa pelo local com frequência é o filho de Fátima. O enfermeiro Guilherme Portella Fialho, 41, relata que fica preocupado ao passar pelo trecho, com receio que o barranco desmorone ainda mais:

Onde eles fizeram ficou perfeito, bem arrumado. Porém, só fizeram até metade. Aí o restante pra passar é complicado porque o carro fica numa parte estreita. Como está chovendo muito, aquilo também pode desmoronar porque já está com problema. 


Na Vila Carolina, parte do asfalto desmoronou 

Outro trecho de via às margens do Arroio Cadena que cedeu fica na Vila Carolina. No local, parte do asfalto desmoronou. Até a última segunda-feira (27), sinalizações indicavam o risco de trafegar pela área e não havia nenhuma sinalização de conserto. Apesar de ser uma área próxima à rodovia, o trânsito funciona normalmente. 

Fotos: Beto Albert


O que diz a prefeitura 

Em nota, a prefeitura de Santa Maria, por meio da Secretaria de Infraestrutura e Serviços Públicos, explica que “acompanha a situação dos dois locais, além de outros no município que foram atingidos por desmoronamentos. Sobre essas situações, ocorre que foi feito todo o levantamento e estudos necessários, os quais foram incluídos no programa junto à Defesa Civil da União. Os estudos estão em análise e aguardando aprovação, liberação dos recursos e licenças ambientais. Somente após é que será possível intervir nessas áreas e recuperar da melhor forma e mais segura, restabelecendo esses locais com segurança para todos que poderão vir a transitar nesses pontos. Esses locais estão isolados e sinalizados para orientar a população.”


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