júri da kiss

'A gente não pode usar o dolo eventual como vingança', argumenta defesa de Marcelo de Jesus dos Santos

Leonardo Catto

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Pedro Piegas (Diário)

Depois da réplica da acusação, que levou duas horas, começou a etapa de tréplicas das defesas no júri do Caso Kiss. A primeira das bancadas a falar foi a do réu Marcelo de Jesus dos Santos, representado pela advogada Tatiana Borsa.

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A defensora criticou a acusação e reiterou que o réu representado por ela não teve intenção pelo que aconteceu. Ela argumentou, novamente, que o próprio companheiro de banda de Marcelo, o gaiteiro Danilo, morreu no incêndio. No começo da argumentação, a advogada se direcionou aos jurados com o pedido de absolvição de Marcelo.

- Eu não quero que vocês sejam responsáveis pela maior injustiça mundial que é condenar o Marcelo. Alguém tem de ser responsável por essa tragédia. Não sejam responsáveis por condenar e fazer a maior injustiça, como quer o Ministério Público (MP) - pediu.

DOLO EVENTUAL
Tatiana, que também é professora universitária de Direito, falou sobre o conceito que a acusação utiliza para qualificar o incêndio como homicídio doloso. Ela reforçou a tese de que o réu não assumiu risco pelo incêndio ao segurar o artefato pirotécnico.

A defensora também criticou a acusação por ter mostrado fotos de corpos de vítimas na boate Kiss. Ela disse que não há questionamento sobre o que aconteceu ter sido uma tragédia e seguiu se dirigindo aos jurados com o pedido para que o julgamento não se baseie apenas nas fotos. Mais tarde, ela pediu desculpas ao réu Luciano Bonilha Leão por ter mostrado foto do corpo de Danilo. Luciano não havia visto a foto ainda e precisou deixar o plenário.

- Infelizmente vocês são os jurados da maior tragédia brasileira. É um peso que vocês vão levar - falou.

Conforme Tatiana, a acusação por dolo eventual não trará justiça ao processo. Para ela, a condenação desta forma "causa mais dor".

- A gente não pode usar o dolo eventual como vingança. Justiça é entender que isso foi uma tragédia, uma fatalidade. Ninguém queria causar a morte de ninguém - argumentou.

LIVRO
A advogada voltou a fazer referência ao livro "Nossa nova caminhada", publicado em 2014. A obra apresenta supostas mensagens psicografadas de vítimas do incêndio na Kiss. Na noite de quinta-feira, quando foi exibido um trecho em áudio, alguns pais que acompanhavam o júri deixaram o plenário. Apesar de fazer nova menção, a advogada pediu desculpas aos pais que se sensibilizaram.

- Santa Maria tem que sair do dia 27. temos que sair de 2013. Temos que que fazer o que esses filhos falam aqui, - falou se referindo ao livro.

ÓRGÃOS PÚBLICOS
A defensora voltou a criticar a atuação de órgãos como o MP. Ela retomou um áudio mostrado na noite de quinta-feira pela acusação, em que alguém liga para a Brigada Militar (BM) durante o incêndio. Tatiana lembrou que a pessoa responsável pelo atendimento indicou o número dos bombeiros. 

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