10 motivos para visitar a Feira do Livro

Leandra Cruber

10 motivos para visitar a Feira do Livro

Eduardo Ramos

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A 49ª Feira do Livro de Santa Maria começou há uma semana e, apesar da chuva, os livreiros já comercializaram cerca de 10 mil livros, além disso, uma série de espetáculos e de bate-papos ocuparam o palco do Theatro Treze de Maio.

A nova edição ainda tem mais uma semana pela frente e a programação segue recheada de atrações culturais. Na praça, 31 estandes estão espalhados pelo local e cada um deles tem algo de especial. E passear pela Feira do Livro é ter a certeza que é possível viver momentos especiais em um lugar urbano, como é a Praça Saldanha Marinho. Assim, compilamos 10 motivos para visitar a feira.

1 AS RARIDADES

Se você está procurando aquele livro raro e/ou aquele clássico que todo mundo já leu, menos você, a Feira do Livro é o lugar certo. As prateleiras do estande da Livraria Calle Corrientes, de Porto Alegre, ou dos Sebos Camobi e Capitu, de Santa Maria, são exemplos. Na primeira, literatura hispano-americana, cultura e história da América Latina e, ainda, da temática gauchesca, castelhana. Tudo isso com preços que variam de R$ 15 a R$ 300. Já nos Sebos Capitu e Camobi, o leitor pode ter acesso a clássicos da literatura brasileira por só R$ 30. Eles comercializam livros novos e seminovos, e ainda aceitam uma boa pechincha caso você queira trocar um livro seu por um deles.

2 ESPAÇOS PARA A GURIZADA

Este ano, os pequenos contam com quatro estandes dedicados a eles, como o espaço do Instituto de Leitura Quindim, que estreia na Feira. O estande trouxe opções de livros infantis com temáticas indígenas e afro. Um deles é o de Lázaro Ramos: Edith e a Velha Sentada, que sai por R$ 49.

– São livros que trabalham assuntos como a inclusão, preconceito e empoderamento. Além de histórias, tem os de colorir que estão saindo bastante – explica André Teixeira, vendedor da banca do Quindim.

Há ainda a opção de espetáculos infantis no Theatro Treze de Maio, para alunos das séries iniciais das escolas municipais da cidade. É a primeira vez que a maioria dos pequenos assistem as cortinas do palco se abrirem para a apresentação dos artistas.

Até o final da feira, 14 de maio, 8 peças teatrais ainda vão subir ao palco do Treze e três intervenções acontecerão na Praça. Neste final de semana, no sábado, às 15h, ocorre a peça teatral Tok Toque e a intervenção A Caligrafia da Dona Sofia. Já no domingo, tem o espetáculo especial Dia das Mães “Polly Divertida”.

3 MAIS DE 100 LANÇAMENTOS LOCAIS

Com cerca de 250 autores assinando 139 obras com lançamentos distribuídos pelos 16 dias de Feira do Livro, Santa Maria se tornou referência local, regional e nacional para o circuito literário brasileiro. Muitos escritores querem estar na Praça Saldanha Marinho.

– Dos lançamentos, 100 são de Santa Maria. 39 livros de fora, de outras cidades gaúchas como Porto Alegre, Bagé, Jari, Santiago, Cruz Alta e Caxias do Sul; além de outros estados, como Santa Catarina, Paraná e Distrito Federal – explica Rosangela Rechia, responsável pelos lançamentos na Feira.

Escritores que, por exemplo, formam a Turma do Café (com sete escritores) que lançou neste ano mais uma coletânea, o livro Todo amor vale um conto, que reúne histórias em suas 130 páginas redigidas e vividas por Antônio Cândido Ribeiro, Carlos Rangel, Francisco Ritter, Orlando Fonseca, Raul Maxwell e Vitor Biasoli.

A Feira também se renova. O jariense João Lucas Oliveira é o autor mais jovem da 49ª edição da Feira, tem só 18 anos. O jovem lança Cada vez mais Eu, de autoajuda.

Segundo a organização, a expectativa é de que o número de lançamentos aumente até o último dia de feira

4 OS ENCONTROS E REENCONTROS DA FEIRA

Uma gaúcha, uma paulista e uma carioca entram em uma feira. Claro que esse encontro inusitado só poderia acontecer na Praça Saldanha Marinho durante a Feira do Livro de Santa Maria.

– Eu sou de São Paulo (capital). A Nicolen é de Bento Gonçalves e a Danyelle é do Rio de Janeiro (capital) mas antes de vir para cá, ela morava no Espírito Santo. Somos bixos Produção Editorial da UFSM e marcamos esse rolê para também conhecer o centro da cidade – conta a universitária Larissa Nóbrega (de amarelo), de 18 anos.

O trio será voluntário no estande da Universidade Federal de Santa Maria neste final de semana e aproveitaram para conhecer a Cidade Literária.

– Resolvemos vir antes para entender como funciona a Feira. Na minha cidade não tem nada parecido e passando pelas bancas, deu para ver que tem de tudo. – avalia Nicolen Mezadri, 17 anos, que comprou um exemplar Médico (e)(o) Monstro, do gênero de ficção gótica/ terror.

Já Danyelle Moreira, 18 anos, carioca que morava em Guarapari (ES), estranhou o frio e a sequência de dias chuvosos daqui. Mesmo assim, ela ignorou as adversidades do clima e veio à praça.

– É a nossa primeira vez na Feira. Já havíamos planejado vir, apesar do frio e da chuva, não cancelamos e está valendo muito a pena – diz Danyelle.

Nos primeiros sete dias de feira, em quatro choveu o que, segundo a Câmara do Livro, acabou impactando negativamente nas vendas para os expositores. Até esta quinta, foram vendidos quase 10 mil livros.

5 SELO LITERÁRIO SANTA-MARIENSE

Há pouco mais de um ano, o produtor cultural Márcio Grings criava o Memorabilia Store, selo literário independente que realiza a edição de livros de escritores locais. Foi em março de 2021, em meio às mudanças profissionais provocadas pela pandemia, que ele deu início ao empreendimento.

De acordo com Grings, o trabalho começou com o pedido de um amigo, o escritor Ronaldo Lippold, para que o ajudasse na edição do livro Meu Reino Por Uma Cerveja. De lá para cá, oito livros foram produzidos, editados e comercializados na plataforma virtual do selo.

Agora, o selo tem uma banca na Feira do Livro 2022 com mais de uma dezena de obras. Nos últimos dias, além de Grings, quem esteve na banca para mostrar os livros foram os amigos e escritores Ronaldo Lippold e Paulo Juner.

– Nós adoramos estar aqui. Somos parte da Memorabilia de um jeito muito especial e é bacana ver nossos livros expostos. Hoje, o único livro da banca que não é de escritores locais ou que se relacionam com Santa Maria, é esse sobre o Júpiter Maçã, mas aí é totalmente compreensível, né – brinca Ronaldo.

6 AS DEZENAS DE BANCA

São 31 os estandes espalhados pela praça. Alguns, como o da Cesma, a Cooperativa Cooperativa dos Estudantes de Santa Maria, acompanham a Feira do Livro desde 1982. Mas foi só na década de 1990, junto das primeiras sete bancas que começaram a ocupar a praça, que a Cesma começou a expor e comercializar livros na praça. As primeiras bancas eram amarelinhas e algumas ainda seguem da mesma cor, como conta Télcio Bresolin, presidente da Câmara do Livro de Santa Maria e um dos responsáveis pela Cesma.

– Fazemos parte das primeiras sete bancas que se reuniram aqui na Saldanha Marinho lá pelos idos de 1996. E um dos nossos diferenciais é essa preocupação com o local, nós, assim como algumas outras bancas, estamos expondo principalmente os livros de escritores locais. É uma preocupação cultural que temos – ressalta Télcio Bresolin.

Assim como a Cesma, a Livraria da Mente também se consagra como uma das bancas mais antigas da Feira do Livro. Para o livreiro Celso da Silva Schmidt, a feira é um dos eventos mais esperados do ano.

– Estamos aqui há muitos anos e amamos isso. A feira é um espetáculo. Espalhar a cultura e o conhecimento é a melhor coisa que tem. Na banda da Mente, temos livros do Padre Lauro Trevisan, autoajuda, literatura, enfim. Acho que deveria ter duas vezes por ano de tão boa que é (a feira) – brinca o livreiro.

E, além das bancas antigas, a Feira do Livro também é uma referência quando o assunto é novidades. Em um dos cantos da praça, próxima a Rua Venâncio Aires, está a banca da Livraria Corvus, que chama a atenção pelos livros robustos e quase macabros. A estética das obras é uma das marcas da Darkside, primeira editora no Brasil inteiramente dedicada ao terror e à fantasia.

De acordo com Isadora Teixeira, vendedora da Corvus, além da paixão pela literatura fantástica, a Feira é também uma oportunidade de popularizar os livros do gênero:

– Estamos entre duas pessoas que adoram literatura fantástica e com toques de terror. Então, o Jonas e eu, passamos as tardes contando um pouquinho sobre cada livro, e é muito bonito quando vemos como as pessoas se interessam e ficam fascinadas.

Um pouco depois da passagem no Calçadão para a Praça Saldanha Marinho, está a banca do livreiro Miguel Gomez, argentino de Laprida, interior da província de Buenos Aires, e proprietário da Livraria Calle Corrientes, localizada na Rua Uruguai, em Porto Alegre. A banca é a única da feira especializada em cultura gauchesca castelhana e rio-grandense.

7 LITERATURA DOS PAMPAS

Há mais de 10 anos na Feira do Livro de Santa Maria, Miguel não lembra exatamente como começou essa relação, mas diz que o evento faz parte da agenda oficial da livraria e só não participou durante a pandemia.

Nas prateleiras, títulos de escritores latino-americanos como Julio Cortázar, Jorges Luis Borges, Eduardo Galeano, Isabel Allende e Gabriel Garcia Marquez podem ser vistos de longe. Para Miguel, o destaque deste ano é Violeta, de Isabel Allende. O romance foi inspirado na história da mãe da escritora.

– É um lindo romance e muito atual já que fala de pandemias. Mas, o mais procurado aqui é o Causos do Nêgo Véio, do artista Neto Fagundes. Esse tem saído muito e os gaúchos adoram – conta Miguel.

8 O PALCO DO LIVRO LIVRE

Foto: Ronald Mendes

Em 49 edições da Feira do Livro de Santa Maria, o Livro Livre, formato que prevê bate-papos com expoentes da literatura e apresentações culturais, é uma das principais atrações da feira. Ao longo dos anos, foram dezenas de personalidades, entre escritores, jornalistas, artistas e entre outros, que passaram pelos palcos santa-marienses.

Nomes como Atena de Bouveor, Daniela Arbex, Caco Barcellos, Moacyr Scliar, Marcia Tiburi, Thalita Rebouças, Itamar Vieira Jr, André Trigueiro e Eliane Brum marcaram a história da feira. Neste ano, já participaram da feira os escritores Afonso Cruz e Eduardo Bueno e o artista Fernando Anitelli, d’O Teatro Mágico.

Para o artista, o Livro Livre é, além de uma oportunidade, um espaço de integração cultural.

– Amo feiras de livro e estar nesse lugar onde literatura, música e teatro se encontram é maravilhoso. Promover essa intersecção entre as diferentes artes é uma forma de popularizar a cultura, vida longa a feira – ressalta Anitelli.

9 FEIRA INCLUSIVA

A cultura é para todos e todas e a Feira do Livro tem caminhado, a cada ano, na estrada da inclusão. A professora Maria Esther Gomes de Souza, por exemplo, antes de ser homenageada, costumava frequentar a feira como intérprete de LIBRAS. Neste ano, Maria Esther lançou dois livros voltados, especialmente, para as pessoas com deficiência auditiva: Minivoleibol para Surdos e Uma história de mãos brilhantes.

Além da professora, a escritora Fátima Segatto também dedica a vida para buscar a inclusão na literatura. Ela coordena editora Recanto do Escritor Segatto, que, atualmente, foca nas produções de crianças e idosos que desejam escrever. Ao lado de Fátima, o apenado Damião Silva dos Santos ajuda nas vendas e na organização da banca. Ele é autor de uma série de livros, como Odisseia do Hospício, de 2017, e Predestinado a Sobreviver, de 2019.

– Conheci o trabalho do Damião através de uma amiga que me deu um caderno de poesias com um material dele. Como os poemas são de qualidade, passei a editar o material e logo será lançado. Por isso, o Damião passou a nos ajudar na banca e, ao mesmo tempo, expor os livros que ele já produziu ao lado da Vento Norte Cartonera – conta Fátima.

10 REFERÊNCIA CULTURAL NO CORAÇÃO DO RS

Depois de dois anos de atividades remotas (2020) e híbridas (2021), a Feira do Livro de Santa Maria voltou à Praça Saldanha Marinho em sua 49ª edição. Em todas, o seu Armando Ribas, santa-mariense de 75 anos, esteve.

– Acho que em relação à primeira, em 1973, aumentou um pouco, mas nem tanto. O clima, o ambiente, continua o mesmo. O que mudou foram os livros e os preços, claro – brinca o aposentado sobre o início da, agora, maior Feira do Livro do interior do Estado e uma das mais tradicionais da América Latina.

A paixão de Ribas é tanta pela leitura que ele leva à Feira um carrinho azul para colocar compras. Quando o entrevistamos,o objeto, que em outras edições saiu com até 12 livros, estava ainda vazio.

– Cheguei há pouco e ainda não encontrei algo do meu interesse. Gosto do gênero policial, de suspense, mas leio de tudo. Inclusive, o conselho que dou aos jovens é que leiam de tudo: desde o clássico até o pornográfico. É assim que a gente forma uma base cultural – instrui.

Um dos patrimônios culturais daqui, a Festa Literária conta este ano com mais de 160 atrações distribuídas pela praça e teatro durante 16 dias de programação. Cerca de 150 postos de trabalho foram mobilizados.

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