"O mundo muda, e as pessoas criam novas formas de tentar burlar a legislação", diz assessor jurídico da Fatec sobre investigação que apura desvio de R$ 4,7 milhões

O assessor jurídico da Fundação de Apoio à Tecnologia e Ciência (Fatec), Victor Hugo Vianna, falou ao vivo nesta quinta-feira (20) no Bom Dia, Cidade, da Rádio CDN 93.5 FM, sobre a Operação Fafnir, deflagrada na quarta-feira (19) pela Polícia Federal (PF). A investigação apura suposto envolvimento de uma funcionária no desvio de R$ 4,7 milhões da instituição, que é ligada à Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Segundo Vianna, desde a Operação Rodin, deflagrada em 2007 pelo Ministério Público Federal (MPF) e pela PF, a Fatec tem aprimorado cada vez mais os mecanismos de controle interno para impedir novas irregularidades, e reforça que as irregularidades foram observadas e denunciadas pela própria instituição.

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A operação, que ocorre sob segredo de justiça, tem como alvo uma funcionária que trabalhava na empresa desde 1997. Segundo Vianna, ela foi demitida em outubro de 2024.

— A Fatec tem vários órgãos de controle, e um deles diagnosticou que existiam irregularidades, aparentemente formais, no trabalho dessa empregada. Mas foi necessária a abertura de uma sindicância para se apurar algo mais a fundo. E, óbvio, as conclusões da sindicância foram graves a ponto de culminar na demissão dela, e do encaminhamento para a Polícia Federal — explica.

Segundo o assessor jurídico, após a ​Operação Rodin, além de mudanças na administração da Fatec, novos mecanismos de controle foram inclusos nos processos da fundação de apoio:

— Ano após ano, a Fatec revisa seus mecanismos, porque o mundo muda constantemente, as tecnologias mudam, as pessoas acabam criando novas formas de tentar burlar a legislação. Independentemente de ter acontecido essa constatação em 2024, a Fatec tem esse compromisso com a Universidade Federal de Santa Maria, com o Ministério Público, com os seus professores e servidores que dependem dos seus serviços para atuar nos projetos, de estar sempre revisando os seus procedimentos, buscando uma maior transparência e uma maior publicidade do que ela faz — reforça.

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O caso 

A principal investigada da operação da Polícia Federal é uma funcionária de 55 anos da Fatec, apontada como participante em um esquema de desvio de fundos. Além dela, o marido e os dois filhos do casal também são investigados. Estima-se que o prejuízo ultrapasse R$ 4,7 milhões, contabilizados entre 2019 e 2024.

O esquema criminoso consistiria na apropriação indevida de verbas públicas, pagamento de despesas pessoais com o dinheiro da fundação e a utilização de empresas e contas bancárias de terceiros para ocultar o patrimônio adquirido de forma ilícita. 

Em julho de 2024, uma discrepância de R$ 20 mil foi detectada nas contas da fundação. Quando confrontada, a funcionária começou a fazer transferências para compensar o déficit, o que alertou a auditoria da UFSM. 

Investigação anterior

Nos 45 anos de existência da Fatec, não é a primeira vez que há uma investigação em curso na fundação de apoio vinculada à UFSM. Ela já teve a história marcada por um momento delicado pela Rodin, desencadeada pela PF e Ministério Público Federal (MPF) em novembro de 2007. O caso envolveu um desvio de R$44 milhões do Detran gaúcho. Até então, a atual investigação não aponta relação entre a Rodin e o novo caso.