ensino médio

VÍDEO+FOTOS: Retorno das aulas estaduais tem baixa adesão de alunos em Santa Maria

18.409

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Fotos: Pedro Piegas (Diário)
No Maneco, cerca de 160 alunos formaram fila, na manhã de hoje, para entrar na escola 

Alunos, pais de alunos e professores não parecem compartilhar da decisão do governo do Estado em recomeçar as aulas presenciais na rede pública de Santa Maria. Na manhã desta segunda-feira, em que estava previsto o retorno de estudantes do 1º ano do Ensino Médio das escolas estaduais, o Diário visitou quatro escolas e encontrou poucos alunos nas salas de aula.

Rede municipal terá calendário divulgado nesta segunda-feira

Escolas grandes como Maria Rocha e Cilon Rosa nem estavam abertas. No Manoel Ribas, que atende 1 mil alunos, apenas 164 compareceram ao primeiro dia de aula presencial. Outras escolas, como Cícero Barreto e Rômulo Zanchi, não chegaram a 10% da adesão ao ensino presencial. Entre alunos e professores, a sensação era de alegria pelo reencontro e apreensão por causa do risco de contágio pelo coronavírus.

ESTRUTURA

data-filename="retriever" style="width: 100%;">As salas de aula tinham apenas 9 lugares, distantes 1,5 metro, e os professores transmitiam a aula pela internet para que estava em casa

A Escola Estadual de Educação Básica Manoel Ribas, o popular Maneco, organizou a entrada dos alunos de forma que a proximidade fosse mínima no acesso. Portando o documento de autorização dos pais, os estudantes formaram uma fila com um metro de distância entre eles. Um por um, chegavam à recepção, apresentavam a permissão, tinham a temperatura aferida e, em seguida, eram orientados por uma professora a seguirem para as salas.

Vacinação da gripe para idosos e professores começa nesta terça

Tudo, é claro, regado a álcool em gel. Pelos corredores, avisos para evitar aglomeração, manter o distanciamento social, e indicadores pelo chão, levavam até as salas, todas organizadas com nove classes distanciadas. Em frente ao quadro de giz, os professores, paramentados com máscara, face shield e computador para a transmissão da aula aos que seguem estudando de casa, aguardavam os alunos para o reinício de um processo interrompido em março de 2020.

- Eu estou bem apreensiva. Já estou há 25 anos no magistério. Mas estou me sentindo como se fosse meu primeiro dia. Por toda essa questão da pandemia, a gente realmente esperava voltar logo, mas com vacina. Ao mesmo tempo que estamos felizes por rever os alunos, estamos com medo e torcendo que dê tudo certo - comentou a professora de Língua Portuguesa Sabrina Lopes, 42 anos.

data-filename="retriever" style="width: 100%;">No Maneco, alunos apresentavam a autorização dos pais enquanto passavam álcool em gel nas mãos e tinham a temperatura medida

Segundo a diretora da escola, Rosângela Maria de Freitas, não foi uma preparação fácil.

- Para uma escola deste tamanho, a dinâmica é complicada. Tivemos que instalar mais duas redes de internet, preparar todas as salas com os itens de prevenção, incluindo máscaras descartáveis, caso algum aluno precise. Apesar de estarmos com um número pequeno de funcionários para a higienização, temos todo um protocolo para os alunos ficarem em sala, professor protegido. Estamos preparados dentro do que a gente tem de suporte - afirma a diretora.

MELHOR PARA APRENDER

Entre os alunos que aguardavam o início das aulas, por volta das 8h da manhã, o discurso era de que, apesar de estarem com medo do contágio, a aula presencial é melhor para desenvolver os conteúdos. Alguns deles, do segundo ano, nem puderam viver a experiência do Ensino Médio de forma presencial. Como é o caso de Andressa Machado do Santos, 16 anos, que só veio para a escola agora, quando já está no segundo ano.

- Eu estava ansiosa para a volta das aulas. Era um momento que eu queria viver e o coronavírus tirou da gente. E agora vamos ter uma parte dela. Eu fico preocupada com essa situação, mas acho que o colégio está tomando todos os cuidados, e a gente também - comenta a aluna.

VÍDEO: Ordem de serviço do Parque Itaimbé será assinada nesta segunda-feira

Alecsandro, 18 anos, acredita que as aulas com os cuidados necessários, é muito melhor que o ensino remoto.

- É uma questão das pessoas se cuidarem. O ensino em casa não agrega tanto quanto na escola. Existe a opção de quem tem algum problema de saúde ou algum familiar doente não vir. As pessoas pensam que o chato é se cuidar, se policiar, mas faz parte e acho que é o momento certo para voltarmos - avalia o aluno.

Já Liana Rossi de Matos, 17 anos, do terceiro ano, é enfática quanto à importância das aulas presenciais:

- Eu prefiro ir para a escola a reprovar. As aulas online são ruins, às vezes a gente não entende nada, é muito melhor vir aqui, estar com o professor cara a cara para tirar as dúvidas. Ano passado eu perdi inteiro e não quero perder mais um ano - reclama a aluna.

POUCA ADESÃO

data-filename="retriever" style="width: 100%;">A escola Maria Rocha estava fechada na manhã de segunda-feira

As outras duas maiores escolas estaduais da região central da cidade, a Cilon Rosa e a Maria Rocha, estavam com as portas fechadas e luzes apagadas na manhã de segunda-feira. Segundo a direção da Maria Rocha, o retorno das aulas presenciais ainda depende da aprovação do Plano de Proteção Contra Incêndios (PPCI). A reportagem tentou contato por telefone com a direção da Cilon Rosa e ninguém atendeu às ligações.

Em outras escolas da rede pública estadual, a adesão foi abaixo de 10%. Na Cícero Barreto, no bairro Rosário, apenas dois alunos foram para a sala de aula, de um total de 520. No Rômulo Zanchi, que atende 91 alunos no Ensino Médio, somente oito decidiram voltar.

A diretora do Cícero Barreto afere o baixo número de alunos à insegurança dos pais:

- O pessoal está receoso em retornar. Os alunos até assinaram o termo, mas os pais deram uma segurada - comenta.

Santa Maria registra mais quatro mortes por coronavírus no final de semana

O supervisor da Rômulo Zanchi, Murillo Leão, também avalia o pouco retorno como resultado da insegurança:

- Se no Ensino Médio tivemos oito, na séries iniciais tivemos menos ainda. Há essa sensação de insegurança. Acredito que os pais ainda estejam temerosos, precisando entender ainda os processos e os cuidados que estamos tomando.

Para o diretor geral do 2º núcleo do Cpers/Sindicato, que atende 18 municípios da região, esse não seria o momento de retorno das aulas no Estado: 

- Nós entendemos que não é o momento, e consideramos acertada a medida dos pais em não enviarem os filhos. As escolas não têm condições de preservar e cumprir os protocolos. O governo mudou as medidas para as aulas voltarem, porém a doença não foi amenizada e Santa Maria tem muitos casos. Aconselhamos os pais que não levem os filhos, esperem um momento em que a vacinação esteja acessível, que mantenham seus filhos com as aulas remotas - disse Rafael Torres, que também é professor de Língua Inglesa no escola Érico Veríssimo.

Segundo balanço da Secretaria Estadual de Educação (Seduc), 72,59% dos colégios que ofertam Educação Infantil e Ensino Fundamental atenderam alunos desde a semana passada. O balanço foi finalizado no último sábado e contabiliza os cinco primeiros dias. Segundo a Seduc, 1.303 escolas receberam os alunos, de um total de 1.795 que atendem estudantes dos níveis de ensino já autorizados para o retorno, no Rio Grande do Sul. 

Adesão nas escolas

  • Cilon Rosa - Fechado
  • Manoel Ribas - 164 de 1mil atendidos
  • Maria Rocha - Fechado
  • Rômulo Zanchi - 8 alunos de 91 atendidos
  • Cícero Barreto - 2 alunos de 520 atendidos

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Setor de Turismo deve demorar sete anos para superar impactos da pandemia, aponta pesquisa Anterior

Setor de Turismo deve demorar sete anos para superar impactos da pandemia, aponta pesquisa

UFN tem vagas em 29 cursos pelo vestibular de inverno 2021 Próximo

UFN tem vagas em 29 cursos pelo vestibular de inverno 2021

Educação