Fotos: Nathália Schneider
Vitória foi quem participou da inauguração simbólica da hora Fátima Bock.
Neste sábado (15), a comunidade compareceu na Escola Municipal Ensino Fundamental Sérgio Lopes, no bairro Renascença, para mais uma confraternização. Desta vez, com a inauguração da Horta Fátima Bock, um projeto pensado pelos alunos, professores e liderado por uma mãe – a mesma que foi homenageada com seu nome na iniciativa. Os 110 alunos da escola se envolvem no preparo da terra, compostagem, plantação das sementes, cuidado diário e confecção das placas de sinalização dos cultivos. Com a contribuição de toda a comunidade, as hortaliças e verduras estão sendo produzidas para, no fim, estarem na merenda escolar. Na manhã do encontro, também houve mostra de trabalhos produzidos pelos alunos e apresentação do grupo de capoeira.
Quem apresentou a horta à equipe do Diário foi a aluna do 1º ano, Vitória Silveira do Carmo, 6 anos. As turmas iniciais são as responsáveis pelas placas que indicam o cultivo em cada trecho. Ela mostrou os pés de alface, moranga, pimenta, chuchu, couve, repolho. Sua mãe Graziela Silveira da Cunha,38, auxiliar de limpeza, aprende cada vez mais com as descobertas da filha:
– Eles vão conhecendo as plantas e está sendo muito bom. Aprendem a mexer na terra e conhecem novos alimentos. A rúcula por exemplo, ela (Vitória) não gosta muito, mas ela come.
Laboratório de aprendizagem
O projeto já existiu antes da pandemia por dois anos, mas, por consequência da paralisação das aulas, foi abandonado. Após solicitação dos alunos, ele retorna para fomentar o cuidado com o meio ambiente, desenvolvimento comunitário e intenso aprendizado, na descrição da diretora da EMEF Andreia Schorn, 52 anos:
– Fomos fazendo as sementeiras e buscando o material. Precisava de madeira e ela disse (Fátima) que iria pedir para o pai de outro aluno. Me pediam martelo, comprávamos. A comunidade trazia as coisas que precisávamos, com o dinheiro do brechó comprávamos as ferramentas, fomos ganhando as sementes. E as crianças foram se apropriando deste espaço.
Fátima Isabel Bock, 36 anos, é mãe do Rage, Maria e Cristofer, que estudam na escola. Sua disponibilidade de começar o projeto movimentou toda a comunidade escolar.
- Nunca tive essa vivência antes. Na verdade, eu me entusiasmei quando eu comecei a virar a terra e as crianças vieram e começaram a virar comigo, aquilo me deu ânimo. Comecei a pesquisar e fui trazendo os conhecimentos, aplicando aqui e foi dando certo. Conforme vamos tendo doações nós vamos prosseguindo – relata Fátima.
Grupo de Capoeira
Além da horta, a escola tem outros projetos, como é o caso das aulas de capoeira. O angoleiro, uma das figuras desta expressão cultura, João Horácio Borges, 65 anos, acompanha a turma de 40 crianças desde o início do ano:
– É uma turma de 5 a 7 anos, e outra de 8 a 12. A gente dispõe de um dia na semana, não chega a duas horas em cada uma destas turmas, e surpreende o resultado, interesse e motivação. Isso nos gratifica e incentiva.
Quem chega em casa com novos aprendizados após cada aula é a Ysabella Gonçalves, 7 anos. A mãe Pâmela Tainara Gonçalves, 27 anos, garçonete, incentiva as participações.
– Se ela aprendeu hoje um passo diferente, ela já quer fazer em casa. Vai em cima da cama, pega o irmão dela de cobaia para ensinar. É bem interessante.
A horta Fátima Bock
- 110 alunos participam do projeto
- São plantados alface, moranga, pimenta, chuchu, couve, repolho, entre outros. Além de batata inglesa, beterraba e cenouras em canteiros separados
- Eles fazem a própria compostagem com restos orgânicos da cozinha e estercos doados pelo vizinho
- O plantio iniciou em maio e sua primeira colheita deve ser nas próximas semanas com as hortaliças mais rápidas, como por exemplo o alface
- A produção será usada no complemento da merenda escolar
- O projeto se mantém por meio de doações à escola e das vendas do brechó