ensino

A história de três guerreiras doutoras em Educação

Gilson Alves

Foto: Gilson Alves (Diário)
Professora Maria Rita Py Dutra. 1ª Doutoranda Negra do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) da UFSM

Os períodos são diferentes - 2001, 2014 e 2018 -, mas as três professoras têm muitas coisas em comum. São mulheres, mães, negras, venceram preconceitos, lutaram pela sua carreira e conquistaram o título de doutora em Educação pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). A última delas a garantir a titulação foi a professora Maria Rita Py Dutra, 70 anos, que defendeu sua tese no último dia 13 de agosto. Em 2001, foi Isabel Cristina Corrêa Röesch que chegou a esse feito e, em 2014, Ana Paula da Rosa Cristino Zimmermann tornou-se doutora.

Os temas explorados pelas professoras em suas pesquisas incluem questões raciais e de gênero, buscando retratar a realidade do mercado de trabalho, principalmente na área da educação. Em comum, os obstáculos, o preconceito, a falta de políticas públicas adequadas e as dificuldades para ingressar no mercado de trabalho.

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Com o tema "Inserção no Mundo do Trabalho de Cotistas Negros Egressos da UFSM", Maria Rita Py Dutra se propôs a avaliar a política pública, acompanhando a entrada de cotistas na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no ano de 2008, até o momento da saída da instituição (após a formatura). Para desenvolver sua pesquisa, ela acompanhou a trajetória de 11 jovens que se enquadravam na situação de cotista.

- A principal justificativa da minha tese é que a política de cotas é uma política pública que precisa ser avaliada. Acompanhei cotistas desde a sua entrada, em 2008, até a formatura. E, dentro desse quadro, investiguei quem está trabalhando, quem está estudando e quem continua no trabalho anterior. Não cheguei a pesquisar o mundo do trabalho depois, mas, sim, até o ingresso de cada um nesse meio - explica a professora.

Conforme a pesquisa, dos 11 estudantes, três estão no mercado de trabalho. Os demais oito seguem na academia. Três fazem doutorado, dois cursam especializações, dois pediram reingresso e um cursa mestrado.

- Eu queria ver se, quando eles ingressaram na sociedade, sofreram racismo e se, para entrar no mundo do trabalho, tiveram essa mesma dificuldade. Conforme a pesquisa, eles me disseram que, em parte, não sentiram essa dificuldade - diz.

O exemplo de escolas que superaram média no principal índice de qualidade do ensino

De acordo com Maria Rita, em sua tese foi possível verificar as mesmas dificuldades encontradas para qualquer estudante, independentemente de ser ou não cotista.

- Não tem trabalho, pois o mercado está bastante fechado para todos - avalia.

Em contrapartida, a professora percebeu uma maior preparação dos estudantes (isso dentro do universo dos 11 alunos acompanhados por ela).

DIFERENÇAS DE GÊNERO NO MERCADO

Foto: Renan Mattos (Diário)
Professor Doutora em Educação, Ana Paula Zimmermann, fala sobre as temáticas de pesquisa e trabalhos desenvolvidos por ela

Em 2014, Ana Paula da Rosa Cristino Zimmermann, professora da rede pública e do curso de especialização a distância da UFSM, defendeu sua tese de doutorado com o tema "Dialéticas do Feminino: Interlocuções Com Professoras de Educação Física da Rede Municipal de Ensino de Santa Maria Sobre Trabalho Pedagógico". Ela estudou a constituição histórica da mulher.

- A Educação Básica pública sofre influência de ações políticas e orientações ideológicas. Busquei a articulação com a educação física por ser uma área em que há desafios para as mulheres, pois, do ponto de vista histórico, acaba sendo predominantemente masculina. Embora exista o discurso da igualdade dos gêneros, na verdade, o que há é uma naturalização das diferenças - afirma Ana.

NEGROS SÃO MINORIA NA DOCÊNCIA

Isabel Cristina Corrêa Röesch, hoje professora na Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), em Cascavel, tornou-se, em 2001, doutora em Educação na UFSM. Com a tese "Docentes Negros: Imaginários, Territórios e Fronteiras no Ensino Universitário", investigou a história de vida de docentes negros e suas dificuldades.

- Minhas pesquisas são sempre na área de formação docente. No meu mestrado, a pesquisa buscou conhecer as significações imaginárias de seis professores negros do Ensino Médio em relação à docência - explica.

Em suas pesquisas, incluindo a de doutorado, ela concluiu que, além dos professores negros serem minoria nas instituições de ensino, é muito doloroso para eles rememorarem alguns fatos racistas ocorridos na sua vida.

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