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'O Exército é fundamental para o desenvolvimento da cidade', afirma diretor do Colégio Militar

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data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: arquivo pessoal

Nascido em São Borja, o coronel Gerson Vargas Ávila, 50 anos, é o diretor do Colégio Militar de Santa Maria (CMSM) desde fevereiro de 2019. Esta é a quarta passagem do militar pelo Coração do Rio Grande. Filho de Waldecir Fagundes Ávila e Belkiss Vargas Ávila, ele tem 33 anos de carreira no Exército Brasileiro. Ávila é casado com a educadora-física Adriana Ávila e tem as filhas Gabriela, Rafaela e Sofia. Nesta entrevista, ele fala, entre outros assuntos, sobre as experiências que acumulou em várias regiões do Brasil e da importância do Exército para o desenvolvimento da Região Central.

Diário - Que lembranças o senhor tem da infância?

Gerson Vargas Ávila - Posso dividir minha infância em duas fases, uma em São Borja e outra em Porto Alegre. Em São Borja, cresci como um guri do interior. Jogava futebol na rua de casa e nos campos de "pelada", andava de bicicleta livremente pelas ruas do bairro, fazia armadilhas e caçava passarinhos nos bosques próximos a casa dos meus pais. Aos domingos, almoçava na casa dos meus avós e, após, ia ao cinema. Nas férias, sempre que podia, ia para a campanha pescar e andar a cavalo. Nesta época, aprendi muitas coisas das lidas campeiras, como carnear ovelha, laçar, curar terneiros e borregos machucados, parar rodeio com o gado no alto de uma coxilha, entre outros trabalhos. Guardo até hoje este aprendizado. Também era possível tomar banhos nos açudes e barragens que existiam na Coudelaria do Exército, em São Borja.

Diário - O senhor passou um pouco dessa fase na capital do Estado.

Ávila - Sim. Em Porto Alegre, quando fui aluno do Colégio Militar (CMPA), tive a oportunidade de fazer outras atividades que não eram comuns a um guri do interior, como andar de skate e fazer bicicross no Parque Marinha do Brasil, jogar futebol no Parque da Redenção, ir às missas aos domingos à noite na Igreja Santa Terezinha, assistir aos jogos da dupla Gre-Nal, preferencialmente os jogos do Inter, é claro. Essa oportunidade não teria em São Borja, exceto nas raras vezes que o Inter jogou pelo Gauchão contra o Internacional de São Borja ou com outro time da minha terra natal. Assisti a vários shows de artistas e bandas famosas no Gigantinho e participei de gravações do Galpão Crioulo.

Destaco, também, os passeios na Rua da Praia e no Shopping Iguatemi para apreciar o relógio d'água, novidade na Capital. E, nas férias de fim de ano, não podiam faltar as lidas campeiras e o encontro com amigos na piscina do Clube Recreativo São-Borjense para contar as novidades de Porto Alegre

Diário - O senhor sempre quis ser militar?

Ávila - Embora eu seja filho de militar, a vocação para a carreira das armas floresceu depois que entrei no CMPA, na década de 1980, onde cursei os ensinos fundamental e médio.

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: arquivo pessoal
Registros dos tempos em que Ávila (à frente) era aluno do Colégio Militar

Diário - Quais cargos ocupou no Exército até chegar ao comando do Colégio Militar de Santa Maria (CMSM)?

Ávila - Nesses 33 anos de Exército, desempenhei todos os cargos que um oficial pode exercer. Como tenente, fui comandante do Pelotão de Operações Especiais do 7º Batalhão de Infantaria Blindado (7º BIB), quando ele ainda funcionava em Santa Maria. Comandei um Pelotão Especial de Fronteira em Clevelândia, do norte no Oiapoque, no Amapá. Como capitão, comandei subunidades operacionais em batalhões Blindado e de Selva e, também, a companhia de comando da 6ª Brigada de Infantaria Blindada (6ª Bda Inf Bld), além de ter ocupado cargos de assessoria em operações e inteligência. Como oficial superior, que é a partir de major, desempenhei funções como oficial de operações e inteligência e tive o privilégio de ser instrutor da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, a escola de mais alto nível do Exército Brasileiro. Em 2012, já como tenente coronel, fui nomeado para comandar o 13º Batalhão de Infantaria Blindado (13º BIB) em Ponta Grossa, no Paraná.

Diário - Em quais outras cidades o senhor serviu?

Ávila - Findado os dois anos de comando no 13º BIB, promovido a coronel, desempenhei a função de chefe do Estado-Maior de uma Brigada de Selva em Porto Velho, Rondônia. Após, fui selecionado para representar o Brasil no exterior, cumprindo missão em Buenos Aires, na Argentina. Retornando ao Brasil, fui para Brasília exercer a função de analista do Centro de Estudos Estratégicos do Exército. Depois, fui nomeado para o comando CMSM.

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: arquivo pessoal
Ao lado da esposa Adriana (a partir das esq.) e das filhas Rafaela, Gabriela e Sofia (à frente)

Diário - Quais são os principais desafios e satisfações à frente do Colégio Militar?

Ávila - Entre os desafios, há a responsabilidade de manter o elevado padrão de educação ministrado no Colégio Militar e continuar formando cidadãos com valores éticos e morais, que valorizem princípios e tradições do Exército Brasileiro. Aprovamos alunos em concursos de escolas militares e nas melhores instituições de Ensino Superior. Tenho a satisfação de retribuir ao sistema Colégio Militar do Brasil tudo o que ele fez por mim. Os anos no colégio fizeram com que eu adquirisse uma excelente base de ensino, o que me permitiu a aprovação em todos os concursos que fiz ao final do Ensino Médio.

style="width: 100%;" data-filename="retriever">Foto: arquivo pessoal
Com a esposa e os pais, Belkiss e Waldecir

Diário - Quais experiências mais lhe marcaram?

Ávila - Passei por vários estágios no Brasil e no exterior, tanto na área operacional quanto em gestão estratégica. Fiz montanhismo, paraquedismo, cursos de blindados, de operações psicológicas e de operações na selva. Realizei um estágio de operações fluviais em ambiente hostil de selva no 9º Regimento de Infantaria de Marinha da Legião Estrangeira, na Guiana Francesa. Em gestão estratégica, destaco o MBA em Logística pela Fundação Getúlio Vargas e a especialização em Relações Internacionais, o mestrado do Curso Superior de Defesa, na Universidade Nacional de Defesa da Argentina, e o curso de Operações na Selva, no Centro de Instrução de Guerra na Selva, em Manaus.

Diário - O que o Exército representa para Santa Maria?

Ávila - O Exército é fundamental para o desenvolvimento socioeconômico da cidade e da Região Central. A quantidade de materiais de emprego militar, como os simuladores com elevado grau de sofisticação tecnológica, exigiu a chegada de novas empresas na cidade, além de importantes parcerias com instituições de Ensino Superior.

Diário - E além do trabalho?

Ávila - Nossa profissão é um sacerdócio. No entanto, consigo separar a parte profissional da familiar e sempre arrumo tempo para minha esposa e filhas. Não costumo fazer planos a longo prazo. Acredito que o futuro a Deus pertence. Todavia, pretendo cumprir meus dois anos no comando do CMSM. Após esse período, e para atender os anseios da família, quero retornar a Brasília.

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