com a palavra

'A UFSM foi a minha segunda casa' lembra, aos 79 anos, o ex-reitor Clóvis Lima

Rafael Favero

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Daniel Becker
Lima ocupou o cargo máximo da UFSM de 2005 a 2009

Nascido em Caxias do Sul, Clóvis Silva Lima, 79 anos, foi reitor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) de 2005 a 2009. Formado em Farmácia pela instituição em 1964, ele ingressou no quadro de docentes meses depois. Com cerca de 45 anos dedicados à universidade, Lima se destacou ao comandar um dos períodos de maior crescimento da UFSM. O professor aposentado, casado com a decoradora e promotora de eventos Iara Lima, é pai de Marcelo, Tatiana, Alecsandra e Luana e avô de Theodoro e Valentina. Nesta entrevista, ele repassa a trajetória ligada à educação em Santa Maria.

Diário - O que recorda da infância em Santa Maria?

Clóvis Silva Lima - Acredito em destino. Penso que cada um de nós tem, ao nascer, uma trajetória a cumprir. Meu pai era soldado e, por conta de discussões em jogos militares, houve um incidente com um superior e ele ficou na seguinte situação, ou seria expulso das Forças Armadas ou transferido. Assim, chegamos em Santa Maria. De nascença, sou caxiense. De coração, me considero santa-mariense. Em Santa Maria, ainda criança e com algumas dificuldades que todos nós temos, comecei a despertar para atividades esportivas. Na verdade, o esporte me abriu as portas para outros caminhos que surgiram ao longo da vida, inclusive o estudo. Neste contexto, comecei a jogar basquete no Corintians. Na categoria infantil, o nosso técnico e, também, o clube, exigiam que fôssemos bem na escola. Como eu gostava de jogar, estudava. Daquele grupo todo, somente um não fez curso superior na UFSM. Cheguei a ser jogador profissional do Inter-SM, como zagueiro. Já profissionalmente, optei por fazer Farmácia por achar esta área interessante.

Diário - Como foi o início da docência na UFSM?

Lima - Em 1960, entrei na graduação e me formei em dezembro de 1964. Tinha convites para trabalhar em Santana da Boa Vista, na área de análises clínicas, ou em Canoas, em tecnologia em alimentos. Porém, fui convidado por professores a ficar na UFSM. Tinha a vaga de professor colaborador. Mais tarde, se fazia o concurso, já dentro da instituição. Com isto, nos tornávamos vinculado definitivamente à universidade. Ainda não havia ocorrido a transferência de grande parte dos cursos do Centro para o campus. A partir daí, fui desenvolvendo a parte da docência. Em março de 1965, estava dando aula para os meus ex-colegas. Saí porque a aposentadoria compulsória me pegou. A UFSM foi a minha segunda casa. Nela, meus filhos também se formaram. Até hoje, sou grato ao que ela me proporcionou. Neste universidade, exerci todos os cargos administrativos possíveis, entre eles, chefe de departamento, coordenador de curso, vice-diretor de centro, diretor do Centro de Ciências da Saúde (CCS), vice-reitor, por duas vezes, e, finalmente, reitor.

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: arquivo pessoal
Na foto publicada no Diário em 2005, um registro de Clóvis Lima com a mulher e duas das filhas

Diário - Quais momentos lhe marcaram durante o período em que foi reitor?

Lima - Em dezembro de 2005, assumi o mandato de quatro anos. A UFSM prestou um serviço inestimável à sociedade e à população brasileira ao participar e ampliar cursos e vagas para alunos em todo esse período. Durante esses anos e após a minha saída, tivemos a construção do Centro de Educação Superior Norte, em Palmeira das Missões e Frederico Westphalen. Posteriormente, o Ministério da Educação convidou a UFSM e a UFPel a construírem a Universidade Federal do Pampa (Unipampa).

Diário - E que outros desafios poderia destacar?

Lima - Entre vários, essa fase de construção. Refiro-me aos prédios e ao começo das aulas. Tudo tinha que ser feito em nove meses. De fevereiro a 16 de outubro de 2006, a Unipampa, com cerca de 10 campi espalhados pelo Rio Grande do Sul, tinha que ter aula. Santa Maria ficou responsável pelos campi de São Gabriel, Alegrete, Itaqui, Santana do Livramento e Uruguaiana. Começamos do zero. As prefeituras davam o terreno e nós tínhamos que participar dos projetos de construção dos prédios. Em 16 de outubro, começaram as aulas. Tudo isso se deve à comunidade universitária. Além da construção, criamos concursos para professores e técnico-administrativos, elaboramos conteúdos das disciplinas e, ainda, planejamos o vestibular.

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Foto: reprodução
Matéria do Diário, em 2005, mostrava a vitória de Lima nas eleições para a reitoria da UFSM

Diário - O senhor foi reitor no auge do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni).

Lima - Quando fui eleito, me preocupava com a imagem que teria ao entregar o cargo. Somos falíveis. Precisamos de assessores, técnicos, professores e alunos. Não se faz nada sozinho. Em 2007, surgiu o Reuni. Passei a tarefa de escolher quais cursos seriam criados aos diretores de centro. Na época, fizemos mais prédios, laboratórios e concursos. Recurso não faltou. Havia um orçamento paralelo ao normal para executar o Reuni, o que se estendeu até 2013. A universidade praticamente dobrou.

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: arquivo pessoal
Lima rodeado pelos filhos e netos

Diário - Faltou fazer algo pela UFSM?

Lima - Sim, realizar uma avaliação, um debate a respeito da estrutura da universidade. Principalmente, nos departamentos, setores que têm o poder na universidade e onde estão lotados os professores.

Diário - E o que pontuaria?

Lima - O coordenador deveria ter mais poder de decisão de execução do currículo. Porém, hoje, ele pede ao chefe de departamento para dar determinada disciplina. Às vezes, não existe compatibilidade entre os setores. Na UFSM, isso deveria ser mais discutido.

Diário - A que o senhor se dedica atualmente?

Lima - Fui secretário adjunto de saúde depois de sair da universidade. Hoje, tenho mais tempo para a família, participo de alguns conselhos, como o da Apusm, dedico-me ao centro espírita, vou à academia e jogo tênis. Tive muito mais do que poderia imaginar na minha vida. 

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