Como em um jogo de xadrez, está posto o tabuleiro político para a eleição a prefeito de Santa Maria no ano que vem. Os partidos se articulam, e as peças de possíveis candidatos começam a ser conhecidas. Porém, surge um novo fator que deve trazer novos jogadores às urnas e mudar as estratégias dos partidos. A possibilidade de segundo turno foi dada como certa nos últimos dias pela Justiça Eleitoral. Não há previsão de recadastramento biométrico do eleitor santa-mariense (o que geralmente reduz o número de votantes) e já ultrapassamos os 200 mil eleitores. Atualmente, são 201 mil votantes.
Das últimas cinco eleições municipais, apenas em 2008 e 2012, o eleito teve mais de 50% dos votos válidos. Especialistas afirmam que vai aumentar o número de candidatos no primeiro turno, pulverizando os votos. Diante desse cenário, o segundo turno deve proporcionar coligações surpreendentes, com tradicionais adversários dividindo o mesmo palanque.
O Diário conversou com 10 partidos, entre os maiores e os que têm representação no Legislativo Municipal, e aponta sete nomes com potencial de candidatura.
Segundo o cientista político e presidente do Instituto de Pesquisas e Projetos Sociais (Inpro), Benedito Tadeu Cesar, o segundo turno dá maior legitimidade ao eleito, já que ele tem mais da metade dos votos válidos. Cesar não vê como negativos os acordos partidários e as alianças, o que o preocupa é a forma como são construídos:
O segundo turno não poderia servir como um balcão de negócio. Mas, na prática, é o que acontece. Ou seja, se divide o espólio, quem leva o quê, quem fica com quais cargos.
O cientista político da Universidade de Brasília (UnB) Paulo Kramer também questiona os arranjos:
O eleito pode ter uma base mais ampla na Câmara, com maior facilidade em aprovar projetos do Executivo. Porém, quanto mais adesão, maior o número de apoiadores a serem contemplados com cargos.
Todos falam e todos tentam esconder o jogo
Entre os presidentes e integrantes dos partidos de Santa Maria, a fala é quase consensual: as tratativas já tiveram início. No entanto, ninguém se arrisca a adiantar nomes. Neste momento, todos falam com todos. Um enigma, contudo, é recorrente entre os caciques do meio político: do lado governista, quem será o nome que sucederá a administração de Cezar Schirmer (PMDB). Os peemedebistas carecem de um nome com fôlego à eleição e o próprio prefeito já deixou claro que tem uma dívida de gratidão com o vice, José Haidar Farret (PP).
Além de Farret, a eleição de 2016 terá outros nomes conhecidos. O PT, que já governou por dois mandatos, deve apostar no deputado estadual Valdeci Oliveira, que foi o primeiro prefeito reeleito da cidade. Ele é o nome mais consensual da sigla.
O vereador Werner Rempel (PPL), que já esteve ao lado do PT e foi vice de Valdeci (2005 a 2008), buscará ser o azarão do pleito. Werner é, até o momento, o único a se apresentar como pré-candidato.
Jorge Pozzobom (PSDB), o deputado estadual mais votado em Santa Maria, deve fazer frente ao bloco tucano. Terceiro no pleito municipal de 2012, mantém cautela, mas seu nome é dado como certo. Outro que deve voltar a aparecer é Tiago Aires (PSOL), que ficou em último ma eleição passada a prefeito, o estudante de Direito se apresenta como uma via alternativa aos demais nomes.
Janela aberta até outubro
O vereador Marcelo Bisogno (PDT), que já foi secretário de município de Valdeci e de Schirmer, apresenta-se como candidato. No entanto, os pedetistas têm plano de trazer para a sigla o petista Fabiano Pereira. Fabiano terá de decidir até outubro se troca de partido.
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