Política

MP de Cruz Alta move ação por irregularidades envolvendo cemitério

Supostas irregularidades em um contrato de concessão entre a prefeitura de Cruz Alta e o Cemitério Parque Jardim do Sossego resultaram na abertura de uma ação civil pública por improbidade administrativa contra o ex-prefeito Juliano da Silva (PDT), que teve pedido de bloqueio de seus bens feito pela Promotoria Especializada de Cruz Alta.

Sede do Ministério Público em Cruz Alta
Ação de improbidade administrativa envolvendo cemitério partiu do Ministério Pública e mira políticos e empresários da cidade Foto: Ministério Público / Divulgação

Na sexta-feira, a Justiça deferiu a indisponibilidade dos bens de Juliano, do seu vice à época, Moacir Marchesan (PP), do vereador Jorge Luís Correa Bonaldi (PDT) e da administração do Cemitério Parque Jardim do Sossego Ltda.

O Ministério Público (MP) pede a devolução aos cofres públicos de valores pagos ao cemitério, bem como a aplicação de multa de até R$ 1,3 milhão. 

Segundo a promotora de Cruz Alta Tássia Bergmeyer da Silveira, em 1995, a prefeitura e o Jardim do Sossego assinaram contrato de concessão pelo qual o município concedia ao cemitério o direito de explorar serviços, entre eles sepultamentos.

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Em contrapartida, o cemitério se comprometeu a fornecer uma área de 2.184 metros quadrados e a infraestrutura para enterros. 

Já em 2013, o então prefeito Juliano da Silva, com o aval do Legislativo,  alterou o contrato com o cemitério, acertando que a prefeitura faria uso da área prometida pela concessionária em 1995 e pagaria um valor de R$ 3.656,65 pelos serviços e despesas para cada sepultamento.

Segundo gravações da sessão legislativa, o vereador Jorge Bonaldi teria sido o “maior defensor do projeto, descobrindo-se posteriormente que tinha laços escusos com o cemitério beneficiado”, segundo o MP.

O MP apontou que o pagamento do valor por sepultamento era irregular, já que os “serviços e despesas” pelos quais a prefeitura pagou eram idênticos à “infraestrutura” que deveria ser fornecida “sob única e integral responsabilidade” da concessionária. O valor irregular repassado seria de R$ 447.790,25. 

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Vereador nega irregularidades

O vereador Bonaldi disse ontem que ficou "surpreso" com a denúncia, que ficou sabendo por uma emissora de rádio. Ele lembra que o projeto de lei proposto pelo ex-prefeito passou por amplo debate e foi aprovado por unanimidade na Câmara de Vereadores. 

Ele justifica a concessão ao cemitério particular porque a outra necrópole da cidade não tem mais condições de oferecer um serviço adequado.

– Temos um cemitério municipal precário, que tem mais de 120 anos e quase 80 mil pessoas sepultadas lá, mais que a população atual de Cruz Alta – Justifica. 

Ele admite que tem um filho que trabalha para a empresa do cemitério antes mesmo dele ser vereador, mas nega ser sócio. 

O Diário tentou ouvir o ex-prefeito Juliano e o ex-vice Marchesan, mas eles não foram localizados. 

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O caso

–  Entre 2013  e 2016, segundo o Ministério Publico, o então prefeito Juliano da Silva (PDT) e seus aliados políticos teriam cometido improbidade administrativa por favorecimento ilícito ao Cemitério Parque Jardim do Sossego

–  Em 1995, a prefeitura de Cruz Alta firmou contrato de concessão com o Cemitério Parque Jardim do Sossego, que passou a ter o direito de explorar os serviços em troca de uma área de 2.184m2 e infraestrutura para sepultamentos

– Em 2013, o então prefeito Juliano da Silva propôs projeto de lei alterando o contrato com o cemitério e acertando que o município faria uso da área prometida em 1995 e pagaria um valor de R$ 3,6 mil pelos serviços e despesas por enterro

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– O Ministério Público apontou que o pagamento de R$ 3,6 mil por sepultamento era irregular, uma vez que os serviços e despesas pelos quais a prefeitura pagou seriam idênticos à infraestrutura que deveria ser fornecida pela concessionária do cemitério

– O sepultamento particular custava R$ 3,9 mil por pessoa, afora o terreno no cemitério

– Pelos serviços que teria direito de exigir gratuitamente, a prefeitura teria transferido ao cemitério R$ 447,7 mil de forma indevida

– Outra irregularidade apontada seria a cobrança até por serviços não prestados, como aluguel de toldo de chuva por R$ 300, por sepultamento, mesmo em dias de sol

– O MP também constatou a cobrança de R$ 507 por lápide sem o serviço completo

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– O vereador Jorge Luís Correa Bonaldi (PDT), Joca Bonaldi, é acusado de ter defendido a alteração de contrato com favorecimento ao cemitério porque teria laços com a empresa beneficiada

O que pede a Promotoria

– Devolução aos cofres públicos dos valores pagos ao cemitério, além de multa de até R$ 1,3 milhão aos envolvidos, calculada em 3 vezes o prejuízo ao dinheiro público

– Bloqueio de bens de todos os 5 envolvidos (incluindo a empresa que administra o cemitério), medida deferida pela Justiça na última sexta-feira, no valor de até R$ 7,6 milhões

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