Vários exemplos recentes denotam a sensação de que, no Brasil, segue imperando o regime do vale-tudo. A lista de exemplos é interminável.
Empreiteiras admitem superfaturamentos e propinas a políticos e a campanhas políticas, em especial ao PT, que é foco principal das atenções justamente por ser governo há mais de uma década. Um banco nacional de desenvolvimento, o BNDES, patrocina prioritariamente as obras dos amigos do rei, inclusive no Exterior, para beneficiar os parceiros, enquanto no Brasil falta dinheiro para obras importantes.
Mesmo enlameados de indícios de corrupção, políticos, como Eduardo Cunha (PMDB), fazem as mais inimagináveis manobras para tentar se manter nos cargos. Além disso, chegamos ao ponto de a presidente da República nomear um ex-presidente justamente para protegê-lo da Justiça, ou ao menos adiar seu julgamento, com sinais evidentes de desvio de finalidade.
Além disso, Dilma é, no mínimo, conivente com a corrupção. Mas ainda não acabou: até integrantes do próprio poder judiciário dão sinais claros de estarem tomando decisões com base em convicções pessoais, como o juiz declaradamente tucano que suspendeu a posse de Lula, ou até mesmo a divulgação de gravações telefônicas envolvendo a presidente da República em tempo recorde e de forma muito questionável.
Com isso, parte do Judiciário dá sinais de transgressão da Constituição, tornando-se protagonista e querendo fazer justiça pelas próprias mãos - não deveria ser assim, mas diante de tantos absurdos em Brasília, como criticar a parcela da população que acha que os fins justificam os meios? O povo avalia: entre uma Justiça excessivamente frouxa e lenta e uma Justiça que ultrapassa alguns limites, qual a mais justa?
Até porque o conteúdo das gravações de Lula é grave, pois demonstra que ele assumiu um dos cargos mais importantes do país não pensando em trabalhar pelo bem da República. E chega a ser absurdo que um ex-presidente diga a um deputado que, na negociação das dívidas entre os Estados, o governo Dilma não deveria tratar todos os governadores da mesma forma. Quando o parlamentar dizia que o governo federal estava errado ao negociar a dívida com Rio Grande do Sul e São Paulo, Lula disparou: Primeiro é acertar com os nossos. E o deputado responde: Ceará, o da Bahia, referindo-se a Estados governados pelo PT. E depois dessa palhaçada, Lula vem dizer que as conversas eram sobre assuntos republicanos.
Diante de tantos descalabros, o que é mais grave nesse vale-tudo? Para mim, é a roubalheira.
Só para relembrar
É lamentável que nomes da oposição, suspeitos de falcatruas, estejam julgando o impeachment, mas o que motivou o início dos protestos que ocorrem desde março de 2015? Na campanha de 2014, Dilma jurou que não iria aumentar impostos nem juros, que não mexeria em direitos trabalhistas e que a educação seria prioridade, além de fazer terrorismo dizendo que a oposição faria isso. Ao assumir, aumentou a energia em até 50%, além dos combustíveis, subiu juros e cortou verbas, inclusive para a educação. Ou seja, sua eleição pelo voto foi 100% legítima? Creio que não. Isso tudo, a crise econômica e a corrupção estão entre as causas da revolta.
Diante da situação delicadíssima do governo, Dilma deveria ter descido do pedestal ainda em 2015, admitido seus erros e buscado um consenso com a oposição e o PT para evitar essa guerra. Ela sempre disse que ouve a voz das ruas, mas, na verdade, está surda. Agora é tarde demais. Ela levou seu governo para o buraco e, ao trazer Lula, enterrou-se mais. O temor é de como acabará essa guerra e o que virá depois. Pelo menos a alternância no poder reduziria o risco do aparelhamento do Estado por um partido. Gostaria de ter esperança, mas diante das lideranças políticas de situação e oposição em Brasília, fica difícil ter fé.
Mudança, só com participação na política
Não há saída. Tudo pas"