Só do lado de fora

Chineses atuam em obra de subestação de energia, mas não podem entrar

Juliana Gelatti

A cena é peculiar e chama a atenção: em duas subestações da CEEE em Santa Maria, entre três e 10 chineses são vistos parados do lado de fora da empresa, em frente ou no terreno ao lado, durante o dia. Eles estão ali porque a empresa em que trabalham, a gigante chinesa Sepco 1, venceu a licitação para a obra de ampliação das subestações. Mas não têm permissão de trabalhar junto com os funcionários brasileiros da empresa dentro da subestação por questões de segurança. A obra deve ampliar a capacidade de transmissão da CEEE na região e ficar pronta até julho.

O chinês Lee Chung Deh, residente no Brasil há mais de 20 anos, trabalha como tradutor. É ele que intermedeia o contato entre os engenheiros e técnicos chineses e os colegas brasileiros, contratados pela Sepco 1 para as obras de expansão das subestações Santa Maria 1, Santa Maria 3 e Uruguaiana 5.
- O problema é que eles ficam pouco tempo, as equipes trocam a cada seis meses, e não dá tempo de aprenderem muito. E a linguagem técnica é difícil de traduzir. Ainda bem que são todos engenheiros e sabem desenhar - brinca Lee.
Durante o dia, ocorre um vai-e-vem. Quando têm dúvidas, os trabalhadores brasileiros vão até a cerca ou até a rua para falar com os chineses.

Os estrangeiros moram em um alojamento próximo à subestação Santa Maria 1, no bairro Campestre do Menino Deus. Todos os dias, eles trabalham se revezando entre o escritório, localizado a poucas quadras dali, e o portão da CEEE. A presença constante ali na rua e as caminhadas que fazem entre a subestação, o escritório e o alojamento chamam a atenção dos moradores e de quem passa por ali.

Situação segue a legislação

Conforme a Delegacia da Polícia Federal e a gerência regional do Ministério do Trabalho e Emprego, a situação dos chineses é regular. O trabalho deles passou por fiscalização no fim do ano passado e o que precisava ser corrigido já foi. Os chineses têm visto de trabalho temporário. Por uma decisão da Sepco 1, a cada seis meses as equipes são trocadas, inclusive para que os trabalhadores revejam as famílias.

Porém, a legislação brasileira é rígida em relação às normas de segurança para quem trabalha com eletricidade. Mesmo para quem não vai atuar diretamente na rede elétrica, mas está dentro da área de uma subestação, são exigidos, além dos equipamentos de proteção individual (EPI), cursos sobre as normas técnicas de segurança do trabalho. Como os chineses não têm esses cursos, a CEEE não permite o ingresso deles nas subestações.

O engenheiro eletricista Gabriel Furini Fiuza, brasileiro formado pela UFSM, foi contratado pela Sepco 1 especificamente para trabalhar nesses contratos de expansão.
- Muitos brasileiros foram contratados, entre engenheiros, técnicos e operários. Até poderíamos fazer o trabalho sozinhos, com base nos projetos, mas eles (os chineses) são nossos chefes, e todas as decisões e questões burocráticas passam por eles - diz Fiuza.

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