Agronegócio

Associação Rural de Santa Maria: 90 anos ao lado do homem do campo

Diogo Brondani

Talvez, em 1927, Astrogildo Cezar de Azevedo não imaginasse a força e a representatividade que teria, 90 anos depois, a entidade que fundou com a finalidade de levar amparo ao produtor rural e fortalecer a classe na busca por melhorias ao setor agropecuário. Foi em uma reunião no Clube Caixeiral, junto de outros produtores da Região Centro, após incentivo da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), que nasceu a Sociedade Agrícola Pastoril de Santa Maria, hoje Associação Rural de Santa Maria (ARSM). 

Dentre suas ações e conquistas, a entidade considera como principal feito a realização da Expofeira de Santa Maria, que chegou a ser a segunda maior do Estado e que deixou de ser promovida após a UFSM não renovar o convênio em que a universidade cedia o espaço do Centro de Eventos .

Fundada em 20 de junho de 1927 com a missão de receber e orientar o homem do campo quanto aos seus direitos e obrigações trabalhistas, oferecer suporte em áreas como contabilidade e veterinária, a entidade atua até hoje na defesa dos seus associados contra impostos injustos e ocupações de terra. Além disso, trabalha pela valorização da produção e pela segurança no meio rural.

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– Todos faziam parte, de fazendeiros a pequenos produtores, inclusive aqueles que hoje integram o Sindicato dos Trabalhadores Rurais. A entidade tinha a finalidade de ampliar e unir o meio rural. Fazíamos reuniões constantes, tinha um café, um bom mate e até um churrasquinho de vez em quando. Era o congraçamento da classe – lembra o ex-presidente Irineu Pedro Pasin, que esteve à frente da associação na década de 1980.

A Associação Rural de Santa Maria chegou a ter na sua sede uma loja de produtos veterinários, insumos, instrumentos e apetrechos para a lida do campo. O local servia também como um parador para os associados que tinham suas propriedades em outros municípios e vinham até Santa Maria para cumprir compromissos profissionais.

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No final dos anos 60, por uma determinação da Farsul, para que pudessem ser contempladas com recursos financeiros, as associações teriam de se tornarem sindicatos. No entanto, os diretores da época preferiram manter a Associação Rural como entidade de classe, quando nasceu então o Sindicato Rural de Santa Maria, que também atua no setor.

– Nós somos uma entidade independente e não temos ligação política ou qualquer que seja com ninguém na hora de defender o nosso associado, seja com manifestações ou cobranças a órgãos públicos e autoridades pelos nossos direitos – comenta o atual presidente da Associação Rural, Rodrigo Ribas, que é produtor rural.

A principal fonte de renda, conforme ele, vem de anuidades pagas pelos cerca de 100 associados, realizações de ações e da Expofeira, que não terá edição este ano.

EXPOFEIRA: grande orgulho e atual preocupação da Associação Rural

A 1ª Feira Estadual de Animais e Produtos Derivados foi realizada no Jockey Club, em 1938Foto:

Desde a realização da Primeira Feira Estadual de Animais e Produtos Derivados, em 1938, no Jockey Club de Santa Maria, a Associação Rural de Santa Maria (ARSM) considera o evento como sua principal ação, já que tem o objetivo de mostrar o que há de melhor da produção agropecuária da região, em tecnologia e capacitação para o homem do campo, amostra de raças, julgamentos e leilões de animais, venda de artesanatos, atrações artísticas e culturais, entre outros. A partir de 1968, a iniciativa passou a ser denominada Exposição Feira Agropecuária de Santa Maria e a ocorrer na no campus. Naquele ano, a realização contou com 480 animais.

Desde então, segundo o presidente Rodrigo Ribas, a entidade sempre atuou na busca de emendas parlamentares para a construção e manutenção da infraestrutura do parque para a realização da Expofeira e eventos agropecuários, os quais sempre tiveram os seus rendimentos aplicados no local. A associação tem como um grande revés a não renovação, por parte da UFSM, do convênio que permitia o uso do espaço. A última edição da feira no local ocorreu em 2015. No ano passado, ela ocorreu em um espaço reduzido junto da Feisma e sem animais.

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– Entendemos que seja um espaço de multiuso, mas ele foi idealizado para a Expofeira. Os pavilhões foram pensados no bem-estar dos animais. Possuem baias para diferentes raças e espécies. O que vão fazer com o pavilhão de remates? Não tem como adaptar para outra atividade. Os núcleos de criadores, empresas, entidades e apoiadores fizeram construções específicas para atender as necessidades durante a feira. Mas isso são águas passadas. Já estamos em tratativas com outras entidades para a busca de um espaço próprio para eventos setoriais, que possa receber e abrigar produtores sem sofrer com as mudanças de pensamentos ideológicos de gestões mais comprometidas com partidos políticos do que com os anseios da comunidade – diz Ribas.

Questionado, o reitor da UFSM Paulo Burmann ficou de dar um retorno à reportagem por e-mail, o que não ocorreu até as 19h de sexta. À época da não renovação do contrato entre as partes, em 2015, Burmann afirmou que a instituição necessita dos pavilhões existentes no antigo Parque de Exposições:

– Antigamente, o Centro de Eventos era periférico no campus. Hoje, ele é central e está recebendo laboratórios e outras instalações voltadas ao desenvolvimento tecnológico, o que é muito mais interessante para a região do que a realização da Expofeira ali. Em épocas de crise, não podemos deixar espaços públicos ociosos.

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