Cerca de um terço da população santa-mariense está com contas atrasadas; a taxa de inadimplência é maior que a média do Estado

Cerca de um terço da população santa-mariense está com contas atrasadas; a taxa de inadimplência é maior que a média do Estado

Fotos: Beto Albert (Diário)

36,7% dos santa-marienses estavam com alguma obrigação financeira pendente em março deste ano. Isso representa cerca de um terço da população, 87,5 mil pessoas, que precisariam pôr as contas em dia. A maioria deste quantitativo tem uma renda mensal entre R$ 1,4 mil a R$ 2 mil. A faixa etária que se destaca é o público de 25 a 34 anos, eles são os que mais devem.

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Os dados são do indicador de Inadimplência da  Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) Porto Alegre, que mapeia os níveis de pessoas físicas adultas com alguma restrição em crédito, cheque ou protesto. Esse levantamento também é feito para pessoas jurídicas. Em março, eram 6,8 mil empresas com alguma restrição.  

O que os dados mostram

No índice de inadimplência de pessoas físicas, Santa Maria registrou um aumento da sua própria taxa em 3,2%. Em junho de 2022, início do levantamento, 34,4% da população estava inadimplente. No último mês, 36,7%.

O município está com um percentual acima da média do Rio Grande do Sul, que é 32,3%. A situação se repete em outras cidades do Estado, indica o economista-chefe da CDL, Oscar Frank. 

Um dos fatores, indica ele, seria a taxa Selic (indica a porcentagem de juros em um período), que se manteve em patamar elevado até agosto de 2023. O que impactou de maneira desfavorável:  

– Nesses quase dois anos, houve de fato um aumento da inadimplência.  Um movimento que ocorreu de maneira conjunta. No entanto, os níveis em cada município são diferentes. Alguns são mais altos, outros são mais baixos, a depender das questões sociais, econômicas e até mesmo culturais de cada local. Há casos em que o indicador é que 10%, outros, alcança 46% da população. 


Indicador de Inadimplência (%) em Santa Maria

jun/22
34,4
jul/22
34,7
ago/22
35,2
set/22
35,8
out/22
36,1
nov/22
35,8
dez/22
35,8
jan/23
35,7
fev/23
35,9
mar/23
36,0
abr/23
36,5
mai/23
36,5
jun/23
36,8
jul/23
36,5
ago/23
36,2
set/23
36,0
out/23
36,2
nov/23
35,6
dez/23
35,6
jan/24
36,8
fev/24
36,7
mar/24
36,7

Fonte: CDL Porto Alegre e SCPC da Boa Vista/Equifax


Consumidores 

Faz tempo que não há luz no fim do túnel, enfatiza a aposentada Simone dos Santos, 46 anos. Ela, a família e os amigos comentam do atual momento. O fechamento das contas ao final do mês é sempre um exercício. 

– Está bem complicado, vamos administrando como pode. Vamos em busca das ofertas, e vamos levando a vida. Com todo mundo que converso é assim – adiciona Simone. 

Na casa de Indiamara Vieira Fleck, 29 anos, fazem  3 meses que chegou um novo morador, seu filho Joaquim. Agora, são cinco pessoas. Mesmo que os gastos com fraldas e outros tantos produtos dificultem o orçamento, o malabarismo com as contas já era prática habitual:  

Indiamara Vieira e Joaquim.

– Antes, íamos ao mercado e fazíamos um rancho. Agora, vai no mercado com R$ 300 e não compra tudo. Tentamos economizar o máximo para fechar as contas, mas sempre fica alguma conta aqui e ali.  Vamos tentar manter o equilíbrio. 


Perfil em março deste ano

  • Feminino – 44,94%
  • Masculino – 42,51%
  • Não informado – 12,55%


Recuperação lenta e gradual 

O Frank alerta que a inadimplência é um dos elementos que vêm contribuindo para o estágio atual de consumo da população. Ainda que seja necessário e prudente relacionar mais de uma variável nesse cenário de causa e efeito. 

Frank coloca que atualmente a taxa Selic vem reduzindo desde agosto, e que seu efeito só será sentido pelos consumidores no final do ano, se o cenário continuar o mesmo. 

– Além de continuar seguindo com esse ciclo de queda de juros, essas reduções que foram feitas no passado vão começar a ganhar mais corpo no final do ano, e pode ser que tenhamos uma queda de juros sobre a inadimplência – projeta o especialista.


Quanto ganham os inadimplentes? 

Os santa-marienses com maior índice de inadimplência recebem entre R$ 1,4 mil a R$ 2 mil. Eles representam 33,44% do total. 

Os dados da CDL ainda indicam que logo atrás estão aqueles que recebem menos de um salário mínimo. 21,20% dos inadimplentes têm renda presumida de R$ 1 mil a R$ 1,4 mil. 

Neste ranking, a última posição é ocupada pelas pessoas que têm renda presumida entre R$ 9 mil a R$ 12 mil


Dicas de economia

Para um equilíbrio financeiro, Frank orienta

  • Organização financeira é essencial
  • Analisar os valores disponíveis para cada mês, quais são as despesas fixas e as discricionárias, que não precisa para sobreviver
  • Verificar se existe algo que possa ser retirado e que não traga prejuízo  
  • Comprar produtos em grandes quantidades ajuda a pagar menos 
  • Eventualmente, monetizar algum talento, trabalhar em outro turno com algo que tenha aptidão, colabora 
  • E para aquelas pessoas que tem que acertar as pendências, busque negociação o quanto antes 

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