Estiagem

Mais três municípios da região a caminho da emergência

Diogo Brondani

Fotos: Prefeitura de São Gabriel (Divulgação)
Além de São Gabriel, que já decretou emergência e precisa levar água a moradores, outras três cidades devem tomar medida

Municípios da região estão sofrendo com a falta de água. São Gabriel decretou situação de emergência. Nos próximos dias, pelo menos outros três devem seguir o mesmo caminho, já que a falta de chuvas prejudica as lavouras, a criação de gado e, até o abastecimento de água para consumo da população. Os casos mais graves, depois da Terra dos Marechais, são de Caçapava do Sul e São Sepé. Juntos, os dois municípios levam água 120 famílias de diferentes localidades do interior. Além disso, as lavouras registram perdas na produção e há casos até da morte de animais pela falta de água e pasto. Autoridades e órgãos desses municípios devem se reunir nos próximos dias para decretar a situação de emergência.

- As quebras já existem e a situação de emergência não irá reverter o cenário da estiagem. No entanto, é um forma de os produtores, os pequenos, principalmente, diminuírem as suas perdas e pagarem as contas fixadas para a safra - diz o secretário de Agricultura e Meio Ambiente de São Sepé, Leonardo Leonardi.

Começa a construção de usina de energia solar no campus da UFSM

Rosário do Sul é o terceiro município que deve entrar de estado de emergência. Há escassez de água principalmente para os animais e para as lavouras de soja. O arroz também deve ter perdas, mas porque foi prejudicado por baixas temperaturas registradas em fevereiro.

A estiagem afeta principalmente os municípios da Metade Sul do Estado. Os que ficam para o centro-norte, como Tupanciretã e Júlio de Castilhos, não apresentam prejuízos.

A esperança para quem vive da agricultura e da pecuária é a volta de chuva forte. No entanto, a previsão do tempo não traz boas notícias. Conforme as previsões da Somar Meteorologia para Santa Maria, há possibilidade de chuva de 24 milímetros hoje e 19 para amanhã. Porém, as chuvas podem ser esparsas. No Estado, há inclusive previsão de chuvas com ventos fortes e granizo.

SITUAÇÃO DA ESTIAGEM NA REGIÃO
Caçapava do Sul 
O interior apresenta uma situação caótica, segundo o engenheiro agrônomo da Emater Gustavo Rodrigues de Lima. De acordo com ele, a falta de chuvas deve implicar uma perda de cerca de 40% na produção dos cerca de 22 mil hectares de soja plantados. O milho tem quadro mais grave, com uma previsão de quebra de 50% nos cerca de 2 mil hectares de lavouras. Na pecuária, os animais têm perda de peso e até algumas mortes registradas devido à falta de água e a pastagem seca.  

Conforme o secretário de Agropecuária de Caçapava do Sul Marcelo Freitas, um caminhão-pipa da prefeitura abastece mais de 70 famílias com água para consumo. A distribuição de iniciou ainda em janeiro e se intensificou nos últimos dias. São cerca de 8 mil litros por dia. Em algumas localidades do interior do município, não chove há cinco meses. Freitas diz que a prefeitura e as entidades ligadas ao meio rural estão reunindo laudos técnicos para realizar o decreto de emergência, o que deve ocorrer na semana que vem.

Júlio de Castilhos
A situação das lavouras do município é considerada normal pela Emater local, conforme o técnico do órgão Mateus Gomes. Segundo ele, no geral o cultivo de soja está tendo rendimento de 69 sacos por hectare, o que é considerado bom, dos produtores que já estão colhendo. Nos últimos dias, uma chuva de 21 milímetros contribuiu para o bom desempenho da lavoura. Ele considera que, se houver alguma perda, pode ser algum ponto pequeno bem específico, mas sem grande impacto. Há uma boa pastagem para o gado. 

Rosário do Sul
Uma reunião na semana que vem, entre Emater, prefeitura, sindicato rural, Irga e IBGE deve apontar se o município ingressará com o pedido de decreto de emergência. Conforme o engenheiro agrônomo da Emater de Rosário do Sul, Leonardo Oliveira dos Santos, o cenário do interior apresenta escassez de água para os animais em regiões como a Serra do Caverá. No cultivo da soja, as lavouras estabelecidas em regiões de solo arenoso já apresentam perdas de até 7 sacos por hectare. O arroz também deve apresentar perdas, mas devido às baixas temperaturas registradas na semana do Carnaval. Ainda não há a necessidade de abastecimento de água para famílias do interior.

São Gabriel 
Foi o primeiro município a decretar situação de emergência devido a estiagem. A prefeitura está abastecendo mais de 200 famílias com água potável. Além disso, está sendo viabilizada a construção de pequenos açudes nas propriedades rurais com objetivo de garantir mais uma fonte de água para os animais. Já há estimativa, ainda não calculadas, de perdas para lavouras e pecuária. 

São Sepé
O município já contabiliza uma perda de 60% nas lavouras de soja, que somam 60 mil hectares cultivados. O caso do arroz, o índice de quebra é menor, em torno de 10% dos cerca de 18 mil hectares plantados. A situação mais grave é a do milho, que deverá registrar uma perda de 50%. As informações são responsável técnico da Emater local, Paulo Silva. Ainda de acordo com ele, os criadores de gado já estão suplementando a alimentação do rebanho porque não há mais pasto e de água para os animais. 

Segundo o secretário da Agricultura e Meio Ambiente de São Sepé Leonardo Leonardi, a prefeitura está levando água para mais de 50 famílias em diferentes localidades do interior do município. Na próxima terça-feira, uma reunião entre os órgãos ligados ao meio rural será feita com objetivo de avaliar o percentual de perdas e ingressar com o pedido de decreto de emergência visando que os produtores possam ao menos reverter o quadro de endividamento.

Santiago
A situação do município está sendo monitorada, no entanto não devem ocorrer perdas significativas nas lavouras, conforme o engenheiro agrônomo da Emater local, Otávio Poleto. Segundo ele, os cerca de 45 mil hectares de soja plantados estão na fase de enchimento de grãos e precisariam de uma chuva de 30 a 35 milímetros nos próximos dias para que os grãos tenham bom desenvolvimento. As chuvas foram regulares e os açudes que servem de bebedouro para o gado estão um pouco com nível um pouco abaixo do esperado. O milho, que necessita de mais umidade no solo está sentindo um pouco mais. Os índices exatos de possíveis perdas ainda não foram calculados pelo órgão do município que não deve decretar estado emergência. 

Faxinal do Soturno
Conforme o técnico da Emater de Faxinal do Soturno Roque Mateus Dall Asta, já há perdas, embora ainda não calculadas, nas lavouras de soja, principalmente nas plantações das partes altas do município. No entanto, segundo ele, a quebra maior deve ser no cultivo do milho safrinha, com perdas de cerca de 50%. Os córregos que abastecem as lavouras de arroz estão com níveis baixos, fator que ainda não preocupa, mas, se não houver chuva nos próximos dias, poderá afetar esse cultivo. 

Tupanciretã
A situação dos 149 mil hectares de soja está dentro normal, segundo o técnico da Emater Gilberto Welzel. As lavouras que registrarem algum tipo de perdas devem ser consideradas pequenas e pontuais e que não devem afetar a produtividade na hora da colheita. Não há falta de água.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Chuva evita novas perdas nas lavouras de soja da região Anterior

Chuva evita novas perdas nas lavouras de soja da região

Quebra da safra de na soja da Argentina aumenta expectativa por alta de preços no Brasil Próximo

Quebra da safra de na soja da Argentina aumenta expectativa por alta de preços no Brasil

Agronegócio