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A polêmica do agrotóxico 2,4-D precisa de solução, avalia colunista

Deni Zolin

Foto: Jean Pimentel (Diário)

A polêmica envolvendo o uso do agrotóxico 2,4-D no Rio Grande do Sul está longe do fim. Na terça, até o governador Eduardo Leite (PSDB) falou do assunto e deu a entender que não haverá proibição do uso do herbicida no Estado, mas que deve ser feita uma regulamentação com regras para aplicação, além de punições para quem não respeitá-las. Em pelo menos 23 municípios do Estado, incluindo Jaguari, já há laudos comprovando que o 2,4-D usado na soja acabou trazendo prejuízos a culturas como uvas, oliveiras, maçã, milho, azevém e até campo nativo. O maior problema estaria na chamada deriva, que é o produto que não atinge seu alvo e acaba sendo arrastado pelo ar para áreas vizinhas, secando pomares ou outras culturas.

O Ministério Público e a Secretaria Estadual de Agricultura terão nova reunião, na próxima terça, em Porto Alegre, para tratar do assunto. O MP cogitou até pedir a proibição do uso do 2,4-D na Justiça, caso não sejam implantadas regras para maior controle do uso do agrotóxico. Já o governo do Estado estuda alternativas para permitir a continuidade do 2,4-D de forma que sejam minimizados os impactos a outras culturas. Uma das alternativas seria intensificar cursos para produtores saberem aplicar de forma a evitar a deriva, para que o produto não seja levado pelo vento para fora das lavouras.

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Esse agrotóxico que mata ervas daninhas está levando o Estado a uma encruzilhada: se proibir seu uso, pode causar prejuízos à principal cultura, a soja; se deixar liberado, poderá acabar gradualmente com outras culturas também importantes e acabar gerando o predomínio e dependência total da soja. Do jeito que está, não dá para ficar. Deveria ser do interesse dos próprios produtores que esse problema seja controlado para evitar maiores problemas no futuro.

EXCESSO E RISCO À SAÚDE E AO AMBIENTE
O uso de agrotóxicos é necessário, mas há também excessos e falta de cuidado. Os agricultores acham normal manusear e aplicar agrotóxicos sem os equipamentos de proteção, como se fosse algo seguro - dados de 2017 indicam que houve 4.003 casos de intoxicação por agrotóxicos no país (11 por dia), o dobro do registrado em 2007, quando tinham sido 2.093 casos. Além disso, 164 pessoas morreram em 2017 após entrar em contato com agrotóxicos no país, e 157 pessoas ficaram incapacitadas para trabalhar - nessa estatística, não estão os casos que acabaram gerando doenças como câncer.

Pesquisa de uma universidade do Paraná, mostrada no último domingo, no Globo Rural, indicou que peixes criados em água contaminada por agrotóxicos sofrem mutação do DNA e têm outros danos, como no fígado, mesmo com a água estando com nível de agrotóxicos dentro do permitido. Essa é outra preocupação ocasionada pelo escorrimento de agrotóxicos das lavouras para sangas e rios.

MORTANDADE DE ABELHAS PREOCUPA
Outro problema comum tem sido a mortandade de enxames de abelhas por todo Estado. Laudo da UFSM apontou que na cidade de Mata, enxames morreram devido a agrotóxicos. Se essa situação continuar assim, com boa parte dos pomares e das abelhas dizimados, imagine o impacto que poderá ocorrer daqui a 10 ou 20 anos. E não precisaria nem lembrar que esses insetos são fundamentais para polinizar plantas de inúmeras culturas, sendo fundamentais inclusive para garantir boa produção e alimento nas nossas mesas.

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