Dia do Árbitro Esportivo: como Santa Maria contribui para a prática da arbitragem

Dia do Árbitro Esportivo: como Santa Maria contribui para a prática da arbitragem

Fotos: Cesar Grecco (à esquerda), Rodney Costa (ao centro) e arquivo pessoal


Anderson Daronco, Maíra Mastella e Rafael Klein. Para os amantes do futebol, os três nomes não são novidades, afinal o trio é destaque na arbitragem brasileira. Em meio a passionalidade do torcedor, e a raiva de atletas dentro do campo, os três são protagonistas em funções essenciais para o funcionamento de uma partida. Nesta quarta-feira (11), é celebrado o “Dia do Árbitro Esportivo”, profissão que é um ponto em comum dos três, assim como a cidade de Santa Maria.


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A relação com a cidade

Além dos apitos e da bandeira, Santa Maria é um ponto que une os três profissionais de arbitragem. Natural do Coração do Rio Grande, Anderson Daronco foi o primeiro árbitro da cidade a conquistar o título de árbitro da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e, posteriormente, de árbitro FIFA. Formado em Educação Física pela UFSM em 2002, ele trabalha com arbitragem desde 2000. No caso de Daronco, a profissão não era o objetivo inicial, mas passou a fazer parte de sua rotina por questões financeiras. Aos poucos, foi gostando de trabalhar em jogos e construiu uma vasta carreira no futebol.

Assim como o árbitro santa-mariense, a assistente de arbitragem Maíra Mastella também reside em Santa Maria. Natural de Cruz Alta, ela fez a graduação em Educação Física na Universidade entre os anos de 2010 e 2014. Inclusive, foi a partir de uma pesquisa realizada na faculdade, envolvendo mulheres na arbitragem, que seu interesse pela profissão iniciou. A partir de 2014, após terminar o curso da Federação Gaúcha de Futebol (FGF), ela passou a atuar em jogos profissionais. Desde 2024, integra o quadro da FIFA.

Por fim, Rafael Klein é dos três o que está mais distante da região. Natural de Poço das Antas, cidade com pouco mais de 2 mil habitantes, situada no Vale do Taquari, ele morou em Santa Maria entre 2009 e 2020. Assim como Daronco e Maíra, Klein também é egresso do curso de Educação Física da UFSM. Vale destacar que o primeiro contato com a arbitragem foi enquanto aluno, quando apitou campeonatos dos cursos da UFSM. Posteriormente, se interessou pela área e ingressou no curso da FGF, ponto de partida para os árbitros de jogos profissionais do Estado. Ele também entrou no quadro FIFA em 2024.


A arbitragem brasileira e o uso do VAR

Ao lado de Rafael Alves, trio formado em Santa Maria realizou testes físicos da FIFA nesta terça (10)Foto: Leonardo Fister (FGF)

Ambos os assuntos são polêmicos no meio do futebol, com as críticas sendo incisivas aos profissionais de arbitragem. Quanto ao momento da profissão no Brasil, o trio concorda que, apesar dos comentários negativos - muitas vezes exagerados, na visão deles - os árbitros brasileiros fazem um bom trabalho. No entanto, eles alertam para algo pouco debatido, o fato de não os tratarem como seres humanos e, portanto, não tolerarem que erros possam acontecer.

– Sou muito fã da arbitragem brasileira. Acho que o árbitro brasileiro apitaria em qualquer lugar do mundo. As críticas são válidas em alguns momentos, pois podemos errar. Mas, às vezes, são criadas polêmicas inexistentes e/ou desnecessárias, no intuito de desviar o foco do real problema – afirmou Anderson Daronco.

Maíra Mastella também defende que existe uma cobrança exagerada com a arbitragem brasileira, que não é reproduzida da mesma forma com os jogadores, os verdadeiros protagonistas das partidas.

– Quando um time perde, a culpa cai sobre a arbitragem e não sobre o atacante que perdeu os gols que teve oportunidade de fazer. É uma transferência de responsabilidade que os clubes não assumem – disse, Maíra.

No que diz respeito ao VAR (árbitro de vídeo), o debate também é intenso, visto que a tecnologia ainda não foi compreendida por todos os torcedores, que, em muitas oportunidades, se revoltam por decisões que tiveram a ajuda do recurso para serem marcadas. A proposta da ferramenta é tornar o jogo mais justo, permitindo que o árbitro seja acionado para revisar lances duvidosos.

– Gostar do VAR está muito ligado ao fanatismo. Às vezes o torcedor gosta, porque beneficiou o time dele. Em outros momentos, odeia pelo motivo inverso. O ideal é termos um olhar racional, mais crítico. As pessoas não sabem como é a rotina de um árbitro, não se colocam no nosso lugar. Alguns esquecem que somos seres humanos, falta empatia – destacou Rafael Klein.


Saudade do interior
Apesar do sucesso do trio, que os credencia a apitar jogos de relevância nacional e/ou internacional, uma semelhança chama a atenção: a saudade de trabalhar em jogos no interior.

Até alcançarem o título de árbitros Fifa, maior nível para um profissional do ramo, eles tiveram de trabalhar em diversos jogos pelo interior gaúcho, incluindo Santa Maria. Nos campeonatos amadores, principalmente envolvendo veteranos da cidade, os três destacam a organização e a importância de tais partidas na formação profissional deles. Da mesma forma, gostam de relembrar os momentos vividos em campos de menor prestígio.

– É muito bom poder reviver alguns palcos que eu já tinha trabalhado antes e fazia tempo que não atuava. Sempre que me convidam e eu posso, gosto de apitar finais de campeonatos amadores. Eu gosto de sentir este clima nostálgico, lembrar dos sentimentos e sonhos que eu tinha. Então, voltar ali e ver que as coisas deram certo é muito bom – disse, Daronco, que também apitou jogos das quartas de final e das semifinais da Divisão de Acesso deste ano.

Anderson Daronco em 2008, ano em que entrou para o quadro de árbitros da CBFFoto: Fernando Ramos (Arquivo Diário)

Ao lado de Daronco em duas partidas, Maíra também retornou aos jogos no interior, quando foi assistente na Divisão de Acesso deste ano, em três confrontos da fase mata-mata. Ela também gosta de trabalhar em jogos no Rio Grande do Sul e admite ter um grande carinho pelas competições amadoras.

– O futebol amador foi uma escola para mim, todos os finais de semana tinham jogos. Foi onde eu coloquei a teoria do curso da FGF na prática. Existem coisas que só o amador te ensina, e Santa Maria acaba sendo um ótimo lugar para isso, porque existem boas competições por aqui, que acabam nos preparando para grandes desafios – confirmou, Maíra Mastella, que entende os jogos na região como uma forma de não se distanciar de suas origens.

Maíra Mastella em jogo disputado na Arena do Grêmio, em 2019Foto: Everton Silveira/FutFoto.RS

Em Santa Maria, Rafael Klein foi o responsável por apitar o jogo decisivo entre Inter-SM e Pelotas, que culminou no acesso do Lobo à primeira divisão. Além da saudade por jogos de menor expressão no cenário nacional, ele também sente falta de visitar Santa Maria. Quando esteve para comandar o último duelo, não pôde permanecer na cidade por muito tempo. No entanto, reforça que deseja retornar para visitar amigos.

– Sinto muita saudade de jogos assim, mas principalmente saudade de Santa Maria. É uma cidade que me acolheu, que eu me sinto bem e que me abriu as portas para eu estar, hoje, colhendo os frutos do futebol – disse, Klein, que atuou como professor de uma escola da cidade até 2020, quando foi morar em Teutônia, cidade próxima de onde nasceu.

Rafael Klein em 2018, ano em que despontou na arbitragem gaúchaFoto: Charles Guerra


Jogadores que mais chamaram a atenção
Com um amor intrínseco pelo futebol, o trio que passou por Santa Maria não esconde a paixão pelo esporte bem praticado. Após anos na profissão, sendo quase dez no quadro de árbitros da FIFA, Anderson Daronco teve a oportunidade de trabalhar em clássicos, decisões de campeonatos e jogos que valiam vaga na Copa do Mundo. No entanto, ele lembra que teve a honra de apitar jogos de Lionel Messi, pela Seleção Argentina, e de Cristiano Ronaldo, pelo Al-Nassr, da Árabia Saudita. Ao ser questionado sobre o atleta que mais o impressionou, Daronco não tem dúvidas.

– Os dois são fenômenos incomparáveis, mas o Messi é genial. Ele recebe um tijolo e transforma em uma bola de futebol. É diferente – comentou.

Para Rafael Klein, o jogador de maior qualidade que viu ao vivo foi um ex-companheiro de Messi, o uruguaio Luis Suárez, que atuou no Grêmio em 2023. Entre as principais qualidades do atacante, o árbitro coloca o toque de bola e o espírito de um atleta vencedor.

– Fiz alguns jogos dele no ano passado. É um jogador que se destacava pelo toque de bola rápido, que não prendia a bola, a frieza dele chamava muito a atenção. Ele já estava em fim de carreira e era muito competitivo, queria ganhar sempre. A gente percebe o espírito de vencedor em um atleta – confirmou.

Quanto a Maíra Mastella, ela coloca dois pentacampeões, que pôde ver no Futebol Solidário, evento realizado em maio, em prol das vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul. Além da dupla, ela não deixa de fora a rainha do futebol.

– Mesmo aposentados, o Ronaldinho e o Cafu me surpreenderam bastante. O Cafu tem um estilo de movimentação, que sai liso do marcador, e o Ronaldinho por toda a habilidade que ele tem. Também tive a honra de estar em um jogo da Marta e ver ela de perto – afirmou.

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Antonio Oliveira

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