"Sei que cometemos erros, por isso estamos revendo alguns processos", diz presidente de Inter-SM

Foto: Eduardo Ramos (Diário/Arquivo)

O presidente do Inter-SM, Pedro Della Pasqua, atendeu ao Diário e respondeu questionamentos sobre a temporada 2023. No pergunta e resposta, a seguir, o mandatário do Alvirrubro comenta temas como a eliminação na Divisão de Acesso, a punição do atacante Jarro, o erro da contagem nos cartões amarelos do atacante Wilson Júnior, o fato de ser cônsul do Inter de Porto Alegre, a volta da iluminação no Estádio Presidente Vargas e o acesso conquistado no Gauchão Sub-17.


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Diário – O que não deu certo na Divisão de Acesso?


Pedro Della Pasqua – Trabalhamos intensamente para tentar fazer uma boa campanha. Captamos recursos que possibilitaram fazer com que trouxéssemos jogadores renomados. Isso gerou uma expectativa grande, que a própria direção “vendeu”, a partir do momento em que fizemos investimentos. O time não encaixou. O rendimento não foi o esperado, por alguns erros e situações de azar. Foram muitas lesões, caso do Elias, que era para ser nosso camisa 10. Eliomar também se machucou. Bruninho e Ariel tiveram pouca minutagem. Só para explicar: nenhum desses jogadores foi contratado machucado. Eles se lesionaram aqui. Esses problemas físicos nos prejudicaram demais. Então, atletas que não eram para jogar tanto tempo, acabaram sendo utilizados praticamente todos os jogos. Isso atrapalhou nosso planejamento. Fazendo a “mea-culpa”, na montagem do elenco. Essa crítica é para mim, e reprisando palavras ditas pelo nosso técnico atual Márcio Nunes: “deveríamos ter trazido atletas que não sabem o que vão jantar hoje”. Um grupo só com jogadores consagrados, corre o risco de acomodação e de faltar aquele “ânimo a mais”, muito necessário. Eu deveria ter feito um time com uma mescla. Sou um dirigente novo e vamos aprender com esses erros. Mas, eu escuto, e com pessoas experientes que ainda vão me ajudar. Na montagem do elenco, faltou reposição em alguns setores. Também o comando do Ben-Hur Pereira não deu a liga que se imaginava, e trocar de técnico no meio do campeonato nunca é bom.


Diário – O departamento de futebol foi muito criticado por torcida e imprensa. Como tu analisas?


Pedro Della Pasqua – Eu quero lembrar que toda a gestão do futebol é voluntária. Pode ter alguém que ache que os dirigentes são remunerados, mas só que ninguém ganha nada para estar ali. O Marcos Pedroso e o Miguel Uhr são funcionários não remunerados, se dedicam muito e me ajudaram na caminhada. O Marquinhos está desgastado porque os resultados não estão vindo há alguns anos. Ele estará mais dedicado à Associação Parceiros Clubes do Coração (APCC), que toca a nossa base, e o Marquinhos prioritariamente deve ficar trabalhando por lá. Já o Miguel, eu não concordo tanto com as críticas. Ele chegou junto comigo, mas entendo que quando não dá certo em campo, as críticas chegam. Eu confirmo que, ainda neste ano, já teremos um gerente de futebol profissional. Será uma função não somente de contratar, mas também do dia a dia no vestiário, incluindo a profissionalização em diversos setores. Em outubro, no máximo, quero contar com essa pessoa. E aqui já confirmo: o Márcio Nunes é para ser o técnico para o ano que vem. Eu não tenho nada assinado com ele, só que temos a palavra e sei da vontade dele em permanecer.


Diário – Como tua avalias o erro na contagem dos cartões amarelos do Wilson Júnior?


Pedro Della Pasqua – O erro é o reflexo de toda a reestruturação que deve ser feita no clube. Precisamos informatizar e repaginar o clube. Foi um problema grave. A contagem era feita pela comissão técnica anterior. São pessoas que estão no meio do futebol. Foi um erro de conceito, sobre dois cartões amarelos no mesmo jogo. Houve uma alteração no regulamento há cerca de três anos e essa mudança passou despercebida pela comissão técnica anterior. Não foi por isso que não subimos, porque o time não estava rendendo. Mas a profissionalização e a melhoria nos processos do Inter-SM têm que ser prioridade para não passarmos mais situações como essa.


Diário – O atleta Jarro foi suspenso do futebol por um ano, devido a um ato cometido no clube anterior ao Inter-SM, o São Luiz de Ijuí. Ele estaria envolvido com o esquema de apostas esportivas. Jarro não chegou a se tornar réu, pois se disse arrependido e colaborou com a investigação. No entanto, a punição foi consumada quando já estava no Inter-SM. O clube não abandonou o atleta em nenhum momento. Por que ficar do lado do Jarro até o fim?


Pedro Della Pasqua – O Jarro ganha uma ajuda de custo. Não pagamos o salário integral, porque ele não está em atividade, não pode jogar. Eu tive acesso aos autos do processo, defendemos o Jarro e confio no atleta. Ele é profissional. Não bebe, não fuma, não vai para a noite e segue treinando. Se tivesse que jogar amanhã, fisicamente ele poderia. Muitas pessoas dependem dele e em um ato humano, nem é profissional, o Inter-SM não abandonaria o Jarro. É uma questão minha! Ele me mostrou o celular dele e eu soube detalhadamente o que aconteceu. Eu jamais acobertaria qualquer irregularidade. Diante da injustiça que se criou ao nome dele, o Inter-SM abraçou o Jarro. Ele já cumpriu três meses da suspensão de um ano e, quando completar seis meses, poderemos pedir o efeito suspensivo. Em uma ideia otimista, já poderíamos contar com o Jarro para novembro. Ele ainda tem vínculo com o clube.


Diário – Tu és o presidente do consulado do Inter de Porto Alegre em Santa Maria. Com a falta de resultados do Inter-SM, há a reclamação de parte da torcida por esse coração dividido. Como explicar?


Pedro Della Pasqua – Nunca escondi que sou torcedor do Inter de Porto Alegre. Frequento o Beira-Rio há mais de 20 anos. Sou fundador de torcida organizada, organizei excursões. Quando os resultados não vêm, as pessoas começam a revirar tua vida tentando encontrar situações que elas possam julgar não corretas. Neste ano, eu fui a somente dois jogos do Inter: um por estar em Porto Alegre em um congresso pelo Inter-SM e dias atrás contra o River Plate, quando não havia partidas do Inter-SM. Sou cônsul, mas eu tenho uma equipe com mais seis pessoas. Eles fazem os trabalhos de excursão, associação. Então, eu não preciso me envolver muito na parte operacional. O tempo dedicado ao Inter é mínimo, nada que me prejudique na condução do Inter-SM.


Diário – O que está dando certo, que de repente não chega como informação para a torcida e quem não acompanha tão de perto o Inter-SM?


Pedro Della Pasqua – O pessoal só vê os 90 minutos: ganhou, tu é herói. perdeu, tu não serve! O futebol é resumido a isso em tudo que é lugar. A estrutura do Inter-SM é sensacional, no quesito comida para os jogadores, nutricionistas, alojamentos e uma parceria com um hotel muito bom que é nosso apoiador. Hoje em dia, tu não consegue trazer bons jogadores se eles não vierem com a família. Tivemos a maior venda de camisas nos últimos anos e a melhor média de público entre as equipes da Divisão de Acesso. Só de manter um clube do Interior aberto, já mereceríamos elogios. Claro que queremos os resultados, mas para isso existem alguns processos. A nossa gestão não deve nada. Nenhum boleto. Nós estamos dando condições aos atletas. Inauguraremos a iluminação no próximo final de semana. Os jogadores viajam um dia antes, tanto o profissional quanto o sub-17. Reforço que, na base, quando chegou nas fases decisivas, foram um dia antes, com toda a estrutura, pois ali está o nosso futuro.


Diário – O clube recentemente negociou Dionathan Alemão e Cadinho e o Artur foi fazer testes no Inter de Porto Alegre. Como foram fechadas as negociações?


Pedro Della Pasqua – Só iremos liberar jogadores se tivermos retornos financeiros. O Barra (SC), que é ligado ao Hoffenheim, da Alemanha, procurou o Inter-SM sobre o Dionathan Alemão. O jogador fez questão de deixar valores para o clube. Chegamos a um acordo, por um bom valor, e o Dionathan foi emprestado por um ano, com direito a compra. Em caso de venda, o Inter-SM ficará com 10%. O Cadinho voltou ao Inter-SM e logo recebeu uma proposta do futebol do Equador, com um salário alto. Conseguimos um valor para emprestá-lo e se ele for vendido entra mais dinheiro nos cofres do clube. O Artur foi sondado pelo Inter para testes. Ele vai com o passe fixado e se ele agradar, o Inter terá que fazer a compra. Não queremos travar a carreira de atletas assediados por equipes maiores, mas todo o negócio precisa render algo para o Inter-SM seguir sua vida e arcar com os custos que um time profissional tem.


Diário – E o acesso conquistado pelo sub-17, que agora é da elite do Gauchão na categoria?


Pedro Della Pasqua – Temos um belo trabalho executado pela Associação Parceiros Clube do Coração (APCC), responsável pela base do Inter-SM, que culminou com o acesso do sub-17. É um trabalho retomado neste ano. Acreditamos muito na base e buscamos os recursos financeiros para tê-la. Todos os times de sucesso do Inter-SM contavam com jogadores da base e da cidade. O mais difícil é manter essa estrutura, pois temos os custos dobrados (base e profissional). Mas, sabemos que, no futuro, com a receita gerada pela venda desses jogadores, manteremos as equipes. Estamos felizes com o acesso. Temos um time de qualidade e aproveitaremos muitos desses nomes no time de cima já no ano que vem.


Diário – Há algo que ainda pode ser feito para salvar o ano em termos de resultado?


Pedro Della Pasqua – É o que eu digo para os atletas no vestiário. Tivemos uma parada que foi providencial. Deu tempo do Márcio Nunes trabalhar, mudamos parte do elenco, recuperamos os lesionados. Ainda temos jogos na Copa FGF, dois em casa e um fora, e nos julgamos capazes de trazer a classificação. Eu acredito muito que podemos buscar uma vaga na Copa do Brasil do ano que vem.


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