"É o ápice da minha carreira", diz treinador da região convocado para a Paralimpíada de Paris

Foto: Confederação Brasileira de Canoagem

A partir desta quarta-feira (28), os Jogos Paralímpicos de Paris terão início. A delegação brasileira conta com o maior número de participantes em sua história, com 280 atletas, dos quais um deles é o gabrielense Reinaldo Charão. Além dele, outro representante da região estará nos Jogos, mas não na função de competidor. Cleverson Silva dos Santos, 36 anos, é natural de Santiago e se consolidou como um dos principais treinadores de canoagem e paracanoagem do Brasil, treinando atletas campeões e promessas do esporte.


Uma vida dedicada às canoas
Nascido em Santiago e criado em Itacurubi, município com pouco mais de 3 mil pessoas, Cleverson Silva dos Santos foi morar em Guaíba, em 1996, onde descobriu a canoagem. Aos 12 anos, ele remou pela primeira vez e, dois anos depois, começou a competir, construindo uma carreira de nove anos no esporte.

Em 2014, enquanto fazia faculdade de Educação Física na Faculdade Sogipa, em Porto Alegre, ele participou como estagiário do projeto “Canoagem na Escola” da prefeitura de São Leopoldo, levando a prática do esporte para mais de 150 crianças. Aos poucos, o grupo passou a trabalhar com atletas de rendimento e tornou-se um projeto referência no Estado.

Um ano depois, ele foi morar em Curitiba, teve a oportunidade de ser auxiliar técnico da seleção brasileira de canoagem e pôde estar nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016, acompanhando os atletas do caiaque, como o santa-mariense e atual secretário de Esporte e Lazer da cidade, Gilvan Ribeiro.


A relação com a canoagem paralímpica
Em 2017, deixou a seleção e passou a desenvolver um projeto social no Clube de Regatas Curitiba, que contempla atletas e paratletas, incluindo a santa-mariense e promessa do esporte Luana Taborda. O convite para ser técnico da equipe paralímpica veio em função do bom desempenho dos atletas treinados por ele, visto que dos oito convocados, cinco são comandados por Cleverson.

– É a realização de um sonho, você estar como técnico em uma Paralimpíada. Não é fácil, é tudo muito surreal. Acho que só vou sentir que estou nos Jogos Paralímpicos quando eu estiver na abertura, ou o meu atleta colocar o barco na água. É o ápice da minha carreira – disse Cleverson Silva dos Santos, orgulhoso.

No Mundial de Paracanoagem deste ano, disputado na Hungria, quatro paratletas treinados pelo gaúcho subiram ao pódio, sendo uma medalha de ouro, uma de prata e duas de bronze. Ao destacar a qualidade de seus competidores, ele se emociona e lembra das dificuldades que enfrentou até chegar no principal momento de sua carreira.

– É o ápice da minha carreira. Todo atleta tem a sua história, mas o treinador também tem. E isso não é muito contado. A gente enfrenta barreiras. Eu tive que deixar minhas filhas de dois anos lá em Curitiba com a minha esposa, e é ruim saber que vou ficar um tempo longe delas. Mas faz parte, tenho que levantar a cabeça e entender que tudo está acontecendo por um bem maior – comentou, emocionado.

Cleverson, em pé, ao centro, acompanhado de atletas da paracanoagem no mundial deste anoFoto: Arquivo Pessoal


Na paracanoagem, apenas atletas com deficiência físico-motora podem competir. O primeiro critério para dividir as categorias é o tipo de barco: V, para canoa havaiana, e K, para caiaque. Posteriormente, existe a divisão entre as classes L3, para aqueles que utilizam as pernas, o tronco e os braços na remada, a L2, para os que usam somente os braços e o tronco, além da L1, direcionada aos que remam apenas com os braços. Entre os comandados por Cleverson Silva dos Santos estão: Adriana Azevedo (KL1), Fernando Rufino (KL2/VL2), Igor Tofalini (VL2), Mari Santilli (KL3/VL3) e Miqueias Rodrigues (KL3).


Expectativa
Apesar da confiança nos atletas, ele mantém a cautela quanto a possíveis projeções de medalhas para não interferir na concentração deles. Mesmo assim, ele manifesta o seu desejo, que reforça a qualidade dos convocados da seleção brasileira.

– Eu espero muitos sorrisos e dentes sujos de metal – disse Cleverson, em alusão ao clássico gesto de morder a medalha ao subir no pódio.

Quanto a experiência nos Jogos Paralímpicos, o santiaguense quer aproveitar o momento e dar o suporte necessário para os competidores brasileiros. Após o evento, Cleverson retorna ao Brasil, pois, ainda no mês de setembro, ocorre o Campeonato Brasileiro de Canoagem, em Lagoa Santa, Minas Gerais.

– Você não sabe se vai voltar a uma Paralimpíada, não sabe o que vai acontecer no futuro. Aí eu paro e penso, estou no lugar que o mundo inteiro gostaria de estar. É um grupo seleto que representa as suas nações – conclui.

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Antonio Oliveira

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