Jurado de triagem da 32ª Tertúlia responde a polêmica sobre notas abaixo do sugerido

A divulgação da lista retificada de músicas classificadas para a 32ª Tertúlia Nativista segue repercutindo no meio artístico, mesmo com a realização do evento já concretizada. Após a comissão organizadora atualizar o resultado da triagem, um dos jurados da primeira etapa do festival, Cícero Fontoura, falou à Rádio CDN (93.5 FM), nesta terça-feira (2), e detalhou como avaliou as obras inscritas, além de rebater críticas sobre suposto descumprimento dos critérios de pontuação.

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Segundo Fontoura, ainda em outubro, quando recebeu o convite para integrar o corpo de jurados, houve uma reunião com a comissão organizadora. Ele afirma ter gravado o encontro para não perder detalhes, já que ali teriam sido apresentadas as diretrizes que norteariam o julgamento.

— A metodologia prevista era clara: notas de 0 a 10. Isso está no regulamento. Durante a reunião, porém, nos foi feita uma sugestão. E reforço, sugestão, para que utilizássemos notas entre 5 e 10. Mas essa orientação não era obrigatória — afirmou Fontoura. 

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O jurado diz ter mantido a avaliação dentro da faixa prevista originalmente, inclusive com notas abaixo de cinco, quando julgou necessário, especialmente em obras que, segundo ele, não dialogavam com o gênero nativista: 

— Tinha música de MPB, rock, de outros estilos. Obras que não tinham nada a ver com a identidade e com a essência nativista que a Tertúlia preserva há mais de 40 anos. Não foi para desmerecer ninguém, mas para evitar a invasão de outros gêneros num festival que é nativista por essência. 

Defesa da identidade 

Fontoura enfatizou diversas vezes que a avaliação musical é subjetiva, mas ressalta que critérios como arranjos, letra, melodia, qualidade de gravação e, sobretudo, gênero musical foram levados em consideração.  Para ele, a controvérsia poderia ter sido evitada com regras mais claras e com a escolha de um corpo de jurados exclusivamente ligado ao nativismo.

— A pulverização do júri é complicada. Se o festival é nativista, o júri precisa ser nativista. Se misturar com sertanejo, MPB, rock, confunde a identidade — argumentou.

A comissão organizadora já havia informado, em entrevistas anteriores, que a revisão das notas ocorreu devido ao entendimento de que as pontuações abaixo de cinco não deveriam ter sido aplicadas, o que alterou a ordem dos classificados. Pelo menos seis artistas entraram com representação jurídica para contestar a situação que fez com que todas as composições selecionadas para a fase Geral e parte das classificadas na fase Local  fossem substituídas na listagem que foi para o festival. ​

Ouça na íntegra 

​Cícero Fontoura
É músico, compositor e cantador com longa trajetória na área. Há 40 anos na música nativista, sua carreira é marcada por conquistas em festivais de música nativa, incluindo o 11º Candeeiro da Canção Nativa, o 1º Balseiros da Canção Nativa, o prêmio de Melhor Melodia no Festival Gruta em Canto, o de Melhor Tema Campeiro no 39º Ponche Verde da Canção Gaúcha e o de Melhor Melodia na 23ª Mostra do Canto Campeiro. Participou de produções artísticas e eventos culturais no Rio de Janeiro, integrando grupos de folclore e cultura gaúcha, bem como outros grupos culturais. Em 2024, lançou o álbum “Fronteiriço, Sim Senhor”, resultado de uma parceria com poetas do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Atualmente, está divulgando o Projeto “Fronteiriço, Sim Senhor”.