Como forma de homenagear aqueles que escrevem para outros lerem, a data do dia 25 de julho é celebrada desde 1960 como o Dia Nacional do Escritor. Na atualidade, vemos um fenômeno, aqueles que conciliam a rotina da escrita por prazer com outros trabalhos ou estudos. Apesar disso, compartilham do sentimento de que a escrita liberta pensamentos, desejos ou até dores, e pode impactar na vida do outro. Neste dia, conheça a história e obras de quatro jovens escritores que compreendem o mundo por meio da escrita.
+ Receba as principais notícias de Santa Maria e região no seu WhatsApp
De Santa Maria, Denys Schmitt, 30 anos, é formado em Produção Editorial pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Desde pequeno, foi incentivado a ler. E, com o passar do tempo na infância, foi escrevendo, ilustrando e encadernando suas primeiras obras, que distribuía para pessoas próximas. O tempo foi passando e a escrita foi sendo levada mais a sério:
– Na adolescência, eu comecei a escrever realmente com a intenção de publicar, por volta dos meus 12 ou 13 anos. Mas, de fato, a primeira publicação só foi acontecer em 2020.
Naquele ano, Denys participou de uma coletânea da Plutão Livros. Em 2021, veio a publicação de Estrada Infinita. Em 2022, saiu Bisão-nascente. Em 2024, ele publicou seu primeiro romance: Eu sei que vou te ver amanhã:
– As minhas histórias são bem diversificadas, algumas são para adolescentes, outras atingem um público mais adulto. Nesses textos, temos fantasia, histórias contemporâneas e dramas adolescentes.

De Três Passos, Fabio Brust, 32 anos, diz que a paixão por livros se iniciou em um projeto na escola, onde precisou vender rifas no valor de R$ 1. Caso vendesse 30, o feito era convertido em um vale para comprar livros na feira do colégio:
– Eu não era bom em vender (continuo não sendo), mas eu vendia, junto com um amigo. Foi ali que eu comecei a me interessar por livros. O primeiro livro que eu li foi Harry Potter. Depois, maior, li o volume único de Senhor dos Anéis.
A primeira publicação veio antes mesmo de cursar Produção Editoral, na UFSM. Ele relata que os primeiros parágrafos foram ruins, mas que com o tempo foi aprimorando:
– Eu sentei na frente do computador e escrevi o pior parágrafo que já existiu. E fui escrevendo outros parágrafos tão ruins quanto, até que eles começaram a ficar não tão ruins – brinca Fabio.
Com publicações de cinco em cinco anos, Fabio começou com Agora eu morro, em 2010, depois Deuses e Feras (2015), Ex Libris (2020) e O Outro Lado, que será lançado agora em 2025. Com a publicação de Ex Libris, o autor conquistou o Prêmio Biblioteca Nacional:
– É um dos principais prêmios do Brasil. Eu achei isso muito legal. Fiquei muito feliz.

De Osório, mas conta que morou boa parte da vida em Santa Maria, Jaimeson Machado Garcia, 35 anos, transformou a paixão pela leitura em obras infantis. Ele é formado em Publicidade e Propaganda pela Universidade Franciscana (UFN) e Produção Editorial pela UFSM, com mestrado e doutorado recém-concluído. Jaimeson é autor de Titi, o pequeno quati e a grande enchente e de Distante:
– Eu acabo sempre voltando para Santa Maria. Trabalho com Titi nas escolas. No doutorado eu desenvolvi materiais didáticos de leitura para crianças. A partir dali surgiu aquela vontade de escrever. Nas enchentes rolou uma discussão muito forte de como abordar com as crianças a questão do trauma.
Nesse tempo, abriu o edital da Academia Santa-mariense de Letras (ASL). Jaimeson escreveu e foi contemplado pelo concurso:
– Titi é um quati que mora na floresta. Durante a história ele sai avisando outros animais para se proteger da chuva. É uma história rimada. Acho que dá ritmo para a leitura, um texto mais musicado. Desde o lançamento do livro, em dezembro, eu tenho ido a escolas.

De Santa Maria, Rafaela Loreto Peres Facin, de 16 anos, escreveu seu primeiro livro aos 7 anos, que tem como título A menina e o reino dos cataventos. Com a obra, ela participou de feira do livro em Cruz Alta e vendeu diversos exemplares. Foi lá que conheceu Dani, um menino que aparece como personagem em seu segundo livro Maria e Daniel, uma Aventura Misteriosa:
– Eu conheci ele e a mãe. Ele tinha uma doença degenerativa. Ela fazia boneca de pano, e fez uma da personagem. Me dei muito bem com o Dani.

Influências
Rick Jordan, autor de Percy Jackson, é uma das influências de Denys. Ele conta que a história está com ele há bastante tempo. Um dos destaques é para a diversidade nas histórias, algo que Denys se importa bastante:
– Sempre fui muito apaixonado pela história. Ele me inspira tanto na escrita, como na forma como ele conduz as histórias, além de como ele é como pessoa. É um autor celebrado e que mesmo assim está abrindo espaços para novos escritores.
De escritores brasileiros, Denys aponta os nomes de Felipe Castilho e Fernanda Castro como influências, além dos tios, que também escrevem:
– Eu gosto muito da literatura deles e do jeito que conduzem a carreira deles. Me inspiro muito neles para conduzir a minha carreira. É um equilíbrio entre tu escrever, trabalhar, divulgar tuas histórias.
Como referência, Fabio destaca Socorro Acioli, Fernanda Castro e Raphael Montes:
– O que me inspira hoje em dia é o trabalho de pessoas brasileiras, apesar de eu admirar muito o trabalho de quem vem de fora. Assim, no geral, o livro é demais, né? – aponta.
A estudante do 2º ano do Ensino Médio, Rafaela conta que parou de ler em determinados momentos. Com o tempo, suas leituras e referências amadureceram: passou de livros infanto-juvenis para livros mais complexos. A última de Rafaela foi A Hora da Estrela, de Clarice Lispector. O próximo na estante é Noites Brancas de Fiódor Dostoiévski.

Incentivo
A leitura sempre esteve presente na vida de Denys. Os tios maternos, sempre que vinham a Santa Maria, o presenteavam com livros:
– Minha família sempre me apoiou. Minha mãe sempre sentava na rede e lia histórias a tarde toda. Eu tinha esse interesse pela narrativa. E quando maior, eu sempre frequentei a biblioteca e busquei diversificar as minhas leituras.
Para Jaimeson, os pais sempre buscaram incentivar a ler. As primeiras leituras foram as revistas da Turma da Mônica:
– Eles assinaram quando eu era pequeno. E a minha referência era o Maurício de Sousa com os personagens da Turma da Mônica.
Para Rafaela, a família sempre incentivou a escrita e leitura. A família é ligada às artes. Ela conta que desde pequenininha desenha e fantasiava ideias a partir dos desenhos:
– Com essa história do desenho, minha madrinha falou para a minha mãe que poderia virar um livro. Os dois são livros infantis. Nós sentamos na frente do computador e eu fiquei descrevendo a história. E a minha mãe ia escrevendo. Como elas são da área artística, sempre me incentivaram.
Publicações
O sonho da publicação física para o escritor Denys acontecerá neste ano com Eu sei que vou te ver amanhã, Bisão-nascente e Cavalo Cometa:
– Eles viram meu trabalho com a publicação independente do romance e entraram em contato comigo para essa versão impressa. É uma obra que se passa aqui em Santa Maria. É um local muito afetivo para mim e eu sempre busco colocar nas minhas histórias – diz.
A nova produção de Fabio deve sair em dezembro. Segundo ele é um drama familiar com ficção científica:
– É sobre um casal que perdeu o primeiro filho e sobre a traição que o marido acredita que sofreu. Tudo se passa em uma noite só.
Além de Titi, Jaimeson publicou Distante. Com financiamento coletivo, com a Editora Crisálida, aqueles que apoiassem acabavam consequentemente destinando exemplares para escolas atingidas pelas enchentes no Rio Grande do Sul:
– A ideia era justamente trabalhar a questão da distância com as crianças. E isso só foi possível depois de Titi, com o incentivo da ASL.
As obras de Jaimeson se farão presentes na Feira do Livro de Santa Maria neste ano.
Para Rafaela, a escrita é um processo de fuga. Toda vez que sente vontade de escrever, ela abre o bloco de notas e escreve:
– Ano passado escrevi um conto, mas não publiquei nada depois. Acho que tem muito isso. Quando nos sentimos pressionado com algo ou tem muita coisa acontecendo tem necessidade de escrever ou desenhar.