Em mais uma atividade descentralizada da 50ª Feira do Livro, o restaurante e bar V Belga Food Hall, no Distrito Criativo Centro-Gare, recebeu, na noite de segunda-feira (8), os portugueses Afonso Cruz e Pedro Lamares para a 11ª Sina Poética, um sarau de poesias organizado pela Rede Sina.
– A Sina Poética ocorre desde 2018 e já tivemos até edições no Rio de Janeiro. A gente faz um microfone aberto para quem quiser se manifestar com literatura, arte e performance. E agora, para celebrar as 50 edições da Feira, fizemos uma noite da literatura portuguesa, com a presença dos convidados internacionais. Vamos começar com eles trazendo a literatura de Portugal e depois nós vamos ter o tradicional o microfone aberto para quem quiser participar – conta Melina Guterres, coordenadora da Rede Sina.
Afonso Cruz e Pedro Lamares desembarcaram na Cidade Cultura no domingo (7), a tempo de prestigiar o “Livro Livre” com o escritor e filósofo Ailton Krenak, que falou para 600 pessoas no auditório do Colégio Marista Santa Maria. Eles também irão conversar com o público no "Livro Livre" ao longo da semana, no Theatro Treze de Maio. Cruz, na terça-feira (9) e Lamares na quarta (10), ambos às 19h.
Para Afonso Cruz, a passagem por Santa Maria está sendo especial. Ele espera que o seu próprio “Livro Livre” no seja bom como tem sido sua recepção na cidade:
– Acho muito bonito que essa seja uma das mais antigas feiras literárias da América Latina. É maravilhoso que uma cidade tenha o livro como sua bandeira, é raro.
Sobre a relação entre Brasil e Portugal no âmbito da literatura, o escritor acredita que o cenário esteja melhorando nos últimos anos.
– Vejo um pouco melhor do que estava há uns anos e bastante melhor do que estava há umas décadas, ainda que Portugal seja um país com algumas dificuldades. É um mercado editorial muito pequeno, então é mais fácil para o Brasil publicar autores portugueses do que o contrário. Nós somos 10 milhões, vocês são 200 milhões – explica Afonso Cruz.
O ator e apresentador de TV Pedro Lamares conta que já havia morado um tempo no Rio de Janeiro, mas essa é sua primeira vez no Rio Grande do Sul.
– Estou super feliz de estar aqui. Considero que vocês têm um festival do livro e não uma feira, já que tem muitos eventos e programações. Digo, sem charme nenhum, que está sendo muito prazeroso e estamos sendo muito bem recebidos.
A professora de Língua Portuguesa Gabriela Pereira estava entre o público que lotou o V Belga Food Hall e acompanhava atentamente às declamações de Afonso Cruz. Ela tem se interessado mais por literatura portuguesa ultimamente e adquiriu o livro “Vamos comprar um poeta?”, de Cruz, na feira.
– Eu fiquei sabendo do evento por meio das redes sociais e quando eu soube da presença do Afonso Cruz, vim imediatamente. Eu fiquei muito animada, porque venho nessa descoberta dos escritores portugueses, primeiro com o Valter Hugo Mãe, que é um dos meus autores favoritos e, agora, o Afonso Cruz. Então vim prestigiar o evento e ouvi-lo de perto. Gostei muito, principalmente por ser em um espaço que está fomentando a cultura e a diversidade. Gostei desse deslocamento do centro para a Vila Belga.
Ao longo de duas horas, os portugueses arrancaram risos e aplausos do público presente ao declamaram poesias de escritores lusitanos como Filipa Leal. Ao fim, o público foi convidado a assumir o microfone para apresentações artísticas.