Foto: Renan Mattos (Diário)
Para o capataz Jair Chaves, cavalos e cães são excelentes parceiros
Nas lidas do campo, o gaúcho e o cão formam uma parceria de afeto e trabalho. Os cachorros criados em meio à rotina da zona rural auxiliam o trabalhador em diversas tarefas, como tocar o gado e mover rebanhos de ovelhas. Além disso, nos momentos de descanso, no silêncio e no descampado das fazendas, o pet é parceiro para espantar a solidão dos peões.
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Em Santa Maria, na sede campeira do CTG Sentinela da Querência, há quatro cachorros de estimação. Eles transitam livremente no parque de rodeio e nas cocheiras, que abrigam cerca de 40 cavalos. São 21 hectares para os cães aproveitarem. Eles são, praticamente, os "donos da casa", os estancieiros de quatro patas.
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Conforme o capataz da invernada campeira da entidade, Jair Edson Oliveira Chaves, 49 anos, o cão, no campo, equivale a um homem. Às vezes, segundo Jair, o cachorro cumpre missões que nem mesmo o gaúcho montado a cavalo consegue fazer.
- Um cachorro ajuda muito, principalmente se um boi escapa da tropa e vai para o mato. Nessa situações, a gente não tem como ir a cavalo atrás do animal. Já o cachorro consegue fazer com que o boi volte ao rumo - explica Jair.
O capataz reforça que há raças de cães mais propícias para acompanhar o gaúcho, como o border collie, um dos melhores para acompanhar a movimentação do gado.
- Quando o peão está de caseiro, o cão ajuda a alertar a aproximação de alguém - complementa o gaúcho.
Foto: Renan Mattos (Diário)
Há mais de 10 anos, Renato Pereira é tutor de Moa (ao centro) e Bolero (à dir), cães da raça boiadeiro australiano
A médica veterinária do Hospital Veterinário Universitário (HVU) de Santa Maria, Laura Gusmann concorda com Jair. Cinófila, ela se dedica ao estudo das raças dos cães.
Para a especialista, além do border collie, entre os melhores cachorros para o pastoreio estão o ovelheiro gaúcho, raça desenvolvida no Estado, o collie, o boiadeiro australiano e o pastor australiano.
Laura explica que o animal se diverte ao estar envolvido nos afazeres do tutor:
- Quanto menos entediado o cão estiver, melhor. Os cães do campo, geralmente, são saudáveis e equilibrados emocionalmente. O ovelheiro gaúcho é extremamente obediente e multifuncional. Eu apoio e admiro essa parceria entre trabalhador rural e cachorro.
CUIDADOS
A profissional alerta para a proliferação de ectoparasitas. O problema pode acontecer na interação dos cães com cavalos, ovelhas e bois. Para evitar, ela recomenda produtos para combater pulgas, carrapatos, mosquitos e moscas.
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A médica veterinária diz, ainda, que a escolha da raça deve se basear na rusticidade, sendo que o contato entre cães de caça e rebanho devem ser evitado.
- É fundamental consultar um médico veterinário sempre que necessário, bem como estar com as vacinas em dia. Recomendo, também, a prevenção da raiva, doença frequente no meio rural.
Renato Bissaque Pereira, 62 anos, patrão do CTG Sentinela da Querência, é tutor de Moa e Bolero, companheiros da raça boiadeiro australiano, que estão com ele há mais de 10 anos. Segundo Pereira, esses animais são bons amigos na campereada.
- O objetivo do cão é fazer os bois andarem. Ele nunca avança para machucar. O máximo que faz é dar uma leve mordiscada na pata do boi, mas como esse couro é grosso, não tem problema - afirma.
O Dia do Gaúcho, quando se comemora o fim da Revolução Farroupilha, é uma data especial, que também remete à importância da amizade entre gaúchos, prendas e animais, uma relação que perpassa as obrigações e o lazer, e que é regada de cuidado mútuo.
*Colaborou Rafael Favero
