Santa Maria: economia e o papel do varejo na nova dinâmica urbana

Santa Maria vem consolidando sua posição como um dos polos econômicos mais equilibrados e diversificados do Rio Grande do Sul. O Produto Interno Bruto (PIB) municipal atinge R$ 9,6 bilhões, com uma população de aproximadamente 282 mil habitantes e um PIB per capita de R$ 33,5 mil. No acumulado de janeiro a agosto de 2025, o município gerou 561 novos empregos formais, com destaque para os setores de serviços (456) e comércio (303), que juntos representam mais de 80% da economia local. Esse desempenho demonstra uma economia urbana cada vez mais baseada em serviços, comércio e tecnologia, com expansão também no autoemprego e nas microempresas —foram 5.812 novas aberturas entre janeiro e setembro, sendo 74% de MEIs.


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Comércio varejista e o protagonismo das lojas de conveniência

Um dado chama atenção e deve ser lido com especial cuidado pelas lideranças locais: Santa Maria ocupa o 1º lugar no ranking estadual de geração de empregos no comércio varejista em lojas de conveniência. Isso significa que, mesmo com a limitação imposta pela convenção coletiva que restringe a abertura dos supermercados aos domingos, o mercado encontrou caminhos alternativos de atendimento ao consumo cotidiano. As lojas de conveniência, geralmente associadas a postos de combustíveis ou pequenos estabelecimentos de bairro, vêm absorvendo a demanda reprimida por consumo aos finais de semana. Esse movimento representa mais do que uma simples substituição comercial: ele indica uma mudança estrutural nos hábitos de consumo urbano e uma migração de empregos e investimentos de grandes redes para o varejo de proximidade. 


O impacto da restrição de funcionamento aos domingos 

A proibição de abertura dos supermercados aos domingos, definida por convenção entre osindicato patronal e laboral do setor, está se tornando um fator de distorção econômica no varejo santa-mariense. Embora a intenção original tenha sido proteger o trabalhador do excesso de jornada, o resultado prático é a transferência gradual do consumo e da geração de empregos para nichos mais flexíveis, como as lojas de conveniência e os minimercados independentes. Os números confirmam essa tendência: Santa Maria está em 2º lugar estadual na geração de empregos em minimercados e mercearias, e em 1º lugar nas lojas de conveniência, segmentos justamente caracterizados pela liberdade de operação aos domingos e feriados. Essa transformação lenta, porém consistente, mostra que a cidade não está deixando de consumir — está apenas mudando o local e o formato do consumo. Enquanto o grande varejo permanece fechado, o pequeno varejo se adapta, cresce e ocupa o espaço deixado.


Um novo mapa do consumo local 

O fenômeno observado em Santa Maria reflete um processo de reconfiguração do varejo urbano. O consumidor moderno busca conveniência, agilidade e disponibilidade — e isso inclui o domingo como dia útil para suas compras. As lojas que oferecem horários estendidos, atendimento rápido e localização de fácil acesso estão ganhando protagonismo. Essa tendência, já identificada em cidades médias com forte presença universitária e militar, reforça a importância de repensar as regras de funcionamento do comércio local sob uma ótica de equilíbrio entre direitos trabalhistas e desenvolvimento econômico. 


A economia se move apesar das barreiras 

Santa Maria mostra vitalidade econômica e capacidade de reinvenção. A liderança estadual na geração de empregos em lojas de conveniência é um sinal de alerta e oportunidade. Enquanto parte do setor insiste em manter barreiras ao funcionamento, outra parte cresce justamente por compreender as novas dinâmicas urbanas e de consumo. Santa Maria está mostrando que o mercado não para — ele apenas muda de lugar. 

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