Deni Zolin

“Uma campanha direta para prevenir, desconheço que tenha isso no Brasil”, diz prefeito de Santa Maria

“Uma campanha direta para prevenir, desconheço que tenha isso no Brasil”, diz prefeito de Santa Maria

Quatro assassinatos em menos de 12 horas em Santa Maria, seguidos de uma morte de um criminoso durante um troca de tiros em uma casa em pleno Centro - no local, na Rua Doutor Bozano, havia até fuzil com os quatro criminosos. Em apenas um mês e meio, já são 13 assassinatos em Santa Maria, quase o dobro do mesmo período de 2023. Além disso, a cidade já chegou a passar da marca de 70 homicídios por ano recentemente – há 20 anos, não passava de uma morte por mês. Apesar desse aumento expressivo nas mortes, boa parte motivada por questões de drogas, e também de crimes correlatos ao tráfico de entorpecentes, como furtos e roubos, parece haver uma acomodação geral. A sociedade e as autoridades estariam acostumadas com a violência e o tráfico de drogas? Tudo isso foi normalizado?

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Questionei o prefeito Jorge Pozzobom ontem sobre a gravidade da situação. Ele afirmou que, apesar de não ser uma responsabilidade dos municípios cuidar da segurança pública, Santa Maria tem investido anualmente cerca de R$ 6 milhões na área. O prefeito também lembrou que Santa Maria está incluída no programa estadual RS Seguro, que prevê ações de apoio e prevenção à criminalidade nos locais mais violentos, como Nova Santa Marta e Zona Norte. Ele diz que terá reunião com a Secretaria Estadual de Segurança para tratar dessas ações.

– A gente tem centro de monitoramento, mas quem trata de segurança são os órgãos de segurança. A gente só auxilia, como foi no caso de quarta, na Duque. O DMT não esperou o órgão de segurança e, como estava na rua, prendeu o assassino. Vou falar com a Guarda Municipal para ver se tem algo que possamos colaborar mais com a segurança – afirmou Pozzobom.

O prefeito ressaltou que, em locais onde foram feitos investimentos em educação e saúde, a criminalidade reduziu.

– Na Nova Santa Marta, quando a gente colocou creche, a Praça CEU e posto de saúde, colocamos o poder público lá presente e caiu a criminalidade. Na Maringá, desde que botamos a creche, também reduziram os crimes. Não foi furtado nem um fio da creche, por exemplo. Na Zona Norte da cidade, precisamos montar uma área de lazer e fazer um trabalho social – comentou Pozzobom.


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Quanto ao motivo de boa parte dos assassinatos da cidade, que é de dívidas por drogas ou disputas de facções de traficantes, ele admite que falta uma política nacional mais forte de combate e prevenção.

– Nós temos aqui um tratamento de reabilitação. De combate ao uso de drogas, nós não temos. Uma campanha direta para prevenir o consumo de drogas, eu desconheço que tenha isso no Brasil – afirmou.

É claro que a realidade não vai mudar da noite para o dia e que depende não só do poder público, mas também da ação da sociedade e das famílias para barrar o consumo de drogas e a violência. O problema é que a criminalidade e as drogas são encaradas, por muita gente, como algo “normal”. Enquanto não houver políticas mais fortes de educação, esportes, cultura e cursos profissionalizantes nas regiões mais violentas, o problema vai só se agravar.

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