Claudemir Pereira

O que significa a nomeação de Burmann para presidir o PDT

Semana passada, a coluna registrava, na seção Luneta: “qualquer que seja a solução para a crise de relacionamento político entre os grupos de Marcelo Bisogno e Paulo Burmann, há consenso entre os analistas que o PDT de Santa Maria pode estar chegando ao dramático momento do não retorno. Isto é, teria que ir obrigatoriamente por conta própria à disputa eleitoral, na medida em que a agremiação que fizer acordo com a sigla só terá a metade dela. Ou menos.”

Pois na noite de terça-feira (30), apresentado como fruto de um acordo entre os grupos de Burmann, Bisogno e da vereadora Luci Beatriz Duartes, a Executiva Estadual determinou e chancelou, e foi publicado no site do Tribunal Superior Eleitoral, um novo grupo dirigente da agremiação em Santa Maria.

Por três meses, agora pouco menos, quem passa a presidir a sigla é o ex-reitor da UFSM, que também indicou, apurou o colunista, o nome do tesoureiro.

Todos os demais integrantes não têm cargo específico – nem mesmo o ex-presidente, Bisogno, que deixou o cargo após oito anos.

Isso significa, então, que está tudo solucionado? Sim. Mas apenas até a convenção de agosto. Se ela acontecer – pois nada impede a recondução da nova Executiva agora nomeada. Afinal, a primeira declaração do hoje ex-presidente, é que Burmann teria garantido a ele que “não estará no processo do ano que vem, e não colocará seu nome na eleição municipal, pois está se preparando para concorrer a deputado federal em 2026”. 

Passa longe do escriba duvidar do dito. Mas não custa lembrar o epíteto eterno, “a política é dinâmica”. Isto é, o que vale hoje pode não ter o significado amanhã. Ou depois de amanhã. Sem falar que o próprio ex-reitor, ouvido pela CDN, deixou o cenário em aberto.

 
Assim é que não custa nada ir devagar com o andor. Um passo de cada vez, recomenda a prudência. Primeiro a convenção. Haverá um mínimo de unidade para a composição do Diretório? Sim, é possível. E para a Executiva? Também, mas dependerá dos termos e de quem vai para o comando. O histórico pedetista recomenda que não se crave decisão alguma, antes dela ser tomada pelas partes. Ou registrada na Justiça Eleitoral.

 
De tudo isso, porém, é preciso extrair um fato e lembrar outro. O primeiro é que, sim, no mínimo se estabeleceu uma trégua. Se bem aproveitada, o partido pode se qualificar. O outro é que o PDT trabalha com duas hipóteses possíveis para 2026. Uma é a candidatura própria (e mais um embate não pode ser descartado). 

Outro é, como diz o partido, “uma composição dentro de um projeto defendido em âmbito nacional pelo PDT”. Resta saber qual é e como se adequa à realidade santa-mariense. Desenhando: muita água ainda há de jorrar por baixo dessa ponte.


Por aqui, por ali. Novo e MDB articulam por Riesgo e Fantinel

Pela Direita: neste sábado (3), o ex-deputado estadual Giuseppe Riesgo começa, ao que tudo indica, uma (nem tão) silenciosa caminhada em busca de visibilidade junto à corrida eleitoral para a prefeitura de Santa Maria. Ele estará reunido com integrantes do Novo em café da manhã no Itaimbé Palace Hotel para tratar, entre outras questões, da sucessão municipal.

 
A ideia dele, ao que se sabe por pessoas próximas ou nem tanto, é ser o nome de uma candidatura da Direita da boca do monte, com o apoio do PP. Isso ganhou ainda mais força depois que o vereador Pablo Pacheco assumiu a presidência do Progressistas, no último final de semana. O descontentamento de Tubias Callil com o MDB também estaria no radar do próprio Giuseppe Riesgo que vê no ainda emedebista um nome forte para se ter ao lado. A conferir.

Pelo Centro: estava prevista para a noite desta sexta-feira (2), e portanto após o fechamento da coluna, reunião da Executiva Municipal do MDB santa-mariense. O encontro ocorreria na residência de um dirigente, de maneira, é a suposição do escriba, a espantar os não convidados.

 
Noves fora essa questão, digamos, logística, o que interessa é o que estaria em discussão. Sim, o objetivo é avançar na articulação para garantir a candidatura a prefeito do deputado e secretário de Assistência Social, Beto Fantinel. Como o colunista não cansa de repetir: 2024 está ali na esquina.


Um exército de filiados. Mas isso não significa militância

Já estão disponíveis no site do Tribunal Superior Eleitoral os dados de abril, os mais recentes, acerca da filiação partidária em Santa Maria. Após meses seguidos de queda, ainda que ínfima, enfim um pequeno aumento se verificou. Quase nada, sim, mas já alguma coisa.

Em março, como o site publicou no início do mês seguinte, eram 25.868. Já em abril, esse número passou a 26.007. Beeem pouco, mas se acrescentaram 139 alistados a partidos da cidade, que tem em torno de 13% de seus eleitores devidamente alinhados a alguma agremiação.

O que não se modificou, porém, é o ranking. Não se mexeu o quadro das maiores agremiações da cidade. O PT (6.748 filiados), o MDB (3.461), o PP (2.826), o PDT (2.581) e o PSDB (2.122) seguem soberanos como o quinteto que, junto, é responsável por quase 70% do total dos oficialmente registrados como militantes.

O mesmo grupo de partidos se coloca na categoria média, ainda que já mais distantes dos líderes em filiados. São eles, pela ordem, PTB (1.843), União Brasil (1.513), PSB (805), Republicanos (771) e PL (679 filiados).

Essa dezena de siglas, que significam um terço dos grupos políticos legais em Santa Maria, e tem 90% dos militantes alistados, contam, em tese, com um verdadeiro exército de aficionados. Coisa de mais de 22 mil admiradores, no mínimo.

Pena que, cá entre nós, a maior parte seja apenas cartorial. Se fizessem mesmo campanha, os partidos seriam muito mais fortes. Ou não?


Luneta

Não faltam descontentamentos de vereadores com seus partidos. Tony Oliveira (Podemos) e Tubias Calil (MDB) estão entre os exemplos mais evidentes e visíveis. O segundo garantiu com veemência não ter intenção de se mandar do emedebismo. Mas...

 
Já o primeiro várias vezes manifestou sua insatisfação. Ambos, porém, têm uma dificuldade: para que partido ir, se for o caso? Quais os destinos possíveis?

 

Para onde? (II)

A grande dificuldade dos descontentes é que as opções ideológicas compatíveis a rigor não existem e/ou colidem com a busca de um novo mandato. Exemplo de Tony Oliveira é eloquente. A menos que confirme sua candidatura a prefeito, se sair do Podemos, não teria espaço em partido de oposição de Direita, todos já com gente “na janela”. E como para a situação ele não vai, o caminho se estreita. Ou não?


Governo

Atuação do líder do governo na Câmara, o vereador Alexandre Pinzon Vargas tem sido alvo de elogios da base e dos próprios gabinetes graúdos do Executivo da comuna. Tudo por conta da defesa que o edil tem feito da administração municipal no plenário. Além do mais, Vargas é o presidente municipal do Republicanos, hoje aliado da prefeitura e que pode ser, também, parceiro eleitoral no próximo ano.

 

Respostas

A base do governo tem estado mais atenta às críticas de Tony Oliveira, que, aliás, ampliou o leque de atuação nas habituais cobranças, indo além das feitas à condução da saúde pública municipal. Exemplo de resposta rápida foi dado há 10 dias, quando o edil do Podemos se referiu a gastos feitos com eventos (Calourada, por exemplo) e recebeu pronta resposta de, entre outros, o tucano Juliano Soares.


Para fechar!

Daqui exatamente um ano estará acabando o prazo de desincompatibilização de servidores públicos (dois meses antes já terá ocorrido a saída de secretários, por exemplo). O que isso significa? Que, a partir de agora, além do assédio a potenciais candidatos a vereador, os interessados detentores de cargos começam a pensar ativamente se vale a pena ou não sair do lugar para uma tentativa incerta.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

POR

Claudemir Pereira

Quem pode, ou não, usar o “mês da traição” para trocar de partido Anterior

Quem pode, ou não, usar o “mês da traição” para trocar de partido

PP, com uma nova liderança, em busca da união da direita Próximo

PP, com uma nova liderança, em busca da união da direita

Claudemir Pereira