“Se eu quisesse dar uma surra nele, eu ia dar, não ia pagar ninguém para fazer isso”, afirma Silvio Weber, sobre roubo à casa do ex-presidente da Câmara e que pesou na sua cassação

Na madrugada desta sexta-feira, a Câmara de Vereadores de Itaara cassou o mandato do prefeito Silvio Weber, em sessão de julgamento que começou na noite de quinta-feira (14).

Antes do início da sessão, Weber conversou com a reportagem do Diário e falou sobre as trocas de mensagens que constam na denúncia feita pelo Ministério Público estadual na denúncia contra o prefeito. Confira abaixo os trechos da entrevistas:

+ Receba as principais notícias de Santa Maria e região no seu WhatsApp

Propinas

“Eu tinha interesse em comprar uma casa, fiz um consignado do meu salário para fazer uma entrada e estava já aprovado um financiamento pelo Banrisul. Eu também estava vendo com outro banco, um parcelamento maior com parcelas menores. Eu não comprei casa, perdi dinheiro, e não tem nada de dinheiro de outros. O que teve foi meu, do meu consignado que eu fiz."

“O Ministério Público botou lá, que eu acho que foi um erro deles, que entrou R$1 milhão na minha conta. Quando o advogado me ligou apavorado e preocupado, achando que era verdade, eu dei risada, ‘isso é piada, né?’ Já tiramos os extratos, já mostramos e tudo isso vai ser provado no processo. Então, tem uma narrativa, tem um mundo de coisas e de fatos que não tem pé nem cabeça. No processo, a gente vai provar que não existe.”

Processo de cassação

“Aqui é uma questão política e, lamentavelmente, o que está em jogo aqui não é se eu tenho alguma coisa errada ou não, o que está em jogo é a eleição do próximo ano. Eu lamento muito por isso, porque quem perde é a população. Sai prefeito e volta prefeito, quem perde é a população. Eu tenho a consciência muito tranquila que aqui em Itaara, se eu comprar uma bicicleta, o pessoal fica sabendo. Eu não peguei R$ 1 milhão de propina, de nada. Se algum secretário pegou, não sou sabedor.”

Roubo à casa de Robertson Tatsch (PSB), conhecido como Mano Zimmermann

“Eu lamento profundamente que ele (Mano Zimmermann) criou isso, porque eu não teria motivo nenhum para mandar alguém na casa dele. Se eu quisesse dar uma surra nele, eu ia dar, não ia pagar ninguém para fazer isso, mas eu não tinha motivo nenhum. Ele criou isso para criar uma situação para colocar a população contra mim. Pelo o que eu fiquei sabendo depois, parece que os caras foram lá às quatro e meia da tarde. Ele estava em Porto Alegre. Os caras iriam lá matar ele sabendo que ele estava em Porto Alegre? Essa é a primeira versão que ele tentou passar na comunidade. Depois, ele criou a segunda versão, que seria para pegar pen drives e documentos da CPI. Toda CPI, qualquer cidadão tem acesso aos documentos, tem direito a pedir aqui, não teria motivo. Ele inventou a terceira versão, que eu seria o mentor intelectual. O Ministério Público tem o meu telefone grampeado há seis meses, e não tem uma palavra sobre isso. Inclusive, eu tô pedindo uma outra investigação policial sobre essa questão de roubo.”

“Até hoje, eu não sei, não tenho a mínima ideia de quem é, o nome, não sei quem é. Já ele (Mano Zimmermann) sabe os nomes de cada um, foi na casa deles depois do assalto, foi no lugar onde o outro trabalhava conversar com eles. Então, isso é muito estranho, eu até hoje não sei quem é, e ele sabe e tem contato com eles.”

Cassação

Com seis votos favoráveis e três abstenções, a Câmara de Vereadores de Itaara cassou o mandato do prefeito Silvio Weber em sessão de julgamento que começou na noite de quinta-feira (14) e se encerrou na madrugada desta sexta-feira (15), com duração de mais de sete horas. Com o resultado, o Legislativo emitiu decreto e Weber foi afastado imediatamente. Quem assume a prefeitura é a vice, Salete Desconzi, Tita Desconzi.

A sessão, que votou o pedido de cassação, iniciou às 20 horas de quinta-feira (14). Mais cedo, a comissão processante finalizou o relatório, já que o depoimento do chefe do Executivo ocorreu ainda no final da tarde.