De bibliotecas fechadas no campus a reunião com o governo federal: entenda como está greve dos servidores da UFSM, que completa um mês

Thais Immig

Fotos: Beto Albert (Diário)

Avisos de “greve por tempo indeterminado” e “recomposição salarial já” espalhados pelo campus da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) indicam que a greve dos técnicos-administrativos em educação ainda persiste. No dia 14 de abril, a mobilização completou um mês. Serviços essenciais, como o Hospital Universitário de Santa Maria (Husm) e o Restaurante Universitário (RU), estão funcionando com equipes e atendimentos reduzidos. Outros setores, como bibliotecas, estão fechados.

A principal reivindicação da categoria é o reajuste salarial para os próximos anos. A coordenadora geral da Associação dos Servidores da UFSM (Assufsm), Alessandra Alfaro Bastos, conta que, em sete anos sem reajuste, os salários estão defasados em 52%. A reestruturação da carreira também está em debate. Alessandra explica que entrar em greve é uma decisão da categoria, mas participar ativamente da mobilização é uma decisão individual:

- Cada servidor avalia o que está sendo debatido, quais são as pautas, e a partir disso decide se entra em greve ou não. Estamos construindo uma greve forte. Unidades como o Colégio Politécnico e o Centro de Educação têm mais de 70% dos servidores aderindo à greve.

Por lei, 30% dos serviços essenciais devem ser mantidos em períodos de paralisação. No caso do Hospital Universitário, esse percentual sobe para 70% em virtude do risco de vida. Outros setores da instituição funcionam com número de profissionais reduzidos ou estão fechados - como a Biblioteca Central e algumas bibliotecas setoriais da Universidade, que estão sem atendimento ao público.


No Husm, uma das salas cirúrgicas é fechada e há redução nos exames de endoscopia

O Hospital Universitário segue em funcionamento por ser um serviço essencial, mas sofre alguns impactos com a redução de servidores técnico-administrativos em atividade. Ao todo, são 800 servidores da UFSM no Husm, segundo a Assufsm. Atualmente, existe uma escala em que dez funcionários que aderiram à greve ficam paralisados ao dia. Por esse motivo, exames de endoscopia estão sendo oferecidos em apenas um turno. Ou seja, o hospital deixa de realizar cinco exames por dia.

Conforme a assessoria do Husm, das oitos salas do centro cirúrgico, uma delas está fechada. Além da falta de servidores, há profissionais em atestado médico, e a autoclave hospitalar (utilizada para a esterilização de utensílios) está em manutenção. As demais salas funcionam normalmente. A Assufsm ainda informou que houve uma redução das consultas ambulatoriais, mas a informação ainda não foi confirmada pelo Husm.

No Husm, uma das salas de bloco cirúrgico está fechada

90% dos servidores do Restaurante Universitário aderem a greve

Dos 23 servidores técnico-administrativos que trabalham no Restaurante Universitário, 21 deles aderiram à greve. Assim como o Husm, a paralisação está sendo feita por meio de escala. Atualmente, uma equipe terceirizada é responsável pelas refeições e os servidores monitoram a qualidade da comida e fazem a fiscalização. Assim, o Restaurante Universitário segue funcionando normalmente, com todas as refeições, conforme explica o Joeder Campos Soares, diretor do RU:

- A gente considera a alimentação algo essencial. E como o semestre está em andamento e as aulas continuam, o serviço está sendo oferecido sem alterações. A única mudança é que, no dia, contamos com 30% dos servidores.


Bibliotecas do campus seguem fechadas

Na porta das bibliotecas do campus, há avisos indicando que os espaços vão ficar sem atendimento ao público durante o período de paralisação dos técnico-administrativos em educação. Desde a manhã do dia 14 de março, unidades como a Biblioteca Central e a Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Sociais e Humanas (BSCCSH) estão fechadas.

Biblioteca Central segue fechada por tempo indeterminado.

Movimento tem reunião marcada com o governo federal no dia 19 de abril 

Em 33 dias de greve, completados nesta segunda-feira (15), um dos principais avanços foi uma reunião marcada para o dia 19 de abril, com o governo federal, para falar sobre orçamento. Conforme a coordenadora geral da Assufsm, Alessandra Alfaro Bastos, quatro delegados de Santa Maria vão estar em Brasília no Comando Nacional de Greve (CNG).

- Nós estávamos em negociação desde o ano passado, mas não tínhamos nenhuma perspectiva de orçamento. E a partir dessa reunião, acreditamos que virá alguma proposta de reestruturação de carreira - afirma Alessandra.


Entenda as pautas gerais da mobilização: 

  • Reposição salarial - Os salários dos servidores técnico-administrativos em educação estão congelados desde 2015
  • Reestruturação de carreira - O movimento alega que a categoria tem um dos menores salário entre os servidores federais
  • Realização de concursos públicos - Decretos extinguiram dezenas de cargos, o que prejudica a qualidade dos serviços prestados na universidade
  • Recomposição do orçamento da UFSM - Os cortes levaram à demissão de trabalhadores 
  • Mais verbas para assistência estudantil - Conforme a Assufsm, desde a adoção de cotas sociais, a UFSM vem recebendo mais estudantes em vulnerabilidade e, por isso, precisam cada vez mais de alimentação e moradia para concluírem seus cursos.


Professores da UFSM paralisam nesta terça e fazem balanço da greve nacional

Na terça-feira (16), os docentes da UFSM terão paralisação de um dia - eles aprovaram que, a cada semana, haverá parada das atividades por um dia. Cada professor terá a decisão de aderir ou não à paralisação. Nesta terça, eles vão participar de uma assembleia permanente para realizar um balanço da greve nacional e também definir os rumos do movimento na instituição. O encontro acontece a partir das 13h30min no Auditório Sérgio Pires, no Centro de Ciências Naturais e Exatas (CCNE). Nos demais campi da instituição, os docentes vão acompanhar a reunião por meio de videoconferência. No dia 8 de abril, a categoria docente na UFSM aprovou, por 85 votos contra 82, o “estado de greve”, ou seja, indica que a qualquer momento os professores poderão deflagrar greve.

A nível nacional, das 67 instituições ligadas ao Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-RN), 41 já estão mobilizadas de alguma forma para aderir à paralisação. Só nesta segunda-feira (15), 18 entraram em greve, cinco anunciaram indicativos de greve (com previsão de paralisação) e oito estão em estado de greve (alerta de que podem entrar em greve).

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